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Um traço de muitas cores

Artista plástica Cristiane Marcante, de Nova Pádua, vaga entre o cubismo e o surrealismo na paleta de suas obras. Último trabalho está exposto em Caxias
Artista paduense Cristiane Marcante pretende levar seu trabalho novamente ao Exterior.

Cores. Muitas cores. Azul, vermelho, amarelo, laranja, rosa, verde… Elas estão por toda a parte no trabalho da artista plástica Cristiane Marcante. Nascida em Nova Pádua, ela mostra seu olhar e seus pensamentos por meios das artes e das cores. E toda essa diversidade de tons não poderia deixar de estar presente na Festa da Uva 2012, que tem como tema A Safra da Vida na Magia das Cores. Num projeto denominado Circulação da Arte e criado em comemoração aos 100 anos da chegada do trem a Caxias do Sul em 2010 e retomado este ano, a artista exibe suas obras nas janelas dos ônibus da Viação Santa Tereza (Visate).

Intitulado Cores da Vida, o trabalho resgata a trajetória dos imigrantes de uma forma entusiasta e encantadora. “Nele está representada a chegada, o início da colonização, a comunicação por meio de cartas, o dialeto vêneto, o trabalho, a safra da uva. A paleta de cores representa os 40 anos das primeiras imagens televisionadas com cor”, explica Cristiane. As obras têm fácil acesso para quem quiser conferir. É só ficar atento aos busdoors dos ônibus da Visate que circulam por Caxias durante o período da Festa da Uva. “Esse projeto é também um experimento de circulação de arte para levar obras artísticas para pessoas que, às vezes, não têm acesso a uma galeria”, diz a artista.

Inspiração veio com o movimento cubista
Autodidata, Cristiane desenvolveu o gosto pelas tintas ainda criança. Apesar de não ter condições financeiras de participar de cursos, recebia orientações nos projetos de recreação que a prefeitura de Flores da Cunha oferecia. Nessa época, pintava panos de prato e teve o primeiro contato com nanquim, o que despertou a busca por novos suportes. Mesmo gostando muito de pintar, precisou deixar a veia artística de lado para trabalhar e só retomou ao ofício quando tinha 24 anos. Numa fase mais tranquila e morando em Nova Pádua, Cristiane passou a pintar carrocerias de caminhões, o que mais tarde a levou a pintar telas. Em 2005, abriu um atelier e começou “a pintar muito”. “A cidade era bem bucólica e tranquila e me inspirava. Comecei no realismo, pintava florais, objetos e formas definidas, numa técnica mista”, recorda.

A mudança de vida (e de técnica) veio em 2007. Cristiane mudou-se para Caxias do Sul, montou uma loja de decoração e arte e passou por uma transição pessoal buscando uma nova identidade em suas obras. Dessa proposta surgiu, em 2008, a exposição Penso, vejo e sinto. Uma experiência em formas bem diferentes daquelas que estava acostumada a pintar. As cores suaves da mostra anterior Mãos que labutam foram modificadas por tons fortes e ousados. “Queria fazer algo totalmente diferente de tudo que já fiz, por isso busquei algo novo”, conta. A inspiração veio dos mestres Pablo Picasso e Salvador Dalí, seus artistas favoritos, que lhe ‘ensinaram’ a pintar formas surrealistas combinadas com cubismo.

O ajuste na paleta de cores (muitas) e o alinho no traço resultaram em muitas exposições. Nas mostras que se seguiram – Mulheres, Sensações e Emoções, Janelas da Alma, Eu Vivo, e você? – a artista explorou a subjetividade das formas para provocar diferentes interpretações sobre seus pensamentos. “Comecei a fragmentar alguns trabalhos e criei uma nova personalidade ao meu traço, com conceitos cubistas e buscando ser bem contemporânea”, destaca.

Muitos planos
Aos 34 anos, a estudante de Administração de Empresas Cristiane Marcante vende obras de arte, administra sua loja e pinta quadros, “alguns vendáveis, outros menos”. Suas inspirações vêm do cotidiano e da observação, das coisas que vê e imagina. Alguns trabalhos – geralmente pintados à noite em seu laboratório – nem sempre saem como o planejado. “Um toque aqui, uma tinta ali e a inspiração original acaba se modificando”, explica.

Em 2011, suas obras coloriram a Florence Biennale, na Itália. Única artista gaúcha na bienal, Cristiane se destacou pelas cores, pelas formas e pela contemporaneidade. “Foi uma vivência surpreendente. As trocas com os artistas e os visitantes ultrapassam qualquer crença ou barreira, mostrando a cultura e as particularidades de cada país”, pontua Cristiane, que viajou com sua curadora, Mona Carvalho.

Há 10 anos pintando, há cinco vendendo obras de arte e há quatro com sua própria paleta de cores, Cristiane tem muitos planos para 2012. O cenário internacional é um deles. Após a participação na bienal, recebeu convites para expor sua pop art em Nova Iorque (EUA), Mônaco e Nice (França). Uma nova exposição também está sendo arquitetada. A artista ainda não revela detalhes, mas adianta que “uma parte do trabalho terá uma mudança bem visível”. Os planos seguem para 2013 com exposições em (novamente) Nova Iorque, Catar (Emirados Árabes) e Istambul (Turquia). Deu para perceber que como uma artista bem contemporânea, Cristiane não para.

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