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Dezembro Verde alerta para aumento do abandono de animais no fim do ano

Férias, viagens e falta de planejamento elevam os casos de abandono de cães e gatos, sobrecarregando ONGs e colocando animais e motoristas em risco
(Foto: Redes sociais Upeva/Divulgação)

Dezembro é marcado por uma mobilização nacional que chama atenção para uma realidade que persiste: o abandono de animais. O Dezembro Verde é um alerta à responsabilidade que envolve a adoção de cães e gatos neste período do ano em que viagens, férias e mudanças na rotina acabam resultando em decisões irreversíveis para milhares de animais.

Esse cenário é percebido diariamente pelas organizações de proteção animal. Em Flores da Cunha, a Upeva observa um aumento significativo nos casos no fim do ano, quando muitos tutores se dão conta de que o compromisso assumido não cabe nos planos de férias.

— As pessoas adotam os animais sem nenhum tipo de planejamento e, quando chega o fim do ano e elas vão passar as férias fora de casa, se dão conta de que ou levam o animal junto, ou pedem para algum vizinho cuidar, ou ainda precisam pagar um hotel. Muitas vezes, na cabeça desses tutores, a solução é largar o animal em um lugar afastado, mas normalmente com casas próximas, para que outra pessoa resolva o problema — explica Nicolle Costa, voluntária responsável pelos cães e redes sociais da ONG.

Embora hoje exista maior conscientização social, o reflexo disso é o aumento das solicitações de resgate, o que pressiona ainda mais a estrutura das ONGs, que já operam no limite.

— Hoje não existe mais uma indiferença total, então, em algum momento, esse animal vai ser visto por alguém e as ONGs sempre são acionadas. O problema é que, por já virem o ano todo lotadas, elas já não têm mais espaço no final do ano, quando a demanda aumenta. Nós estamos trabalhando sempre com filas de espera: “doa um animal, resgata um animal”.

Abandonar animais em rodovias é crime federal

Além do abandono, o verão traz outros agravantes. As altas temperaturas favorecem o surgimento de doenças e coincidem com o período fértil dos animais, ampliando o número de ninhadas e de bichos em situação de vulnerabilidade. O aumento da demanda neste período nem sempre é acompanhado pela capacidade de resposta das entidades, o que pode ter consequências fatais.

— O número de animais a serem resgatados é sempre maior do que o número que a gente doa. Infelizmente, em muitos casos, mesmo havendo solicitação, muitos animais não conseguem ser resgatados de imediato e acabam sendo atropelados — alerta Nicolle.

Nas rodovias que cortam a Serra, o abandono de animais é uma ocorrência recorrente, especialmente entre novembro e fevereiro. Desde fevereiro de 2023, a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) já resgatou 151 animais, dos quais 73 foram encaminhados para adoção responsável. Somente em 2025, foram 55 resgates e 31 adoções.
Neste Dezembro Verde, a concessionária intensificou alertas de que abandonar animais é crime ambiental, previsto na Lei Federal 9.605/98, e coloca em risco não apenas a vida dos pets, mas também a segurança dos motoristas.

“Falta empatia”

Na Upeva, enquanto os resgates aumentam, as adoções tendem a cair neste período do ano. Para Nicolle, enfrentar o problema exige mais do que ações pontuais. Passa por responsabilização e mudança de cultura.

— Nós temos duas saídas para tentar reverter esse quadro: as pessoas só entendem melhor as coisas quando dói no bolso, mas hoje é muito difícil alguém ser pego abandonando e, quando é pego, as pessoas raramente denunciam porque não querem se comprometer. O segundo ponto é, de fato, a conscientização: ter um animal é o mesmo que ter um filho, tu não abandona, tu cuida dele para o resto da vida. Em muitas pessoas falta empatia — finaliza.

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