Geral

Votos para uma vida consagrada

Irmã Lioba, da Ordem das Clarissas Capuchinhas, realizou a profissão solene dos votos de obediência, pobreza e castidade em Flores da Cunha

A última semana foi de retiro para a irmã Lioba, da Ordem das Clarissas Capuchinhas. Ela fez suas orações e refeições sozinha, estudou alguns temas e evitou o contato com as colegas religiosas. Isso tudo para se preparar para um ato marcante em sua vida. Aos 37 anos, irmã Lioba Maria do Sagrado Coração de Jesus realizou a profissão solene dos votos de obediência, pobreza e castidade. A missa dos votos perpétuos ocorreu no dia 16, na Igreja Matriz e contou com a presença das Irmãs Clarissas e dos familiares de Lioba. Com a decisão da religiosa, as capuchinhas passam a ter oito irmãs com votos perpétuos, uma com votos temporários e uma postulante no Mosteiro Nossa Senhora do Brasil. “Foi um momento muito especial de confirmação da minha caminhada, de uma realização pessoal, da busca por encontrar a minha verdadeira identidade como pessoa e como virgem consagrada”, afirma irmã Lioba.

Natural da cidade de Castro, no Paraná, a religiosa está no Mosteiro florense há mais de sete anos e nunca imaginou que um dia poderia se tornar uma irmã capuchinha. Embora sua família seja bastante católica e desde criança sempre participou da vida religiosa, ela “se imaginava como uma leiga no mundo”. Cursou Biologia na Universidade Estadual de Ponta Grossa, fez pós-graduação em Paisagismo e trabalhou com a família nos negócios de agropecuária leiteira. “Mas sempre senti algo a mais, embora tivesse namorados vi que essa não era a minha vocação”, conta.

A decisão para entrar na vida religiosa ocorreu quando irmã Lioba, como ministra da Eucaristia, estava dando a comunhão para uma senhora enferma. Ao ler uma passagem do evangelho de João, que diz “eu sou o pão da vida, quem vem a mim nunca mais terá fome, quem crê em mim nunca mais terá sede”, sua vida mudou. “Estava lendo isso para aquela senhora quando senti que Jesus tinha falado aquilo para mim. E daí eu pensei: e agora?”. A religiosa estava com 29 anos e, por acaso, encontrou uma propaganda do Mosteiro Nossa Senhora do Brasil. Resolveu vir conhecer o local e conversar com as irmãs. O primeiro encontro a deixou perturbada e irmã Lioba optou por fazer a experiência de viver em clausura. Em janeiro de 2008 se despediu dos pais e mudou-se para o Mosteiro. “Inicialmente eu disse que ia fazer uma experiência, nem pensava que ia viver em clausura, só queria saber o que estava acontecendo dentro de mim e me surpreendi, pois Cristo realmente me chamava”, diz. A decisão não agradou muito aos pais Leo Paulo Barth e Margareta Rupert Barth. Mas, com o tempo aceitaram e acolheram a opção da filha.

Depois de uma experiência de cinco meses, irmã Lioba voltou ao Paraná para dizer o adeus definitivo aos pais e aos sete irmãos – somente depois de fazer a primeira profissão as irmãs podem visitar os familiares (são 10 dias por ano). Fez dois anos de postulantado, mais dois anos de noviciado e três anos de votos temporários, até chegar aos votos perpétuos. A vida em clausura nunca a incomodou, sempre sentiu que era sua vocação e “os votos uma forma de dar minha vida plena a Deus”.

A vida dentro do Mosteiro é voltada para a oração e os trabalhos manuais, como confecção de velas e afazeres domésticos. O dia começa e termina cedo. Às 5h as irmãs já estão de pé para as primeiras orações. Manhã e tarde são revezadas entre orações, missa, meditações individuais, formação, leituras e trabalhos manuais. Às 21h os trabalhos se encerram e as irmãs podem descansar. “É uma vida fraterna, de grande riqueza e de desafios. Cada dia descubro que a vida não precisa ser vivida nas mesmas dimensões de sempre, mas sim de uma forma transcendente”, acredita irmã Lioba.


Solenidade dos votos perpétuos de irmã Lioba ocorreu na Igreja Matriz. - Airton Nery/Divulgação
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário