Chuva acima da média continua em outubro
Somente em setembro, precipitação em Flores da Cunha foi 2,6 vezes maior do que a média histórica registrada no município
Em cinco dos nove meses deste ano já choveu mais do que o previsto em Flores da Cunha. Situação semelhante ocorre em todo o Rio Grande do Sul. Somente em setembro, no município, a precipitação foi 2,6 vezes maior (432,6mm) do que a média registrada entre 1961 e 1990 pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), de 166,1mm. E para complicar a situação, em outubro – ou seja, em plena primavera – a chuva deve ser mais intensa do que a registrada no mês anterior, conforme previsão divulgada por meio de boletim climático, no final de agosto, do 8º Distrito de Meteorologia do Inmet, sediado em Porto Alegre.
Em Flores da Cunha, a precipitação foi maior do que a prevista em janeiro, junho, julho, agosto e setembro (veja quadro comparativo abaixo). Segundo a técnica agrícola da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Bernardina Conceição Sandi, a chuva acima da média afeta todas as culturas. “A falta de insolação pode atrapalhar as videiras, o alho e os hortifrutigranjeiros, entre outros. Porém, não podemos falar ainda em quebra de safra, pois uma recuperação é possível”, salienta.
Em Nova Pádua, o agricultor José Menegati, 75 anos, que cultiva 4 hectares de videiras e semeou 500 quilos de sementes de alho, está temeroso. “O excesso de chuva pode atrapalhar a brotação das parreiras”, destaca. Devido à precipitação intensa, até quarta-feira a balsa que faz a ligação entre Nova Pádua e Nova Roma do Sul estava desativada devido à cheia do Rio das Antas. Conforme o balseiro Airton Griffante, somente ontem, quinta, as águas subiram mais de meio metro. “No final da tarde (de quinta) vamos encerrar a operação”, previa Griffante.
No Estado, 25 municípios decretaram situação de emergência, conforme a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil. Até ontem, 45,6 mil pessoas eram afetadas de alguma forma devido a, por exemplo, danos em residências, lavouras, pontes, estradas interrompidas, corte de energia elétrica, corte de água e cancelamento de aulas.
El niño
Meteorologistas do Sul do país estão surpresos com as condições climáticas registradas em setembro. De acordo informações divulgadas pela Agência Estado, a combinação de muita chuva, ventos fortes e frio intenso foi recorde nos últimos 30 anos. A primavera é uma estação de transição, que alterna características do inverno e do verão. E essa instabilidade deve continuar principalmente porque nesse ano o clima sofre a influência do El nino – fenômeno que ocorre em consequência do aquecimento das águas do Oceano Pacífico, próximo à linha do Equador. Ele altera a circulação dos ventos no Brasil e muda o regime de chuvas no Sul e Sudeste. O clima nessas regiões, que seria naturalmente menos chuvoso, fica mais vulnerável.
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