Assim como convidou a imprensa logo após assumir a presidência do Legislativo de Flores da Cunha, a vereadora Silvana De Carli (PP) realizou, na terça-feira (9), um encontro de prestação de contas. Ao longo do ano, a progressista colocou o seu estilo na rotina da Câmara de Vereadores e faz uma avaliação positiva das iniciativas realizadas.
A saída faz parte de um plano traçado pela coligação PP e PL, que elegeu cinco vereadores em 2024. O acordo foi um revezamento na liderança do Legislativo, por isso o PL deverá assumir a mesa diretora para 2026. Diante do falecimento repentino do vereador Horácio Rech, a tendência é que o próximo presidente seja Marcelo Golin.
O Florense: Como foi ser presidente do Legislativo florense?
Silvana De Carli: Gosto muito de política, vivo e respiro isso. Não tive dificuldades na condução interna da Câmara, especialmente na parte administrativa. Conduzi bem a relação com os demais partidos, sempre com diálogo. Fui muito respeitada pelos colegas. O maior desafio é garantir que o Poder Legislativo tenha a independência que merece e que a comunidade entenda o papel do vereador e se aproprie da importância dessa instituição.
Por que a senhora irá renunciar à presidência?
Vou cumprir o acordo que o partido fez com os demais partidos. Entendo que é algo que preciso respeitar, não é uma decisão só minha. Cada partido recebe a oportunidade de ter um ano na presidência, para que novas lideranças possam desempenhar esse papel.
No início do ano, a senhora desejava uma gestão de transparência e proximidade com a comunidade. Conseguiu?
Conseguimos fazer grande parte das ideias. Estivemos mais perto da comunidade com ações em bairros e interior — ainda que eu quisesse ter feito mais. Melhoramos a comunicação, demos mais visibilidade para a Câmara com mais conteúdo e atividades, mostrando que o vereador trabalha todos os dias, não só na sessão de segunda ou nas comissões de quinta-feira. Ainda há muito caminho para que a comunidade se aproprie do Legislativo, mas avançamos.
Por que, atualmente, as pessoas estão tão distantes da rotina dos vereadores?
O processo legislativo não é fácil de entender e também não é atrativo diante de tantas ofertas de informação hoje. A expectativa de ter pessoas aqui no plenário assistindo às sessões não corresponde mais à realidade. O movimento precisa ser o contrário: a Câmara ir até a comunidade, propor discussões e ouvir as pessoas. Representar exige escutar e entender o que elas pensam para a cidade.
Após as eleições, a comunidade cobrava mais participação e propostas dos vereadores. Isso aconteceu?
Acredito que temos espaço para propor, discutir e debater mais ideias. É uma crítica que temos que falta um “debate real” dentro da Câmara. Oferecemos treinamentos de oratória e desenvolvimento pessoal para que todos os vereadores pudessem produzir (seus conteúdos), mas, claro, respeitando que cada vereador tem seu entendimento do mandato. Também há a questão de que sou a única vereadora exclusivamente dedicada ao cargo. Pelo salário (dos vereadores), os demais exercem outras profissões. O vereador precisa ser mais valorizado, assim talvez possa ser mais exigido e entregar mais.
Na presidência, a senhora avançou na reforma elétrica e para a troca do telhado da Câmara. Como estão essas obras?
A troca do telhado aguarda o retorno do (setor de) Planejamento da Prefeitura, que fará o projeto e a licitação. Nós não temos um corpo técnico para isso. É urgente, pois há pontos com infiltração. Neste temporal de segunda-feira, por exemplo, a sala de reuniões alagou de novo. O que está em fase final é a troca de toda a parte elétrica, que conseguimos depois de anos de espera. Antes não se podia ligar o ar-condicionado sem cair a luz. A minha maior frustração é não ter conseguido avançar no projeto de uma nova sede para a Câmara, o que permitiria separar efetivamente Legislativo e Executivo. Porque o vereador não trabalha na prefeitura, mas as pessoas ainda confundem.
Ao deixar a presidência, como será a sua atuação em 2026?
Como vereadora, poderei estar mais presente nas comissões e focar nos temas que já trabalho: idosos, crianças e autismo. Observo todas as demandas, mas quando temos um foco, entregamos mais qualidade. O público idoso especialmente precisa de um olhar diferenciado, já que a população envelhece e vive por mais tempo. Também gostaria de incentivar a participação das mulheres na política, talvez oferecendo formações e trazendo mais mulheres para conhecer a Câmara.
Qual o balanço que faz do seu ano como presidente?
Me sinto muito feliz e realizada. Foi uma honra ser presidente e também ser a única mulher na Câmara, mostrando que mulheres podem ocupar esses espaços e fazer um bom trabalho. Desejo que quem assumir continue mantendo esse trabalho e que a Câmara esteja cada vez mais perto da comunidade para representá-la melhor.

