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Semana Farroupilha: Seu Carlon, o criador do Tiro de Laço

"Neste 20 de setembro, relembrar os fatos e feitos dos antepassados, nos orgulha pela história de lutas e conquistas..."

Neste 20 de setembro, relembrar os fatos e feitos dos antepassados, nos orgulha pela história de lutas e conquistas, norteados pelo lema na bandeira rio-grandense: Liberdade, Igualdade e Humanidade.
Seguindo este viés, relembro a participação da família Oliboni. Documentos, atos e fatos, vou procurar citar, da forma como me foi contado, sem a pretensão de ter o domínio de todas as informações. As histórias me foram passadas por meu falecido pai, Heleno José Oliboni. Meu avô, Antônio Dante Oliboni, nascido em Flores da Cunha, serviu ao Exército em 1944, selecionado para integrar a guarda presidencial do Presidente Getúlio Vargas, os Dragões da Independência, formada somente por soldados gaúchos. 
Em 1945, antes do final da guerra, Carlon, como era chamado, retornou do serviço militar vindo a morar em Esmeralda, então distrito de Vacaria, onde a família Oliboni tinha negócios com a compra de gado, oportunidade na qual aprendeu o ofício de seleiro.
Em Esmeralda, já em 1950, sua selaria era o local de encontro de amigos e clientes. Ali, os assuntos mais debatidos eram as lidas campeiras e a vivência das tradições gaúchas. Os domingos na selaria do Carlon eram de discussão sobre o futebol e política. Num destes domingos, o compadre de Carlon, Alfredo Jose dos Santos, provocou os demais para ver quem toparia e era capaz, numa porteira de mangueira a campo aberto, de laçar uma novilha de encomenda. 
Assim, no ano de 1951, nasceu o Tiro de Laço, em Esmeralda, na selaria do Carlon. Em julho de 1958, a família de Carlon mudou-se para Flores da Cunha para trabalhar no matadouro dos irmãos Oliboni. Meu avô se dividia entre os afazeres no matadouro e a fabricação de selas para cavalos, guaiacas, cintos, arreios, enfim, todo material em couro da indumentária gaúcha. 
Em 1968, meu pai, Heleno, já contava com 22 anos, momento em que, com a parceria do pai Carlon e com a ajuda dos irmãos, iniciaram a fabricação de artesanato, mesas de couros, banquinhos, tapetes e os conhecidos cavalinhos.  
A herança da tradição gaúcha sempre esteve presente no dia a dia da família. Nos anos 80, meu pai participou da fundação do GTG Galpão Serrano, atuando pela formação e estruturação da entidade. 
Em 1996, foi eleito prefeito, oportunizando fomentar e perpetuar a tradição ítalo-gaúcha em Flores da Cunha. 
Desta forma, em 1999, iniciou a construção do parque de rodeios, se efetivando a 1ª Festa Campeira em abril de 2000. Foram quatro Festas Campeiras e o 1º Rodeio Nacional, tornando-se o maior evento do município, reunindo milhares de pessoas a cada edição, reunindo o povo florense em torno da tradição gaúcha.     
Em março de 2002, meu pai recebeu a visita do pesquisador e historiador, João Carlos Paixão Cortes, apresentando o projeto cultural tradicionalista que veio a ser o do 1º Mogar, oportunidade que trouxe também o pedido do Movimento Tradicionalista Gaúcho para denominar o Parque de Rodeios com o nome do meu avô, pela participação que teve como pioneiro do Laço. 
Lembro que o pai relutou, pois a criação do parque e a organização do rodeio, como eram uma atividade nova, já haviam sido alvo de críticas de algumas pessoas, agora colocar o nome no parque seria mais complicado. Momento em que Paixão Cortes disse: “Guri, tu não pode castrar a história, o Carlon foi quem ajudou a criar o 1º torneio de tiro de laço do mundo, não será tu que vai impedir de perpetuar este feito”. 
Foi assim que iniciaram os trabalhos de um dos mais expressivos e elogiados rodeios do estado do Rio Grande do Sul. O mesmo Paixão Cortes dizia nas edições que viera: “Flores da Cunha, é polo irradiador da cultura riograndense”.
Estas são as principais ações de repercussão pública que criaram o elo entre a tradição e as ações concretas de polarização desta rica e honrada cultura em solo florense.
Nestes anos, tive a oportunidade de acompanhar meu pai em várias incursões pela história do Rio Grande, conhecendo a filha do líder Francisco de Assis Brasil, Dona Lídia, e o castelo de Pedras Altas, que inspirou meu pai a construir nossa casa.     
Também fizemos todo o caminho dos farrapos, cidades das principais batalhas, a maioria dos museus, Piratini, a belíssima capital da república rio-grandense, assim como em Montevideo e Itália, seguindo os registros de Giuseppe Garibaldi.
Agradeço a oportunidade que o Jornal O Florense abre para contar um pouco da história que tive a honra de viver, assim como a todos tradicionalistas e cidadãos que estiveram juntos na construção destas obras e ações. A tradição gaúcha está no sangue de cada um de nós, viva e forte, recheada de exemplos e oportunidades para que possamos manter e seguir este legado ímpar.

A casa onde nasceu Heleno Oliboni e também o tiro de laço. - Heleno Oliboni/ Um colecionador de amigos/ Divulgação
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