Um laboratório de ideias. Assim pode ser descrito o InTec – Núcleo de Extensão Educacional, no último sábado (29), quando os projetos desenvolvidos pelos alunos neste semestre saíram do papel e ganharam forma diante de professores, familiares e da comunidade. A Mostra de Trabalhos destacou como talento, criatividade e tecnologia se encontram em um mesmo espaço, revelando soluções concretas para problemas reais do dia a dia.
Na sala onde os projetos de tecnologia foram apresentados, Flávio Moreno Fagundes, 15 anos, mostrou o aplicativo StockMaster com a naturalidade de quem conhece bem esse universo. A proposta surgiu da observação do dia a dia da mãe de Flávio, que trabalha em uma fábrica de móveis, e as dificuldades que ela e os colegas enfrentam no controle de materiais.
— O meu projeto é um aplicativo gestor de estoque inteligente. De vez em quando alguns funcionários têm dificuldade com o controle de produtos no trabalho da minha mãe. O objetivo é minimizar perdas e ajudar quem trabalha nos setores de almoxarifado, expedição e controle de estoque a errar menos — conta.
O aplicativo levou um mês para ser desenvolvido, desde as primeiras ideias até a apresentação final. Flávio dedicou cinco aulas a este projeto, trabalhando passo a passo para transformar a teoria em um aplicativo funcional.
Como acontece com boas ideias que parecem simples quando prontas, a parte mais trabalhosa foi o processo de desenvolvimento do aplicativo.
— A parte mais difícil foi escrever toda a teoria para montar o aplicativo. Inicialmente nós tínhamos outro aplicativo que precisávamos colocar as informações nele. A parte mais difícil foi a teoria de ter que escrever todo o trabalho, como ele funcionaria, quais as principais funções, para só depois de fato criar o app — relata o aluno que participa das oficinas de manufatura 3D, esportes e informática para negócios no InTec.
Inovação e sustentabilidade
Matias Chilanti Perboni, 15 anos, apresentou o Reuse+, sua startup de impacto ambiental. No contraturno, ele passa por oficinas de expressões artísticas, esportes e startups, uma combinação que parece ter dado a ele sensibilidade para identificar e resolver problemas coletivos.
— O nome da minha startup se chama Reuse+. O objetivo é ajudar as pessoas a doar, vender ou trocar objetos de forma fácil e rápida — apresenta Matias.
A motivação para o Reuse+ nasceu de paixões antigas.
— Sempre fui muito ligado ao meio ambiente e à causa animal. Eu adoro animais! Eu adoro plantas e árvores. Há algum tempo eu estava assistindo a um documentário e isso de alguma forma me tocou a fazer alguma coisa. Foi quando pensei: vou criar uma startup sobre meio ambiente — conta.
Os desafios não estavam apenas na criação, mas também em como colocá-la em prática.
— A mais difícil de todas as etapas foi decidir como o aplicativo iria funcionar em cada detalhe. Mas, ao mesmo tempo, foi muito interessante perceber todos os problemas que o aplicativo poderia resolver e como poderia fazer a diferença — explica Matias.
Segurança no bolso
Aos 12 anos, a estudante Rafaeli Bolzzoni Dias também já pode dizer que desenvolveu seu próprio aplicativo. Na Mostra, ela apresentou o AlertNow, ideia que nasceu de uma preocupação crescente que afeta cada vez mais pessoas, na visão da jovem.
— O meu projeto é o AlertNow, um aplicativo de segurança. Ele foi criado pensando em pessoas que andam em lugares públicos e se sentem inseguras ou com algum pressentimento ruim. O objetivo ao desenvolver o aplicativo foi justamente ajudar essas pessoas, oferecendo uma forma de lidar com situações de risco e o sentimento de solidão, especialmente à noite ou em emergências — detalha a aluna, que também participa de esportes, oficinas de expressões artísticas, manufatura e curso de startup no InTec.
Ao todo, Rafaeli dedicou um mês de aulas para o desenvolvimento do projeto. Assim como os colegas, ela encontrou na etapa de transformar a ideia em estrutura o maior desafio do projeto.
— A parte mais difícil, na minha opinião, foi mesmo a parte escrita para desenvolver o aplicativo e mostrar como ele seria colocado em prática — comenta a aluna.
O projeto permitiu que ela pensasse em soluções para problemas reais da comunidade, mostrando que, mesmo tão jovem, é capaz de criar ferramentas úteis que incentivam a segurança e o cuidado com o próximo.
“Ideias que ganham vida”
Para a diretora Luane Caroline Kist, a Mostra InTec não é apenas uma vitrine de ideias, mas também uma oportunidade de perceber o potencial de jovens que aprendem a transformar criatividade em soluções concretas.
— Antes de ser diretora, eu fui profe de Startup, então este é um projeto que nos orgulha muito quando sai do papel. Ver essas sementes que foram plantadas saindo do papel é grandioso — conta.
Cada startup apresentada reflete uma atenção às necessidades diferentes, mostrando como os alunos já começam a pensar de forma ampla sobre o mundo ao redor.
— É importante a gente notar que cada uma das startups atende a uma necessidade diferente. O trabalho da Rafaeli, por exemplo, pensa muito sobre o cuidado com a mulher. Daqui a pouco, uma criança precisa retornar para casa e tem alguma insegurança; através do app, ela pode acionar um mecanismo para que isso seja sanado — contextualiza.
— Já o trabalho do Matias fala sobre o meio ambiente, algo tão discutido nos tempos atuais. O do Flávio é um gestor de estoques, algo extremamente valorizado hoje dentro das indústrias. É importante que, desde pequeno, eles tenham um olhar tão amplo para as necessidades do mercado — explica a diretora.
Para Luane, o que mais impressiona é a evolução dos alunos ao longo do projeto e como eles começam a pensar além da própria idade.
— Todos eles chegaram bem “crus” e hoje estão pensando fora da caixa. Se hoje, com a idade que eles têm, já pensam tão grande, imagina esse desenvolvimento ao longo dos anos. Muitas startups já podem sair da ideia da validação e fazer a diferença no mercado. É de brilhar os olhos ver esses projetos saindo do papel. A nossa missão grandiosa é proporcionar o contraturno escolar voltado à inovação e tecnologia e projetos como esse encaminham os nossos jovens para o futuro no mercado de trabalho — acrescenta.
A diretora reforça a importância de apresentar os trabalhos à comunidade, mostrando talentos que muitas vezes só seriam percebidos dentro da sala de aula.
— Quando nós realizamos mostras dos trabalhos, queremos que a comunidade veja os talentos que descobrimos aqui dentro do InTec. A ideia é prestigiar o que foi construído ao longo de todo o semestre — conclui.

