Uma vida dedicada ao belo
Professor, pintor e artesão, Geraldo Casagrande transforma tudo em arte, inspirado pelo amor à França
Natural de Caxias do Sul, o artista Geraldo Casagrande é um cidadão do mundo. Morou em países como Portugal, Alemanha e Itália. Mas é pela França que seu coração bate mais forte. Tanto que, mesmo fincando raízes em Flores da Cunha há mais de 20 anos, continua dando aulas de francês, enquanto colore a paisagem com sua arte.
Em seu atelier, localizado na comunidade de São Gotardo, onde mora, são cerca de 120 produções artísticas, entre telas e brasões. Geraldo produz pinturas a óleo, em madeira, além de trabalhar com pirógrafos e formões. Parte da obra do artista esteve exposta no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi nas últimas semanas, a terceira de suas exposições.
A inspiração é a pintura clássica, sobretudo impressionista. Os temas variam bastante, sempre realistas e com o desejo de impactar. Uma de suas grandes influências foi o evangelizador Hermelino Busarello, que lhe se ensinou diversas técnicas artísticas.
Falecido neste ano, Busarello era integrante dos Arautos do Evangelho, um grupo de missionários brasileiros que constrói basílicas e vive em palácios que lembram castelos europeus – de um dos quais foi o grande responsável pela decoração.
Não à toa, uma das obras de Geraldo que mais salta aos olhos é sua própria casa, no estilo francês, em grande parte construída com as próprias mãos. Foi no período em que morou no país europeu que o gosto por jardins se desenvolveu. “Normalmente, a capital do mundo é o próprio umbigo, o lugarzinho que você nasceu. A experiência em outros países te abre horizontes”, afirma Casagrande.
O artista de 67 anos aproveitou para ter essas experiências quando jovem. Morou nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Bahia. Depois, no início da década de 90, mudou-se para a França, onde trabalhou em uma empresa de malas diretas.
De volta ao Brasil, ensinou francês por 10 anos na Aliança Francesa em Caxias do Sul. Atualmente, Geraldo dá aulas particulares da língua, nas quais ensina não só a gramática, mas também elementos da cultura e civilização francesas.
Hoje, são suas obras que viajam o mundo. Uma delas parou em Nova Iork, adquirida por uma americana que visitou seu atelier e se apaixonou por sua arte. O mais impressionante é que o trabalho de Casagrande não tem nenhuma espécie de divulgação, a não ser o boca a boca. Para entrar em contato com ele, somente através do telefone (54) 3292 5481.
E ele não é o único talento da casa. Sua esposa, Rosa Maria Comin Casagrande, também é artesã. No Museu Municipal, um de seus trabalhos expostos chama a atenção: uma releitura do quadro Monalisa em ponto-cruz, que levou dois anos para ser produzido. Por essas e outras, se entende a frase que Geraldo usou para definir o dia-a-dia do casal: “Uma vida dedicada ao belo”.
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