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As gerações dos 50 anos da Escola Antônio Soldatelli

Escola Estadual Antônio Soldatelli completa cinco décadas de fundação com festividades neste domingo, dia 25, na localidade de Nova Roma

Com a propriedade cercada por um muro de pedras antigas, cultivando parreirais e produzindo vinho artesanal, a família Catelli vive na localidade de Nova Roma há mais de 100 anos. O patriarca Enio, 82 anos, nasceu nas mesmas terras que pertenceram a seu pai e a seu avô – este veio da Itália. A relação da família com a Escola Estadual Antônio Soldatelli, que comemora neste final de semana 50 anos de fundação (leia mais abaixo) é antiga.

Enio estudou na antiga escolinha que antecedeu as instalações da Escola Nova Roma. Na época ele precisava ir à escola de pés descalços e estudava em salas conjuntas, anotando as lições em lousas, que eram apagadas para ser novamente utilizadas. “Aprendia quem tinha memória boa. Eram as condições que tínhamos”, conta Enio. Ele estudou somente até o quarto livro – que era a divisão por séries da época. “Se aprendia o básico, pois não existia a pretensão e nem as condições de se estudar mais”, recorda.

Enio é casado com Vitória Menegon Catelli, mais conhecida como Amélia, que também estudou na escola. O casal teve dois filhos, Anselmo e Ivanete, e ambos obviamente ocuparam os bancos da Antônio Soldatelli, na década de 1970. Na época o nome era Escola de 1º Grau Incompleto Nova Roma. “Só estudamos até a 4ª série, as turmas já eram mais divididas e tinham poucos professores”, relembra Anselmo, destacando que também ia à pé para escola, no máximo com chinelos.

Para ampliar a capacidade de ensino da instituição seu Enio integrou a comissão que partiu em busca de recursos para a construção de um novo prédio. “Fomos recebidos pelo governo do Estado e conquistamos uma nova escola, que se tornaria estadual”, conta. “Eram nossos filhos que estavam ali, se não tivéssemos feito isso naquela época talvez demorasse mais para a situação mudar”, enfatiza.

O fato é que a comunidade estava crescendo e a escola deveria acompanhar esta evolução. E a atitude daquela comissão influiu não somente no estudo dos filhos, mas na formação do neto, Alcir, de 13 anos. Ele está no 7º ano da escola. “Eu estudei em outras escolas, mas como a nossa escola aqui não tem igual. Minhas notas melhoraram, e os professores são ótimos”, elogia Alcir, que, diferentemente do pai e do avô, hoje vai ao colégio com transporte escolar, tênis e uniforme. As três gerações da família Catelli se encontram com a história da Escola Antônio Soldatelli.

Festividades neste domingo
Entre as atividades comemorativas ao cinquentenário da Escola Estadual de Ensino Fundamental Antônio Soldatelli haverá uma festa neste domingo, dia 25 de agosto, com início às 10h30min – inauguração da placa dos 50 anos, seguida por apresentações de alunos e homenagens a ex-colaboradores. O almoço típico será servido ao meio-dia e é aberto à comunidade. Compra e reserva de ingressos pelos telefones (54) 9922.7757 ou (54) 3297.3077.

Atualmente o colégio conta com as seguintes atividades curriculares: Dia da Solidariedade, Autor presente, Missa a Santo Antônio (padroeiro da escola), Festa Junina, Aniversário da Escola, Semana da Criança, Viagem de Estudos e Festa de Encerramento do Ano Letivo, além das atividades propostas pelo município como Feira do Livro, Semana da Pátria, Semana Farroupilha e Jogos Intercolegiais (Jergs). Adriana Bulla é a atual diretora, tendo como vice Graziela Mazzarotto e coordenadoras pedagógicas Andressa Farias e Silvana Orso Bolzoni. Ao todo são 15 professores e três funcionárias.


Escola antiga na década de 1970. (Foto: Acervo Escola Antônio Soldatelli/Divulgação)


Prédio atual.


Atual grupo de professores e funcionários.

Histórico
- Fundada em 1963 com o nome de Escola Rural Isolada do Travessão Nova Roma, ela foi erguida pelos próprios moradores feita em madeira cortada a machado. Foi construída nas terras da família Ciochetta. Os registros apontam também que houve um período que a escola foi municipal denominada Escola Almirante Tamandaré.

- O primeiro professor desta escola e também diretor geral das escolas da região foi Caetano Boscatto. Mais tarde vieram outros professores como Adelaide Grisa, Adélia Carpeggiani, professor Mantovani e Santos Salvador.

- Após algum tempo foi desfeita a escola e, usando o mesmo material, foi construído outro prédio ao lado da atual Igreja de Nova Roma. Moradores mais antigos contam que o prédio também servia como salão da comunidade e para a realização de festas religiosas, dividindo o espaço com a parte inferior onde aconteciam as aulas com turmas multisseriadas.

- Com o passar do tempo, a comunidade adquire um terreno de 2 hectares da família Soldatelli que, posteriormente é doado pela comunidade à prefeitura, que na época não dispunha de recursos para a construção de um prédio. Uma comissão formada pelo professor Alcides Miosso, pelos representantes da comunidade Fortunato Zuppa, Enio Catelli e Lino Salvador, e o então prefeito Raymundo Paviani, tentaram a construção do prédio para uma escola rural. Na Capital ficou definido que o Estado construiria o prédio e a prefeitura doaria o terreno.

- A construção iniciou e a Escola Rural Isolada de Nova Roma passou e funcionar em 1971 sob a direção de Dalvina Zim. Anos depois o nome mudou para Escola Estadual de 1º Grau Incompleto Nova Roma. Em 1997 tornou-se Escola Estadual de 1º Grau Incompleto Antônio Soldatelli em homenagem ao morador e antigo dono do terreno em que está localizado o prédio. Anos depois, virou Escola Fundamental Antônio Soldatelli, com ampliação até a 8ª série. A biblioteca passa a se chamar Sabina Olinda Soldatelli em homenagem à esposa do patrono.

- Hoje a escola conta com 220 alunos e 10 turmas, da educação infantil (extensão da Escola Municipal 1º de Maio) até a 8ª série.


Antônio Soldatelli.

Quem foi Antônio Soldatelli: filho de Maximiliano Soldatelli e Matilde Grisa Soldatelli, Antônio nasceu em Nova Roma em junho de 1916. Casou-se com Sabina Olinda Sandi Soldatelli e teve sete filhos: Marlize, Euclides Maximiliano, Lorena Margarete, Neires Maria, Maria Helena, Bernardete e Antônio Roque. Liderou as atividades de instalação da rede elétrica na comunidade e foi fabriqueiro durante 25 anos. Também ajudou na construção do campanário e da Igreja Matriz, do Seminário La Salle (atual prefeitura), do Hospital Fátima e do Convento das Irmãs Clarissas. Foi vereador de 1952 a 1956. Trabalhava com o transporte de passageiros. Conhecido por Tóni, faleceu em 7 de setembro de 1984. Além de emprestar seu nome à escola, nomeia a rua de dois quilômetros que liga Nova Roma à cidade.

Alcir é o neto; Anselmo, o pai; e Enio, o avô: família Catelli tem a trajetória ligada à evolução do colégio, desde o tempo da lousa. - Larissa Verdi
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