Toni Sbrontolon na quarentena
Em entrevista exclusiva, o florense mais italiano fala sua opinião sobre a Covid-19
Se você ainda não conhece o Toni Sbrontolon, agora você terá uma ideia de quem é esse italiano. Personagem criado por Ivo Gasparin, Toni concedeu uma entrevista exclusiva para o Jornal O Florense falando um pouco de como está vivendo durante esta quarentena. Confira:
O Florense: Toni, qual a sua opinião sobre o coronavírus?
Toni: Ben, prima de tuto, speta che te conto. Quando go sentio parlar de questa malatia che la vegnea dea China, go pensà suito: eco, nantra malatia dele putane, parché quando zèrino gióvani, la mama sempre la ne disea: “Non von lá nas China que vocês von pegar uma doença bruta ingual que nem aquela que o pai de vocês pegô”. Ma dopo, quando go tacà el televison, go savesto che la China la zera nantra roba. Ma anca, vuto spertar ché? El me fiol el me ga dito che i magna babastrii, par quela che i ga ciapà che a malatia li. Ghe volaria ndar là co na scùria e batedarli tuti, par veder se no i verde mia i òci de na volta.
Bem, primeiro de tudo, espera que te conto. Quando ouvi falar dessa doença que vinha da China, pensei logo: Pronto, outra doença das p****! Porque quando éramos jovens, a mamãe sempre dizia: “Não vão lá nas China que vocês vão pegar uma doença feia igual a que o pai de vocês pegou!” Mas depois, quando vi a televisão, fiquei sabendo que a China era outra coisa. Mas também, quer esperar o quê? O meu filho me disse que eles comem morcegos, por isso que pegaram essa doença. Teria que ir lá com uma cinta e bater em todos, para ver se eles não enxergam de uma vez.
OF: Ficando em casa nesta quarentena, o senhor aprendeu muita coisa?
Toni: Ah, par quela si èh... go imparà na mùcia de robe: lavar zo i piati, far su leto, scoar fora e anca passar pano. Go fin desconfiansa che le ze stà le fémene inventar che a malatia li par veder se i ómini i stesse casa iutarghe far i lauri.
Ah, por isso sim. Aprendi um monte de coisas: lavar os pratos, arrumar a cama, varrer e também passar pano. Até desconfio que foram as mulheres que inventaram essa doença para ver se os homens ficavam em casa ajudando a fazer os trabalhos.
OF: Se o senhor pegar o coronavírus, vai fazer quê?
Toni: Vuto far ché? Me tocarà ciapar a corona e scomìnsiar a dir su el rosário. Sol quela me trocarà far.
Quer fazer o quê? Me restará pegar o terço e começar a rezar o rosário. Só isso me tocará a fazer.
OF: Que sugestão o senhor daria às autoridades para enfrentar este problema?
Toni: Ze parché adesso semo ntel’inverno, mas se mi fusse Lídio, fea un decreto que la gente quando che i và in volta pa e rue, i òmeni, che i ndesse sol de sunga, stivai de borassa e máscara, e le fémene, sol de braghete, sutien e máscara, che alora no ocoraria lavar tanta roba quando se riva casa. Si, parché la prima volta che son rivà casa dopo dela pandemia, la me fémena la zera ntea porta ndrio spetarme, e la me ga dito: – cávete do nudo. – Ciò, mi son stà tuto entusiasmà. Invesse de quel che pensea mi, la volea lavarme tuda la roba. Mi cato che la me ga belche guastà un vinti chili de rinsso. Saria na bona economia, cossa càtito, ti?
É porque estamos no inverno, mas se eu fosse o Lídio, faria um decreto para que as pessoas, quando fossem por aí pelas ruas, os homens que fossem apenas de sunga, botas de borracha e máscara e as mulheres, só de calcinha, sutiã e máscara, que assim não precisaria lavar tanta roupa quando se chega em casa. Sim porque a primeira vez que cheguei em casa depois do início da pandemia, a minha mulher estava na porta me esperando e me disse: Fica pelado! Fiquei entusiasmado. Mas em vez daquilo que eu pensava, ela queria lavar toda a minha roupa. Calculo que ela já deve gasto uns vinte quilos de sabão em pó. Seria uma boa economia. O que tu achas?
OF: O senhor vê algum ponto positivo nesta pandemia?
Toni: Par la me testa, mi vedo due punti positivi: el primo ponto positivo l’è che i dotori i dise che ghe vol bever tanta caciassa, parché i dise che l’álcool el copa el vírus. El secondo ponto positivo, ze che no ocore pi ndar a messa e gnanca confessarse.
Na minha cabeça, vejo dois pontos positivos: o primeiro ponto positivo é que os médicos dizem que é preciso beber bastante cachaça, porque eles dizem que o álcool mata o vírus. O segundo ponto positivo é que não precisa mais ir à missa e nem se confessar.
OF: Que conselho o senhor daria para quem não aguenta mais a quarentena?
Toni: El poblema no l’è mia aguentar la quarentena, el poblema ze l’omo aguentar la fémena e la fémena aguentar l’omo.
O problema não é nem aguentar a quarentena. O problema é o homem aguentar a mulher e a mulher aguentar o homem.
OF: Como o senhor está se prevenindo contra o coronavírus?
Toni: Come go dito prima, pò: co na garafa de caciassa sempre darente. Quando parlo con qualche dun o vedo qualche perícolo, zo na
sboconada.
Como disse antes, ora: com uma garrafa de cachaça sempre por perto. Quando falo com alguém ou percebo qualquer risco, dou um golão!
OF: Como está a vida em casa. O senhor chega perto da mulher?
Toni: La me idea, saria sempre starghe darente, da che garíssino tempo. Ma el poblema ze che la me scampa distante. No la vol gnanca savérghene. Na volta la gavea a desculpa del mal de testa. Adesso, la ga sempre la desculpa del vírus.
A minha ideia seria ficar sempre perto, mas o problema é que ela foge para longe. Não quer nem saber. Uma vez tinha a desculpa da dor de cabeça. Agora, ela tem sempre a desculpa do vírus.
OF: Qual a sua perspectiva, Toni?
Toni: Mi go belche dito, che pa i me càlcoli, de quà sete, oto, nove mesi, và násser na mùcia de tosatei, parché tempo par farli, adesso ghin’è de sobra. Questa la ze la mia perspectiva.
Já disse que pelos meus cálculos, daqui sete, oito, nove meses vão nascer um monte de crianças. Porque tempo de fazê-los agora tem de sobra. Essa é a minha perspectiva.
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