Os planos do prefeito de Flores da Cunha para 2010
Em entrevista, Ernani Herbele faz um balanço de 2009 e projeta os investimentos para este ano
“O próximo prefeito vai entrar aqui só com a caneta e o carimbo, pois vai encontrar uma máquina pública estruturada”
O Florense: Quando o senhor assumiu, em 1º de janeiro de 2009, quanto dinheiro disponível havia na prefeitura?
Heberle: Livres, em torno de R$ 2,5 milhões. É claro que no final de 2009 deve entrar um pouco mais de dinheiro, mas nosso cronograma de obras está bem traçado.
O Florense: Quais obras?
Heberle: Temos a Rua Borges de Medeiros, com emenda parlamentar de R$ 300 mil. Mas vamos gastar cerca de R$ 500 mil, pois teremos de mexer nas galerias de esgoto; temos o recapeamento da Estrada Antônio Soldatelli, com emenda de R$ 150 mil, mas vamos gastar R$ 500 mil; temos a Parada Cristal (São Valentin, em andamento); e temos a reforma da Praça da Bandeira, entre outras. Na área da educação, estamos ampliando a Escola Leonel Brizola e, em 2010, queremos construir um ginásio; ampliamos a Escola Municipal de Educação Infantil Irmã Tarcísia.
O Florense: O encaminhamento dessas emendas e demais projetos são reflexo das suas idas a Brasília. É verdade que antes de tomar posse o senhor já havia visitado deputados?
Heberle: Em outubro de 2008 passei no gabinete de cada deputado e cada senador gaúcho, apresentei-me e fiz pedidos. Naquela ocasião, o senador Paulo Paim (PT) liberou na hora R$ 100 mil, que será aplicado no Travessão Martins. Além desse encaminhamento, a viagem serviu para conhecer a estrutura e os processos. Hoje temos um funcionário que passa o dia verificando sites do governo federal, editais e projetos lançados. Após uma avaliação, encaminhamos ou não uma proposta.
O Florense: Existe uma área que merecerá mais atenção em Flores da Cunha em 2010?
Heberle: Vamos dar preferência para a saúde. Inclusive estamos buscando uma assessoria externa para fazer um raio-x de toda a área, que é complexa. Acho que é um setor que precisa ser bastante ampliado, inclusive o espaço físico. Encaminhamos o projeto para criar uma unidade básica em São Gotardo. A descentralização dos atendimentos em São Gotardo, Nova Roma e no Pérola aliviará o fluxo no Centro. Temos planos de implantar uma unidade em Otávio Rocha. Outra marca da nossa administração é a educação. Estamos implantando o projeto Educação Nota 10, com foco na qualificação e melhoria do desempenho das escolas. Primeiramente apresentaremos aos diretores já nomeados, e depois aos professores e CPMs. Nosso ensino é bom, mas precisamos melhorá-lo. A proposta é equalizar o nível de ensino, estruturar fisicamente as escolas e disciplinar o processo. O aluno deve ir para o colégio para aprender. E a família precisa saber disso.
O Florense: A nova secretaria, de Desenvolvimento Social, que cuidará do assistencialismo, da habitação e do emprego, foi desmembrada da Secretaria da Saúde. Isso possibilitará uma maior atenção à saúde?
Heberle: Acho que sim. Além disso, o número de atendimentos na área aumentou muito, entre 35% a 40% superior ao de 2008. Isso porque tivemos febre amarela e gripe A. Mesmo assim, ampliamos especialidades e o fornecimento de remédios e zeramos a demanda de exames. É claro que o município ainda não tem dinheiro para atender a todos, mas fecharemos o ano com 17% do orçamento aplicado na área (a legislação estipula o mínimo de 15%). Sabemos que a estrutura física não é adequada. Precisamos pensar numa ampliação. Provavelmente o posto de saúde do centro será ampliado; construiremos um ou mais andares. A parte administrativa terá um espaço próprio e o atendimento será setorizado, evitando que muitas pessoas fiquem num mesmo ambiente.
O Florense: Vejo que o senhor tem uma lista nas mãos. São os principais investimentos em 2009?
Heberle: Sim. Em primeiro lugar cito os asfaltamentos de Santa Líbera, da Rua Frei Eugênio e o trevo do Pérola. Na Parada Cristal (São Valentin) estamos atuando. Na Praça da Bandeira, além da reforma dos banheiros, vamos revitalizar todo o espaço. Criamos o primeiro parque ecológico, o São Francisco de Assis, que será cercado por meio de verba de emenda ao orçamento da União do deputado federal Pepe Vargas (PT). Em 2010, vamos tentar antecipar todas as obras definidas no OC de 2009 até julho. Na educação, ampliamos as vagas da Escola Municipal Irmã Tarcísia e salas em outros colégios, além de implantarmos a educação infantil a partir dos cinco anos. Em toda a cidade já é possível perceber um novo visual, pois temos um projeto para construir floreiras na Borges de Medeiros, no centro. Também daremos um foco na área urbana. A questão do lixo foi resolvida – contratamos a Conesul, de Santa Cruz do Sul – e criamos a Associação de Recicladores, que contempla uma função social. Eles cuidarão apenas dos detritos seletivos. Temos ainda o Plano Diretor de Arborização, a compra de imagens de satélite para cartografia (pontos de georeferenciamento) e a regularização fundiária, outra de nossas marcas. Neste processo, normalizamos loteamentos antigos e somos mais criteriosos com os novos.
O Florense: O senhor está satisfeito?
Heberle: Sim. Eu diria que as perspectivas para 2010 são muito boas. Deixo de lado a queda na arrecadação, apesar de o valor, R$ 2 milhões ou menos, é mais do que gastamos em asfaltamentos em todo o ano. Ainda nesse assunto, temos a Estrada Velha para Caxias do Sul. Confio muito que a obra comece neste ano. Isso porque Caxias colocou o projeto como prioridade do PAI (Programa de Asfaltamento do Interior criado pelo prefeito José Ivo Sartori, do PMDB; a segunda etapa do plano foi lançada em 14 de dezembro e contemplará 105 quilômetros de estradas do interior). Nossa parte foi incluída no orçamento do Estado pelo deputado Kalil Sehbe (PDT). Caso Caxias comece a obra antes, ficaremos obrigados a nos virar. O trecho total é de 10 quilômetros, sendo 5 quilômetros em cada município, e será uma excelente via alternativa à RS-122.
O Florense: Sobre tudo que o senhor falou, qual sua projeção para 2010?
Heberle: Criamos uma rede de relacionamento muito importante em Brasília, com deputados de todos os partidos. Somos muito bem tratados. Claro, eles têm interesse também.
O Florense: Principalmente em ano eleitoral...
Heberle: Sem dúvida. E nós temos dado visibilidade, na medida do possível. Quando as obras começarem a ser inauguradas, convidaremos os deputados que encaminharam as emendas ao orçamento da União para participar das solenidades. O que temos buscado, ao longo do ano, é mostrar um novo perfil de gestão pública, sem fazer politicagem, mantendo uma linha de atuação. Não entro em discussões com ofensas pessoais e recebo críticas. Quem critica tem um motivo; é preciso saber assimilar.
O Florense: Como na questão do IPTU, quando o senhor participou de uma reunião no loteamento Lauro Schiavenin, em Nova Roma, no início de julho. A comunidade e a Câmara cobraram uma promessa de campanha de isenção do pagamento do tributo...
Heberle: Sou firme, focado e persistente. Faço meu trabalho. Não tenho medo de bater de frente. Fui lá para explicar a situação. Temos de ser transparentes e temos um papel a cumprir. Sempre falo para os secretários municipais que a questão é simples: trabalhem bem que vocês não receberão críticas.
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