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Flores da Cunha registra 67 mortes violentas em 20 anos

Última vez que Flores da Cunha terminou o ano sem registrar nenhum crime violento foi em 2005
(Foto: Polícia Civil, divulgação)

Com o feminicídio de Alanys da Silva Kening, de 17 anos, Flores da Cunha chegou a quatro assassinatos em 2025. O número já supera a média dos últimos 20 anos, de 3,35 crimes letais por ano. Desde 2005, 67 pessoas foram mortas no município.

Curiosamente, 2005 também foi o último ano em que a Terra do Galo encerrou o calendário sem registrar assassinatos. Desde então, ao menos um crime violento ocorre anualmente, segundo dados públicos da Secretaria Estadual de Segurança Pública.

A violência é maior desde 2018: foram 35 crimes letais nos últimos oito anos, o que representa uma média anual de 4,3 mortes. Esta análise dos números mostra que 2024, que teve o registro de apenas um homicídio, foi um ponto fora da curva, e não uma tendência de melhoria.

O assassinato de Alanys chama atenção também pelo retorno do uso de arma de fogo. Os três homicídios anteriores deste ano, assim como o único registrado em 2024, não envolveram tiros: três vítimas foram esfaqueadas e a quarta foi morta por asfixia.

O último caso de homicídio com arma de fogo ocorreu em 11 de fevereiro de 2023, no bairro União, quando Elias Júnior dos Santos Conceição, de 31 anos, e Cleiton Faria, de 24, foram mortos a tiros por ocupantes de um carro branco. Até o momento, este caso não teve divulgação pública de suspeitos presos ou acusados na Justiça.

Os investimentos recentes em segurança pública, com a instalação da Central de Videomonitoramento, com 100 câmeras espalhadas pela cidade, e a criação da Guarda Municipal, ampliaram a sensação de segurança da comunidade. Infelizmente, não foram suficientes para conter o número de homicídios.

A explicação, conforme o comandante do 36º Batalhão de Polícia Militar (36º BPM), tenente-coronel Giovani Gomes, está na própria natureza dinâmica do crime de homicídio:

— As ações de indivíduos decididos a cometer um crime em um momento de explosão emocional ou desavença pontual não são eventos monitoráveis até que se concretizem. Nossa atuação, portanto, inicia-se no exato momento em que a ocorrência nos é comunicada, mobilizando todo o protocolo operacional para uma resposta imediata e eficaz — aponta.

Resposta policial

Neste ponto, o tenente-coronel Giovani destaca a eficiência da resposta policial: todos os autores dos últimos cinco assassinatos foram identificados, e apenas um não está recolhido no sistema prisional.

— Em todos os episódios, a resposta institucional foi ágil, técnica e dentro dos mais rigorosos protocolos. Em três dos quatro casos, os autores foram identificados e presos, demonstrando a efetividade do trabalho policial — destaca o comandante do 36º BPM.

O caso que segue em aberto é o de 26 de outubro, quando Mauro Rodrigues Fernandes, de 36 anos, foi estrangulado na Rua dos Ciprestes, no bairro São Pedro. Na ocasião, a Brigada Militar foi acionada por uma denúncia digital via WhatsApp e se deslocou até a residência, onde a vítima foi encontrada.

O principal suspeito é o morador da residência. Dias após o crime, ele prestou depoimento à Polícia Civil, onde afirmou que era amigo da vítima e alegou ter agido em legítima defesa. O caso segue em investigação.

BM não vê atuação de facções

Sobre a análise do volume de homicídios, o comandante do 36º BPM faz uma ressalva importante que ajuda a explicar a maior sensação de segurança em Flores da Cunha e o baixo uso de armas de fogo nos crimes: a ausência de atuação de grupos criminosos organizados e de disputas pelo domínio do tráfico, como ocorre em outros municípios.

— Reforçamos que, conforme apurado, nenhum dos casos teve a participação ou envolvimento de grupos criminosos organizados. Tratam-se de incidentes isolados, com motivações específicas e de natureza passional ou circunstancial, o que, embora não diminua a gravidade dos fatos, afasta um cenário de descontrole ou ameaça generalizada à segurança pública — aponta o tenente-coronel Giovani.

Para esse controle, o comandante do 36º BPM destaca o trabalho conjunto das forças de segurança:

— Os resultados positivos são fruto da integração entre Brigada Militar, Guarda Civil Municipal e Polícia Civil, um modelo de segurança pública que funciona de forma coordenada em benefício da sociedade — conclui.

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