No bairro Pérola, um nome sempre aparece quando se fala em organização e participação comunitária: Jair Moreira, 56 anos. Natural de Santa Catarina, ele veio para Flores da Cunha em 1989 e acabou assumindo um papel central na rotina do bairro.
Com presença constante nas atividades religiosas, nos trabalhos da comunidade e colaborando com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Leonel de Moura Brizola, Moreira é uma das lideranças mais ativas do Pérola, muitas vezes acumulando funções que, em outras comunidades, seriam divididas com outros moradores.
— No fim da década de 1990, a integração entre o pessoal que vinha de fora e quem já era morador de Flores era bem difícil — lembra.
Para Moreira, a força da comunidade está nas relações humanas e na capacidade de convivência, algo que ele pratica diariamente, caminhando pelo bairro e conversando com os vizinhos.
— Quem faz o lugar são as pessoas. Não adianta ir morar no Centro se eu não admirar ninguém. A gente vê comentários de pessoas falando que o bairro é ruim, mas para mim é bom, eu nunca tive atrito com ninguém. Eu convivo com todas as pessoas, converso com todas as pessoas. Quando não estou no meu serviço, eu passo o bairro inteiro caminhando e conversando com as pessoas — revela.
Ainda assim, um dos principais problemas do Pérola, segundo o líder comunitário, é justamente a falta de participação dos moradores; algo que sobrecarrega pessoas que, como ele, permanecem ativas na comunidade.
— O nosso maior problema é a participação das pessoas dentro da comunidade, porque ninguém mais quer compromisso. Para se ter ideia, sou presidente da comunidade, sou coordenador da catequese e a minha esposa é ministra da Eucaristia. Às vezes a gente chama as pessoas do bairro para ajudar na comunidade e a resposta é: “Não posso, eu não tenho tempo”. Eu sempre digo: “O tempo é a gente quem faz”.
Moreira conta que carrega essa cultura desde os tempos de infância.
— A minha ligação com a comunidade vem desde quando morava em Santa Catarina. Eu e minha família sempre frequentamos a comunidade, sempre ajudávamos em almoços comunitários.
Essa tradição se reflete na organização da principal festa do ano, que volta a movimentar a comunidade neste mês.
— No domingo (14) agora teremos a nossa festa em homenagem à Nossa Senhora de Guadalupe, que é a padroeira do bairro. A festa é sempre realizada no primeiro final de semana de dezembro em todos os anos. As nossas últimas festas têm dado média de 400 pessoas — conta.
Problema com os cachorros
Um episódio que tem afetado diretamente a rotina dos moradores do Pérola é o problema com cães soltos, que dificultam a entrega de correspondências.
— Recentemente o bairro teve problemas com cachorros soltos na rua e, por conta disso, os Correios não entregavam as correspondências. Agora os entregadores só vão nas ruas onde podem trabalhar. Esses dias encontrei um entregador e falei: “Se vocês pararem de entregar as correspondências, as pessoas vão aprender a deixar os cachorros presos” — opina.
O sonho da pracinha
Os moradores do Pérola esperam há anos por um espaço de convivência para crianças e famílias.
— A gente luta há bastante tempo por uma pracinha. Já deveria estar pronta. Recentemente fui buscar informações na Prefeitura e me disseram que a obra deve começar no início do ano que vem. A pracinha será na Rua das Laranjeiras, o terreno já foi limpo e, muito em breve, a construção deve começar — estima.
Quando o espaço de lazer estiver pronto, o líder comunitário já prevê qual será o próximo desafio: garantir que o local seja cuidado.
— Eu já falei para as pessoas aqui do bairro que usem esse espaço, aproveitem, frequentem, afinal foi uma reivindicação dos moradores. Sobre a limpeza, é a mesma coisa: se for na pracinha e consumir alguma coisa, que coloquem no lixo — finaliza.
Obra em 2026
Procurada pela reportagem, a Prefeitura informa que o terreno destinado à futura praça já está definido e a previsão para o início das obras é 2026.

