Chegar em casa cansado depois de um dia quente de trabalho e tomar um banho para descansar e preparar algo para comer ou limpar a casa. Estes hábitos tão simples, que fazem parte da rotina diária, estão se tornando um grande problema para os moradores de algumas regiões de Flores da Cunha. Há duas semanas os residentes no bairro São José convivem diariamente com a falta de água. A Corsan/Aegea admite uma “instabilidade” no abastecimento e atua para encontrar vazamentos ocultos. Cinco caminhões-pipa foram mobilizados para abastecer o reservatório do São José (leia nota na íntegra ao final desta matéria)
Entre os indignados com mais um longo período de falta de água está o especialista em projetos especiais Éder Zeique, 47 anos. O morador revela que a água tem retornado apenas às 23h ou até mesmo depois da meia-noite.
– Estamos vivendo, neste momento, por abastecimento da caixa por caminhões-pipa. Neste final de semana já fomos informados que o abastecimento permanecerá sendo feito pelos caminhões. Ainda passamos pela falta de água – lamenta Zeique, acrescentando que neste sábado (20), os moradores foram abastecidos pelo caminhão pipa, pois ainda não se tinha perspectiva de retorno do funcionamento do bombeamento do sistema.
O especialista explica que o problema impacta muito mais do que a rotina dos moradores, passa pelas empresas, comércios e salões de beleza; estabelecimentos que precisam de água para poder exercer suas atividades. Em meio a uma festa o próprio salão da comunidade ficou sem água e os moradores tiveram que “puxar mangueiras” de casas vizinhas.
– Estamos abrindo protocolos diariamente, e nada está sendo feito para prevenir a falta de água. Já sabemos das desculpas da Corsan, que os canos têm mais de 25 anos, que a RGE falha com o abastecimento de energia para as casas de bombas, que tem muito vazamento oculto. O problema é que nada está sendo feito, nenhuma troca desses canos de mais de 25 anos. Quando tem problemas, a Corsan só arruma aquele pedaço de cano furado, porque não abre a rua toda e já troca todo o cano? – desabafa Zeique.
Dificuldades para se comunicar
Éder Zeique conta que a comunidade do São José está em contato direto com funcionários da Corsan, mas que muitas vezes eles não respondem e o sistema de aplicativo não funciona direito.
– Sempre que vimos um problema de vazamento, a gente avisa o funcionário e a Corsan. Como o (vazamento) desta manhã (sábado, 20) na caixa localizada na rua que vai para Nova Roma, abaixo da escola 1º de Maio. Porém, às vezes, o retorno não vem logo, como já ocorreu em outras situações – detalha Zeique, que contabiliza mais de 20 protocolos registrados junto à Corsan do dia 9 de dezembro para cá.
Na sexta-feira (19), os moradores receberam a cópia de um ofício em que a Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento do Rio Grande do Sul (Agesan) cobrando explicações da Corsan/Aegea. Este documento foi compartilhado pela vereadora Silvana De Carli (PP), após ações da Prefeitura e da Câmara de Vereadores que aumentam a pressão sobre a concessionária.
Os pedidos por respostas e soluções são uma constante desde a audiência pública com a Corsan em março. Em abril, a ouvidoria itinerante da Agesan esteve na Terra do Galo para ouvir a comunidade e abrir processos administrativos em situações de desacordo com a Corsan. As ações municipais, contudo, não surtem efeitos para os moradores, que mostram descrença diante dos problemas recorrentes de falta de água. No entendimento de Zeique, já passou da hora de ter uma ação mais enérgica contra a concessionária.
– Este ofício só aconteceu agora devido a nossa insistência perante ao poder público. E por que isso não aconteceu antes? Já lá no momento em que houve aquela a audiência pública na Câmara, em março, onde a população pôde externar seus problemas. Esse comunicado e pedido pela Prefeitura a Agesan deveria já ter acontecido antes… passamos o ano de 2025 com recorrentes problemas de falta de água e infraestrutura! — desabafa Zeique.
Orientações da Prefeitura
A Prefeitura de Flores da Cunha reforça a importância de que os moradores registrem oficialmente, por meio de protocolo, os casos de falta de água no município. O processo é a forma correta e necessária para que as reclamações sejam formalizadas e possibilitem a cobrança de medidas e melhorias junto à Corsan/Aegea.
Cada protocolo aberto contribui para mapear os locais afetados, a frequência dos problemas e a extensão das ocorrências. Para registrar a falta de água, os clientes devem utilizar os canais oficiais de relacionamento da Corsan:
- Aplicativo Corsan
- Site da Agência Virtual
- WhatsApp: (51) 99704-6644
- Ligação gratuita: 0800 646 6444
O que diz a Corsan
Procurada pela reportagem a Corsan afirmou que o abastecimento da cidade seria normalizado neste sábado (20), com o auxílio de caminhões pipa e que as equipes seguirão atuando na pesquisa dos vazamentos ocultos.
“Nesta semana, equipes da Corsan detectaram instabilidade no sistema de abastecimento de água do bairro São José, em Flores da Cunha. Desde então, técnicos da Companhia atuam na pesquisa de vazamentos ocultos, aqueles que não afloram para o solo, para identificar o que pode estar ocasionando a oscilação no fornecimento de água para a localidade. Além disso, foram realizadas manutenções pontuais nos sistemas de bombeamento e testes nos poços tubulares profundos, que também deixaram o sistema instável. Para auxiliar na distribuição de água, cinco caminhões pipa estão mobilizados e abastecendo o reservatório denominado Zona Alta, que atende os bairros São José e Colina das Flores.
Além destas ações, a Corsan fará, até o final deste ano, as interligações de dois poços tubulares profundos. Juntos, totalizam 35 mil litros de água por hora a mais na rede de distribuição e irão qualificar o abastecimento para o município.”

