O teatro entrou no calendário do InTec de Flores da Cunha. A oficina de Expressões Artísticas revelou seu potencial na última quarta-feira (10) , quando o Espaço Cultural São José recebeu a primeira Mostra Cultural de Teatro. As duas sessões gratuitas encheram o auditório e demonstraram que a arte, quando encontra espaço, aproxima escola e comunidade de forma singular.
A estreia apresentou “Biblioteca Encantada, o Julgamento do Livro”, peça criada de modo colaborativo pelos 23 estudantes que, ao longo de meses, experimentaram técnicas de corpo, voz e construção cênica sob orientação da educadora artística Letícia da Rosa do Espírito Santo. A narrativa imaginou uma biblioteca onde livros têm consciência, debatem entre si e reivindicam seu lugar no mundo.
Um dos livros de história ganhou vida por meio de Arthur Alves Ganzer, 13 anos. Ele relata que precisou pensar segundo a lógica do personagem que inventava.
— É bem legal, porque no livro eu não falaria normalmente. Eu teria que pensar como se fosse um historiador escrevendo o que ele poderia dizer — explica.
A colega, Julia Tonet, de 12 anos, foi a responsável por interpretar a bibliotecária Aurora e conta que sua identificação com o papel foi imediata.
— A minha personagem é bibliotecária e eu gostei muito dela, porque eu já gosto de apresentação, dança, essas coisas. A personagem apresenta a biblioteca, apresenta os livros e ajuda todo mundo — revela.
“Ano que vem eu vou participar de novo”
Para a diretora-geral do InTec, Luane Caroline Kist, a Mostra Cultural nasce de uma convicção institucional: talentos silenciosos merecem ser vistos.

Arthur Alves Ganzer e Julia Tonet (Foto: Sohfia Marcon Fiorese)
— A Mostra Cultural nasceu de algo muito próprio do InTec: a crença de que cada estudante carrega um talento único. Guardar essas descobertas apenas para quem convive com elas de perto não parecia justo. Surgiu como um gesto de reconhecimento e afeto: oferecer um palco, um espaço e uma oportunidade para que esses talentos sejam vistos — ressalta.
Na véspera da estreia, o clima era de nervosismo misturado a uma sensação de encerramento simbólico. Julia descreveu o momento com sinceridade:
— Eu estou meio nervosa porque nunca fiz teatro assim. E também meio triste porque vai acabar (a oficina), mas só até o ano que vem. E ano que vem eu vou participar de novo — promete.
Os resultados foram além do palco: estudantes tímidos se arriscaram e perfis agitados aprenderam a transformar energia em criação. O InTec já planeja incorporar a Mostra Cultural de Teatro ao calendário institucional, ao lado da já consolidada Mostra InTec, dedicada à tecnologia. A convivência entre as duas deve reforçar um modelo de formação que combina habilidades técnicas e humanas.

