Texto: Caiani Lopes
Ao falar do centenário da Escola Frei Caneca, também estamos contando as histórias de Flores da Cunha. Um destes tantos exemplos é o da Moni Confecções, uma marca que nasceu, literalmente, dentro dos muros da escola.
Foi em 1990 que tudo começou. A diretora da época procurou o casal Abrelino Zampieri e Realda Scremin Zampieri, pais da aluna Mônica, com um desafio: confeccionar os primeiros uniformes escolares do município. Naquele tempo, o uso de uniforme ainda não era obrigatório e a escola se preparava para adotar a novidade.
A proposta foi o impulso que a família precisava e dali nasceu a Moni Confecções, batizada em homenagem à filha única.
— Se não fossem os uniformes da Frei Caneca, a Moni não existiria. A escola foi o empurrãozinho que deu origem à nossa marca — relembra Mônica, hoje à frente da empresa.
O que começou com uma máquina de costura e o desejo de atender à comunidade se transformou em uma marca reconhecida em todo o país. Durante mais de uma década, a Moni Confecções vestiu gerações de estudantes de Flores da Cunha. Depois, veio a expansão: a empresa diversificou a produção e passou a apostar na alfaiataria premium, conquistando clientes país afora.
Do uniforme às coleções autorais
Mônica, que estudou na escola Frei Caneca de 1991 a 2000, guarda lembranças afetivas de cada canto do colégio e reconhece o quanto esse ambiente moldou sua visão de mundo.
— Tudo o que aprendi sobre parceria entre escola e família veio dali. Eu vi meus pais se doando e aprendi que o sucesso de uma comunidade depende da união de todos — conta.
Com o tempo, a confecção familiar ganhou estrutura, equipe e fôlego de empresa consolidada. Atualmente, a Moni conta com 25 colaboradores diretos e indiretos, incluindo representantes comerciais que levam suas coleções a oito estados brasileiros. Duas vezes por ano, são lançadas as coleções Primavera/Verão e Outono/Inverno, sempre com atenção ao design autoral, à modelagem e à valorização das origens.
— Carregar o nome de Flores da Cunha é motivo de muito orgulho. As nossas raízes estão presentes em cada peça que criamos — destaca Mônica, que hoje lidera o negócio com o mesmo entusiasmo que viu nascer em seus pais.
A essência da marca continua sendo a mesma: trabalho feito com cuidado, tradição e autenticidade, valores que acompanham a Moni desde o primeiro uniforme costurado para a Escola Frei Caneca. E é justamente essa conexão com as origens que sustenta o sucesso da confecção, unindo passado, presente e futuro em cada ponto da costura.
Hoje, ao celebrar os 100 anos da Escola Frei Caneca, Mônica fala com orgulho sobre as origens que nunca esqueceu:
— A nossa história nasceu na escola. E tudo o que ela nos ensinou, o valor da dedicação, do trabalho em conjunto, de educação, continua em cada peça que fazemos. É gratidão, pura e simples — finaliza.
A presença dos pais impulsiona a escola
Nas décadas de 1990 e 2000, a Escola Frei Caneca viveu um período de efervescência e união que marcou para sempre sua história. À frente desse movimento estava Abrelino Zampieri, então presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM), que liderou, junto com outros pais e professores, uma verdadeira transformação na estrutura e no espírito da escola.
Com poucos recursos e muita determinação, o grupo comandado por Zampieri não apenas administrava as demandas do dia a dia, mas pensava grande — e realizava. Foi durante sua gestão que surgiram novas salas de aula, melhorias no ginásio de esportes e a aquisição da primeira impressora da escola, substituindo o antigo mimeógrafo. Pequenas vitórias que, somadas, representaram grandes avanços para alunos e educadores.
— Naquela época, a escola não tinha verbas suficientes. Tudo acontecia com o apoio dos pais. A comunidade se unia e fazia acontecer — relembra Zampieri, emocionado.
Entre as conquistas mais marcantes está a construção de um pavilhão com novas salas de aula, viabilizado após uma visita da secretária estadual de Educação à escola. O convite partiu justamente do grupo de pais liderado por Zampieri, que mostrou de perto as necessidades e o empenho da comunidade.
— Nós não tínhamos dinheiro, mas tínhamos vontade. E a secretária viu isso. Conseguimos o recurso com ela, pois, em uma visita a Festa da Vindima, trouxemos ela até a escola para ver de perto as melhorias que precisávamos. Ela se sensibilizou e garantiu a verba. A partir disso, colocamos a mão na massa. A escola precisava crescer e a gente cresceu junto com ela — conta.
O CPM também foi o coração das grandes festas da escola, como a tradicional Festa Junina, que fechava ruas, acendia fogueiras e reunia gerações de famílias. As mães se revezavam na cozinha, preparando merendas e saladas de frutas com produtos doados pelo comércio local. Era uma época em que a escola pulsava junto com a Terra do Galo.
— O que mais nos orgulha é saber que tudo o que foi feito naquele tempo ainda está lá. As salas, o ginásio, a estrutura… tudo nasceu da parceria entre escola e comunidade — lembra o empresário.
Para as novas gerações, o ex-presidente do CPM faz um apelo:
— Estejam presentes na escola, ela é parte da comunidade e é responsável por devolver ao nosso município, futuros bons cidadãos.Ela formou personalidades da cidade e poderá ser ainda melhor se os pais e a comunidade se unirem para continuar fortalecendo esta história — finaliza Abrelino Zampieri.
Confira abaixo as outras matérias especiais sobre o centenário da Escola Frei Caneca:
- https://jornaloflorense.com.br/ex-alunas-retornam-a-frei-caneca-como-professoras-e-mantem-vivo-o-legado-de-um-seculo/
- https://jornaloflorense.com.br/quis-mostrar-que-a-escola-e-feita-de-pessoas-destaca-o-autor-do-livro-do-centenario-da-escola-frei-caneca/
