Nova Pádua

Setembro Amarelo: ‘Se precisar, peça ajuda!’

Psicóloga, Maristela Bedin Salvador, e assistente social, Nives Sirena, destacam a importância das campanhas de prevenção ao suicídio e valorização da vida

O sentimento de desânimo no fim de um dia cansativo, a falta de disposição para encarar um novo dia e, até mesmo, a pouca motivação para desenvolver as tarefas cotidianas é comum para grande parte das pessoas, afinal, a vida é linear, feitas de bons e maus momentos e nenhum deles dura para sempre. No entanto, quando essa tristeza passa a se tornar recorrente, as pessoas podem estar abrindo as portas para doenças mais sérias, como a depressão, um transtorno mental que pode levar ao suicídio.
De acordo com a psicóloga Maristela Bedin Salvador, parte-se do princípio de que a tristeza é um dos sentimentos que obrigatoriamente o ser humano viverá durante sua vida. “Na depressão, os sintomas são emitidos de forma prolongada, constante e muitas vezes menosprezados e classificados como: ‘Quer chamar atenção’ ou ‘preguiça’.  São eles: irritabilidade ou apatia, apetite diminuído ou aumentado, dificuldade na concentração, aumento ou diminuição do sono e um grande sentimento de desesperança ou falta de perspectiva, causam sofrimento psíquico e consequente prejuízo em áreas importantes na vida individual, familiar, profissional e social”, exemplifica a psicóloga, acrescentando que outro transtorno mental importante a ser considerado quando o assunto é suicídio é o abuso de drogas lícitas e ilícitas.
Uma característica importante que pode auxiliar, inclusive, a identificar pessoas com algum tipo de transtorno, conforme Maristela, é observar as atitudes ou comportamentos dos que estão ao nosso redor. No caso de uma pessoa depressiva, as ações sempre vão indicar um pedido de ajuda, sendo fundamental a família, amigos e profissionais estarem atentos. “Deve-se observar a perda de interesse por atividades que lhe davam prazer, tristeza excessiva, mudanças bruscas de humor, falar sobre morte, morrer, isolamento social, descaso com a aparência e higiene pessoal, apatia em relação a notícias boas ou ruins, automutilação, se colocar em situações de perigo diminuindo o cuidado de proteção e defesa da própria vida, queda da produtividade nos estudos ou trabalho entre outros”, elenca a profissional, ao mesmo tempo em que aponta que os sinais podem atingir qualquer faixa etária.
Por vezes os transtornos mentais são multifatoriais, envolvem desde fatores químicos a estressores psíquicos e sociais e, em alguns casos, a associação da medicação e psicoterapia aumenta a eficácia do tratamento. “Podemos identificar, analisando o grau de sofrimento psíquico observado e relatado pelo indivíduo, assim como os transtornos mentais, suas combinações e intensidade que se apresentam. Realizar uma busca ativa, observar, ouvir sem julgar, não ter medo de perguntar como a pessoa está e monitorar, isso irá criar um elo afetivo, abrindo um canal de comunicação que facilitará o encaminhamento a um profissional, rede de apoio ou emergência mais próxima”, destaca Maristela, lembrando que o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento de forma voluntária a todas as pessoas que se encontram em sofrimento, 24 horas por dia,  pelo telefone 188.
“Acredito que a melhor forma de reduzir as taxas de suicídio seja investindo em inteligência emocional desde cedo. Ensinar as crianças e adolescentes a conhecerem e nomearem seus sentimentos é a melhor forma de começar a criar cidadãos emocionalmente saudáveis. Compreender que a vida é feita de desafios e que todos passam por momentos difíceis, mas que quando ‘bate’ uma tristeza ou desespero profundo, é fundamental buscar ajuda”, declara a assistente social, Nives Sirena. 
Nives acredita que, mesmo em 2023, ainda exista certo preconceito em falar abertamente sobre o tema suicídio, mas que, nos últimos anos, muitos avanços foram conquistados, especialmente por meio das campanhas Setembro Amarelo, que auxiliam a desmistificar a depressão. “Vejo que os profissionais da saúde e da educação são agentes muito importantes nesse processo, o olhar sensível de um professor, de um médico ou psicólogo pode ser a porta de entrada para o tratamento que irá salvar uma vida”, emociona-se a assistente social.
Já em relação aos fatores externos que podem acabar contribuindo para que uma pessoa seja “emocionalmente saudável” Nives explica que pode parecer óbvio, mas é fundamental ter comida na mesa, trabalho, saúde e acesso à cultura. “Promover políticas públicas que garantam segurança social impacta na felicidade das pessoas”, defende.
É fato que os fatores externos como dificuldades amorosas, dívidas e vícios podem gerar um quadro de ansiedade e tristeza, por isso, nesses casos, é importante que tenhamos um olhar solidário a quem está enfrentando problemas, oferecendo uma escuta sem julgamentos e informando sobre os canais de apoio, como é o caso do CVV.
Sabendo da importância de falar sobre esse tema, desde 2014 a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulga a campanha Setembro Amarelo que, neste ano, tem como lema ‘Se precisar, peça ajuda!’. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos de suicídio por ano, ou seja, em média 38 pessoas tiram a própria vida por dia.
Pensando nisso, o município de Nova Pádua está realizando, durante todo o mês de setembro, palestras e conversas visando a conscientização para diminuir esses índices e alcançar cada vez mais pessoas em ações de prevenção ao suicídio e valorização da vida. Na última terça-feira, dia 12, o Grupo Bel Viver participou de uma palestra que teve como tema ‘Prevenção ao suicídio’, ministrada pela psicóloga e mestra em Saúde Coletiva 5ª CRS – SES/RS, Dalmara Fabro de Oliveira, e nesta sexta-feira, dia 15, às 16h, no auditório da prefeitura de Nova Pádua, os funcionários públicos também participarão de uma palestra que debaterá ‘A medicalização da vida no viés da saúde mental’, ministrada pela Mestre e Doutoranda em Ciências da Saúde, Ariane Schiavenin.

 - Divulgação
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