Home Destaque “Sou o candidato da academia”, afirma Asdrubal Falavigna, atual vice-reitor da UCS

“Sou o candidato da academia”, afirma Asdrubal Falavigna, atual vice-reitor da UCS

O neurocirurgião colocou seu nome à disposição para a eleição a reitor da Universidade de Caxias do Sul
(Foto: Carlos Raimundo Paviani)

O médico neurocirurgião, pesquisador e professor, Asdrubal Falavigna, 60 anos, irá concorrer à reitoria da Universidade de Caxias do Sul (UCS), onde atualmente é o vice-reitor. Nesta entrevista exclusiva ao jornal O Florense, o renomado morador de Flores da Cunha detalha sua decisão de concorrer.

O Florense: Quais os principais desafios para a UCS?

Asdrubal Falavigna: Hoje, de um modo geral, todas as universidades tradicionais foram impactadas com o surgimento de inúmeros cursos de Ensino a Distância (EaD). De um modo geral, há uma “disputa” no mercado por alunos, e essas ofertas de cursos EaD acabaram mudando essa configuração. Mas, há outras questões contemporâneas. Uma delas é a diminuição de natalidade, um desafio que vai chegar na universidade. Por outro lado, a gente vê que no Brasil apenas 18% dos jovens buscam um diploma ou um certificado universitário. Enquanto que na Rússia, nos Estados Unidos, cerca de 50% a 55% dos jovens chegam à Universidade. A nossa capacidade de chamar a atenção do jovem para uma carreira, para uma formação universitária, é muito baixa.

Por que menos jovens querem estudar?

O jovem hoje quer ganhar dinheiro através do mundo digital e, para isso, muitas vezes, não necessita diretamente de conhecimento básico. A gente vê muitos ganhando dinheiro pelo digital, mais por um conhecimento buscado por cada um do que realmente um conhecimento criado dentro da universidade. O desenvolvimento tecnológico veio realmente para mudar, para transformar. De tal modo que não estamos mais em tempo de mudança, nós estamos mudando o tempo. Antes, tínhamos competidores locais. Através do mundo digital, eles podem vir aqui na nossa região e matricular alunos que seriam da UCS através de EaDs.

E sobre a qualidade dos cursos EaD?

É necessário discutir o modelo EaD, pois, até um certo ponto, ele tem suas vantagens. Mas, temos certeza de que o presencial é o ideal. Ou até um modelo híbrido, bem dosado, bem equilibrado, entre EaD, síncrono e presencial, ele funcionaria bem. Quando a gente dá aula, não é simplesmente transmitir conhecimento. Gostamos de modificar comportamentos e trabalhar a personalidade. É uma modificação de estilo de vida, de hábito e de correção de comportamentos. A gente não forma só pessoas de conhecimento, mas as pessoas têm muito maior aplicabilidade do conhecimento. Sabemos que normalmente as firmas contratam as pessoas de maior conhecimento e depois elas demitem por mau comportamento. Temos que colocar nossa atenção nos cursos presenciais ou semipresenciais, que têm uma carga horária de presencialidade alta.

O que marcou a gestão de Gelson Rech, atual Reitor, que teve Asdrubal Falavigna como vice?

Iremos lançar um documento com vários momentos da nossa gestão, tanto na área de pesquisa, ensino, inovação, extensão e as inúmeras atividades na comunidade. De forma sintética, o que se pode dizer é que a UCS é a universidade com o maior número de patentes de inovação no Brasil. Estamos como a sexta em pesquisa no Brasil. Todos os nossos cursos de graduação avaliados pelo MEC estão com nota 5, que é a nota máxima. Há duas semanas, a UCS foi eleita em São Paulo, num ranking do jornal Estadão, como a melhor universidade entre as comunitárias e particulares da Região Sul. Eles avaliaram vários indicadores, chamaram as universidades e ficamos com a primeira colocação, à frente da PUC do Paraná e da PUC do Rio Grande do Sul. Temos que nos orgulhar desta conquista. Quem andar no Campus, vai ver que tem várias melhorias. Está muito mais bonito, as salas de aula com ar-condicionado. Em várias dimensões conseguimos observar essa melhora.

E a candidatura à Reitoria?

Me coloquei como candidato a reitor para os próximos quatro anos. A eleição se dá em fevereiro. Quem elege o reitor é o Conselho Diretor, composto por sete membros: dois representantes da CIC de Caxias do Sul, um do município de Caxias, um do Governo do RS, um da Mitra Diocesana, um da Associação Cultural e Científica Virvi Ramos e o atual reitor da UCS. Estas sete entidades indicam o próximo reitor. O professor Gelson já comunicou que não concorrerá, por isso me apresento como candidato da Academia.

Como é sua vida acadêmica na UCS?

Sou professor da UCS há 28 anos. Fiquei oito anos como coordenador do curso de Medicina, quatro anos como coordenador da pós-graduação em Ciências da Saúde, onde eu mesmo inscrevi o mestrado e o doutorado e os dois foram aprovados pela CAPES. Fiquei quatro anos como diretor da área de Ciências da Vida. E, agora, mais quatro anos como vice-reitor. Posso dizer que conheço o “chão da fábrica”, que tenho um entendimento holístico da instituição. Não só da gestão, mas da funcionalidade, da pesquisa, da inovação. Considero isso muito importante.

E a Medicina, se eleito reitor, irá manter a atividade de médico cirurgião?

Sim, em alguns horários específicos. Eu já opero no final de semana e à noite. Faço por prazer. Examinar um paciente, fazer cirurgia, para mim é um prazer. E estar aqui na universidade, dando aula. Gosto disso e vou ter que saber dosar esse tempo.

Como está a receptividade à sua candidatura?

Eu tenho falado para a comunidade que eu sou o candidato da academia. Aos professores, alunos e funcionários, em várias falas que eu fiz, fui muito bem recebido, fui ovacionado, recebi apoio, e alguns professores de diversas áreas firmaram apoio por escrito. Estou muito tranquilo, porque a minha candidatura é um chamado à união, é um chamado para a gente trabalhar juntos, para a gente se unir. A coletividade é importante nesse momento. Somos hoje quase 900 professores, 1.120 funcionários e tem que estar todo mundo comprometido com o resultado.

A formação de professores, é um desafio?

Estamos tendo bastante incentivo de políticas públicas nos cursos de formação de professores. O que precisa fazer é motivar para ter uma educação continuada. Uma das grandes reclamações dos professores das escolas fundamentais é a continuidade do aprendizado deles. Há cada vez mais alunos com novas necessidades, como o autismo e outras diversidades. E os professores muitas vezes não se sentem aptos a conciliar na sua turma esses alunos também. A gente procura incluir nos cursos de formação de professores tópicos que orientem, mas não tem como esgotar o conteúdo. Por isso é importante a continuidade desse processo nas escolas. O Brasil está necessitando de bons professores, não só de mais professores. Porque eles são o exemplo para os nossos filhos, netos, bisnetos. Todos nós, quando a gente olha para trás, a gente se lembra dos nossos professores bons. A gente se lembra também dos ruins, mas os bons ficam marcados positivamente.

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