Home Destaque “A informação salva vidas”, lembra Coletivo Quitérias aos vereadores que mudaram projeto de divulgação do Disque 180

“A informação salva vidas”, lembra Coletivo Quitérias aos vereadores que mudaram projeto de divulgação do Disque 180

Grupo divulgou carta aberta após votação que alterou proposta que obrigaria o comércio a divulgar cartazes de combate a violência contra mulher
(Foto: Bruna Marini/Câmara de Vereadores, Arquivo)

O Coletivo Quitérias divulgou uma carta aberta criticando a descaracterização do Projeto de Lei que obrigaria a divulgação do Disque 180 no comércio de Flores da Cunha. O grupo de mulheres considera que a retirada da obrigatoriedade, aprovada pela maioria dos vereadores na última segunda-feira ( 15), “esvazia sua eficácia”.

— À Câmara, deixamos um apelo: que a proteção da vida das mulheres esteja acima de interesses políticos, disputas internas ou cálculos de conveniência. A violência não espera. E nós também não — apela o Coletivo Quitérias no documento, que foi divulgado em redes sociais e será enviado à Câmara de Vereadores.

Criado a partir de iniciativas independentes em 2023, o Coletivo Quitérias se formalizou em maio deste ano, com diretoria e estrutura organizacional definidos, para atuar na promoção da igualdade de gênero e no combate às desigualdades sociais e raciais. O grupo considera que o Projeto de Lei original que obrigava a divulgação do Disque 180 no comércio um avanço importante no combate a violência.

— Seguia o caminho adotado em várias cidades brasileiras: criar um ambiente onde mulheres possam lembrar, de forma simples e acessível, que existe uma rede de apoio, um canal de denúncia e um serviço nacional preparado para orientar, acolher e encaminhar situações de violência — destaca o texto.

Por fim, o grupo de mulheres convida os estabelecimentos a “se somarem voluntariamente a esse movimento a adotarem a sinalização do Disque 180, mesmo sem a obrigatoriedade legal”, pois este é um gesto que salva.

Debate dividiu a Câmara

O Projeto de Lei Complementar 09/2025, da vereadora suplente Jaqueline Zanella (Republicanos), previa a obrigação dos estabelecimentos comerciais divulgarem o Disque Denúncia de Violência Contra a Mulher, o Disque 180. Contudo, o vereador Deivid Schenato (PP) protocolou a Emenda Substitutiva 01/2025, para alterar o texto e prever esta divulgação “de forma facultativa”.

A emenda foi para votação na última segunda-feira (15) e dividiu a Câmara de Vereadores. Foram quatro votos a favor e quatro contrários, restando a presidente Silvana De Carli (PP) dar o voto de minerva e definir a aprovação do novo texto.

Como votou cada vereador:

Foram a favor da Emenda Substitutiva e a retirada da obrigatoridade prevista no Projeto de Lei as bancadas do PP e PL:

  • Vereador Deivid Schenato (PP)
  • Vereador Diego Tonet (PP)
  • Vereador Marcelo Golin (PL)
  • Vereador Oscar Francescatto (PL)
  • Vereadora Silvana De Carli (PP)

Foram contrários a Emenda Substitutiva, os parlamentares do Republicanos e MDB:

  • Vereador Luizzão (Republicanos)
  • Vereador Valdecir Paulus (MDB)
  • Vereador Ademir Barp (MDB)
  • Vereador Claudimir Kremer Alemão (MDB)

Confira a carta na íntegra:

CARTA ABERTA DO COLETIVO QUITÉRIAS À COMUNIDADE DE FLORES DA CUNHA

O Brasil atravessa um momento crítico de violência contra mulheres. Todos os dias somos dilaceradas por relatos de agressões, ameaças, feminicídios e silenciamentos que ocorrem dentro de casas, nos espaços públicos e nos ambientes de trabalho. Em Flores da Cunha isso também é realidade, ainda que tantas mulheres sofram em silêncio e longe das estatísticas. A informação salva vidas, e quando o poder público tem a chance de facilitar esse acesso, não é um detalhe burocrático. É responsabilidade.

Por isso, recebemos com profunda preocupação a decisão da Câmara de Vereadores de retirar a obrigatoriedade da divulgação do Disque 180 em estabelecimentos de grande circulação. A proposta original, apresentada pela vereadora suplente Jaqueline Zanella, seguia o caminho adotado em várias cidades brasileiras: criar um ambiente onde mulheres possam lembrar, de forma simples e acessível, que existe uma rede de apoio, um canal de denúncia e um serviço nacional preparado para orientar, acolher e encaminhar situações de violência.

Transformar essa iniciativa em algo facultativo é esvaziar sua eficácia. É fechar os olhos para a realidade de que muitas mulheres não sabem a quem recorrer, não reconhecem que estão em situação de violência ou não têm segurança para pedir ajuda. Para essas mulheres, uma placa visível pode ser o primeiro passo para romper o ciclo.

O Coletivo Quitérias, movimento de mulheres engajadas em sensibilizar a sociedade para desigualdades de gênero, raça e condição social — reafirma: juntas somos multidão, e multidão não se cala.

Não se trata de punir o comércio local. Ao contrário: trata-se de construir, em parceria com a comunidade, uma cultura de proteção, solidariedade e responsabilidade coletiva. Uma cidade que valoriza suas mulheres fortalece sua economia, sua imagem e sua capacidade de se desenvolver.

Seguiremos mobilizadas para que a pauta da proteção às mulheres não retroceda e para que políticas públicas de prevenção, simples, baratas e efetivas como esta, sejam tratadas com a urgência que merecem. Também convidamos os estabelecimentos que desejarem se somar voluntariamente a esse movimento a adotarem a sinalização do Disque 180, mesmo sem a obrigatoriedade legal. Esse gesto importa. Esse gesto salva.

À Câmara, deixamos um apelo: que a proteção da vida das mulheres esteja acima de interesses políticos, disputas internas ou cálculos de conveniência. A violência não espera. E nós também não.

Coletivo Quitérias — Juntas somos multidão.

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