Um meio de transporte individual econômico que facilita os deslocamentos no já conturbado trânsito brasileiro está se transformando no vilão dos acidentes automobilísticos. Todos os dias, 115 pessoas morrem nas ruas e estradas do Brasil e, destas, 28 são motociclistas. Segundo dados da seguradora que administra o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos de Via Terrestre (DPVAT), na maioria dos casos, as vítimas são os próprios condutores, que têm entre 21 e 30 anos de idade. Do total de indenizações pagas em 2010, 61% eram para motociclistas.
O número de motos rodando nas cidades brasileiras vem aumentado consideravelmente. Desde quando as estatísticas da frota começaram a ser feitas (2000), o crescimento chega a 325%. Apenas entre 2009 e 2010 o número aumentou 12%, chegando a 10,6 milhões de motos no país. A projeção é de que até 2015 o contingente seja de 15,5 milhões, com crescimento anual estimado em 10%. Conforme estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), nos últimos sete anos o número de motocicletas em circulação no Estado cresceu 98%, saltando de 498,6 mil veículos em 2004 para 995,5 mil no ano passado. O índice de crescimento é mais do que o dobro da frota de automóveis, que aumentou 47% no mesmo período. Consequentemente, os motociclistas se tornaram as principais vítimas no trânsito brasileiro.
Em Flores da Cunha, a frota de veículos sobre duas rodas representa cerca de 10% dos que estão em circulação, com 1.780 unidades em um total de 17.914 veículos emplacados até fevereiro deste ano. Em Nova Pádua o índice é de 12% do total, que é de 1.473 veículos. Outros dois municípios da região, São Marcos e Caxias do Sul, por exemplo, acompanham o percentual do município paduense.
Segundo o tenente da Brigada Militar (BM) de Flores da Cunha, Vilmar de Oliveira, das ocorrências de trânsito atendidas pela corporação no município, mais de 60% envolvem motociclistas. No ano passado, três pessoas perderam a vida em consequência de acidentes com motos. Neste ano, dos três acidentes com vítimas fatais atendidos pela BM local, duas mortes foram com ocupantes de moto. A má condução do veículo é um dos principais fatores desta estatística, de acordo com o oficial. Segundo ele, a facilidade em adquirir o veículo e o alto preço para obter a CNH faz com que muitos utilizem as motos sem estar habilitado, o que aumenta o risco de acidentes.
Estatísticas
O aumento do número de motocicletas trouxe também impactos negativos, como a maior incidência de acidentes e vítimas, num ritmo até maior do que a ampliação da frota. De acordo com o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, o número de vítimas fatais por acidentes com motocicletas no país praticamente triplicou em nove anos, passando de 3.744 em 2002 para 10.143 em 2010. Conforme o levantamento, somente em 2010, mais de 40 mil brasileiros morreram em acidentes nas ruas e estradas do país. As ocorrências com motos responderam por 25% das mortes. Um dos motivos para essa crescente mortandade é o aumento da frota deste tipo de meio de transporte. O veículo, além de ser muito mais em conta que um automóvel, tem consumo baixo de combustível e é ágil no trânsito.
Flores está entre as 10 cidades gaúchas com grande percentual
Com uma população de 27.126 habitantes, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Flores da Cunha figura entre os 10 municípios do Estado com maior frota de veículos por habitante. A cidade ocupa a sexta posição, entre os 496 municípios do Estado. Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), Flores tem 66 veículos para cada 100 habitantes. Na primeira posição aparece a cidade de Pareci Novo, com 74,1.
O município com menor número de veículos é Maçambara, com 14,6 veículos para cada 100 moradores. O município situado na fronteira Oeste do Estado tem uma população de 4.742 habitantes, e possuiu apenas 691 veículos circulando na cidade. As informações do Detran-RS mostram ainda que nos últimos sete anos o número de veículos em circulação cresceu 37% em território florense, passando de 11.631 em 2004 e fechando 2011 com 17.752. A frota inclui motocicletas, caminhonetes, caminhões e ônibus, entre outros.


