Ano chega ao fim com incertezas econômicas
Cenário preocupa especialistas após 30 dias da eleição presidencial. Crescimento de 2014 ficará próximo a zero
“2014 é um ano para ser esquecido.” Este é o desabafo da doutora em Economia Maria Carolina Gullo, finalizando a frase com um suspiro profundo, o que demonstra o descontentamento com a situação de incerteza instalada no Brasil, mesmo após 30 dias da finalização da eleição presidencial. Para ela, o mercado econômico está em estado de alerta, à espera da definição da presidente Dilma Rousseff (PT), sobre quem ela colocará à frente dos principais ministérios (Fazenda, Cidades e Casa Civil), que interessam ao setor privado e que, de alguma forma, podem ajudar a diminuir as incertezas.
De acordo com a pesquisa semanal do Boletim Focus divulgada pelo Banco Central (BC) na última segunda-feira, dia 24, a previsão é que neste ano o crescimento da economia brasileira não ultrapasse 0,20%. Caso se confirme, será a menor taxa desde 2009, quando o país sofreu uma retração de 0,33%. A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,80% também não é animadora para os cerca de 100 economistas de bancos e instituições financeiras entrevistados pelo BC. Maria Carolina salienta que não se esperava que 2014 fosse pior do que foi 2013, quando a economia do país cresceu 2,30%. “Esperávamos um 2014 complicado, em função da Copa do Mundo e de tudo o que viria com o evento, mas nem no pior cenário se falou em um crescimento abaixo de 1%. Foi um ano em que a economia brasileira parou e está na plateia assistindo aos próximos capítulos dessa novela das eleições e do desenrolar do que o governo fará para que tenhamos, minimamente, um crescimento econômico em 2015”, evidencia.
Além da indefinição sobre quem estará na linha de frente do governo Dilma, Maria Carolina cita o fator Petrobras como um agravante da situação econômica, pois envolve a cadeia produtiva, inclusive obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida. “O fato de ter empreiteiras envolvidas diretamente nesse escândalo tem impactado no cumprimento de outros contratos que essas empresas têm com o próprio governo. São obras urgentes que já deveriam estar prontas e não estão. Isso traz uma consequência direta também na questão do emprego das pessoas, como o que está acontecendo com a Iesa Óleo & Gás, de Charqueadas, que está envolvida com os escândalos da Petrobras. A empresa anunciou a demissão de mil funcionários. Se ocorrer, de fato, irá afetar o município, que já decretou estado de calamidade pública”, exemplifica.
Na tarde do dia 27 de novembro foram anunciados três nomes do primeiro escalão. O Ministério da Fazenda, nome mais aguardado, pois será o encarregado de fazer a economia tentar voltar acrescer, será ocupado pelo economista e engenheiro Joaquim Levy. A pasta de Planejamento ficará com o também economista Nelson Barbosa e, Alexandre Tombini, servidor concursado, permanecerá como presidente do Banco Central, cargo com status de ministro.
Emprego em baixa
O número de empregados da indústria brasileira recuou 0,7% em setembro, na comparação com agosto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a sexta taxa negativa consecutiva nessa comparação. No ano, o número de pessoas na indústria caiu 2,8% e, nos últimos 12 meses, 2,6%. A partir do segundo semestre de 2013 a Serra Gaúcha, importante polo industrial do Brasil, também passou a demonstrar sinais de desaceleração, ou seja, apresentou redução de postos de trabalho, em todos os setores. O mais penalizado foi o da indústria de transformação, que é responsável por mais de 50% dos empregos formais na região.
De acordo com a movimentação dos trabalhadores formais do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, das 18 cidades que integram a microrregião de Caxias do Sul, quatro (Caxias do Sul, Coronel Pilar, Monte Belo do Sul e Santa Tereza) apresentaram índice negativo, ou seja, demitiram mais do que contrataram. A situação mais preocupante é registrada em Caxias: em um ano, entre outubro de 2013 e outubro de 2014, houve 98.436 contratações e 102.041 desligamentos, o que representa um decréscimo de 3.605 postos de trabalho.
Para a economista e coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, diversos fatores contribuíram para o enfraquecimento do setor, entre eles a redução das exportações a partir de 2008, a dificuldade das empresas em conseguir crédito com bancos públicos para ampliar os investimentos, além da realização da Copa do Mundo e de um processo eleitoral conturbado. “Tudo isso colaborou para o aumento da incerteza dos empresários com relação ao futuro e contribuiu para que houvesse uma retração nas contratações e a diminuição dos postos de trabalho”, opina.
Clima é de otimismo em Flores da Cunha
Apesar da incerteza que assola o mercado, em Flores da Cunha o clima é de confiança entre o empresariado. Nos últimos 12 meses o saldo de contratações no município foi positivo, ou seja, foram criados 311 novos postos de trabalho formais. O número de admissões no período foi de 5.044, contra 4.733 demissões. No total, o município contabiliza 9.439 trabalhadores com Carteira de Trabalho assinada. O presidente do Centro Empresarial, Vanderlei Dondé, cita que o otimismo existe, porém, acredita que seja necessário manter os pés no chão e buscar outras formas de incrementar o faturamento. “O município está em um estágio de ascensão de emprego. As empresas exportadoras gradativamente estão recuperando as perdas do passado e, aos poucos, estão repondo seus funcionários. Por isso, hoje, acredito que com muito trabalho será possível passar por esse momento conturbado sem grandes prejuízos.”
Dondé afirma que 2014 pode ser considerado um ano positivo para o segmento empresarial florense e destaca que nesse momento os empresários precisam manter o otimismo e apostar na modernização dos seus produtos e inovação de portfólio para se preparar para possíveis crises que possam existir. “Com perseverança e muito trabalho temos conseguido crescer acima de índices anunciados pelo governo, apesar da alta inflação e do decréscimo de alguns nichos de negócio”, pontua Dondé, empresário do setor moveleiro.
Posto do Sine oferece vagas em diversos setores
Diferentemente de outras cidades da Serra Gaúcha, em Flores da Cunha a mão de obra é totalmente absorvida pelas empresas, com demanda para mais contratações. De acordo com a coordenadora do posto do Sistema Nacional de Empregos (Sine) florense, Suzana Maria Crippa, o quadro de vagas está sempre aberto, mas a demanda em diversas empresas, especialmente no setor moveleiro, é constante. Em novembro são 170 vagas ofertadas em 24 diferentes áreas.
Apesar da procura por parte dos empregadores ser grande, a busca por emprego no município não acompanha esse ritmo. Suzana destaca que no mês de novembro, por exemplo, houve uma baixa de 60% na procura por postos de trabalho junto ao órgão. “Isso ocorre em função da proximidade com o final do ano. Muitas pessoas não têm interesse em começar um novo emprego nestas datas”, explica. Para preencher uma das vagas oferecidas pelo Sine de Flores da Cunha é necessário comparecer ao local para a realização de um cadastro. Conforme Suzana, os interessados precisam levar documento de identidade e Carteira de Trabalho. O currículo pode ser feito no próprio local, conforme disponibilidade do serviço. O Sine fica no térreo da prefeitura (Rua São José, 2.500) e atende de segunda a sexta-feira, das 8h15min às 11h e das 13h15min às 17h (mais informações em www.floresdacunha.rs.gov.br/conteudo/sine).
Primeiro trimestre de 2015 deve ser difícil
Os economistas acreditam que 2015 será um ano difícil para o Brasil, assim como está sendo 2014. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não é maior do que 1% e o índice previsto para a inflação pode chegar a 6,45%. Este ano deve terminar com uma inflação de 6,43%. Nas duas situações, o índice estará perto do teto máximo aceito pelo governo, que é de 4,50% anual, com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais, podendo chegar a um limite de 6,50%. “Antes de sair, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, preparou um pacote de ajustes fiscais para 2015. Não sabemos ainda do que se trata, mas, provavelmente, será algum ajuste no sentido de aumento de impostos, de fim de subsídios para algumas coisas, porque o governo terá que fechar as suas contas”, frisa a economista Maria Carolina Gullo.
A especialista destaca que o aumento de impostos nesse momento representaria perdas para toda a sociedade, para o cidadão, para o setor privado e para o próprio governo. “Perde o setor público, porque não consegue acertar suas contas e não consegue fechar o ano com equilíbrio; perde o setor privado, já que produzir se torna cada vez mais caro e fica menos competitivo; e perde o consumidor, pois somos nós que pagamos o valor mais alto no produto. Cada vez que a inflação aumenta perdemos poder aquisitivo no nosso salário”, explica.
Nesse cenário está o setor empresarial, que é um dos mais penalizados, pois já paga percentuais altíssimos de impostos. Sem contar que a produção industrial está parada no país. “Qualquer aumento de impostos será amplamente criticado pelo setor empresarial. Precisamos saber exatamente o que o governo pretende para que possamos nos sentir seguros para fazer investimentos e voltar a produzir. Se em 2015 não tiver crescimento, mas se forem feitos os ajustes necessários, já será muito positivo e, certamente, em 2016 já estaremos colhendo os frutos desses investimentos”, considera Maria Carolina.
Os economistas acreditam que para o Brasil voltar a crescer será preciso apostar em mudanças estruturais como a reforma tributária, para diminuir a carga de impostos sobre a produção, além de uma reforma política e uma distribuição mais justa dos recursos da União entre os Estados. “Se houver um pacto pelo Brasil, em todas as instâncias, será possível salvar o país. A partir daí será possível diminuir o chamado ‘custo Brasil’ e nos tornarmos mais competitivos. Para isso, é preciso apostar em uma infraestrutura de primeiro mundo, melhorando as estradas e criando possibilidades de criarmos alternativas às rodovias”, vislumbra Maria Carolina, citando que uma alternativa para o setor produtivo também é o investimento em pesquisas de desenvolvimento de novos produtos e no uso e no desenvolvimento de tecnologias, o que propiciará, inclusive, condições para apostar na exportação.
O presidente do Centro Empresarial de Flores da Cunha, Vanderlei Dondé, mantém o otimismo com relação às previsões para 2015. “Já vi cenários muito mais adversos do que o atual e acredito que iremos passar por mais essa, mas para isso, volto a dizer, é necessário estar sempre atento ao mercado, olhando para os custos operacionais para ter o controle das atividades”, opina.
Comércio também sofre impacto
A economista e coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, explica que o fato de haver redução na produção e nos postos de trabalho da indústria é preocupante, pois atinge outros setores da economia. O clima de incerteza também está afetando o consumidor, que prefere ser mais cauteloso, gastar menos e não fazer financiamentos com valores altos e com tempo estendido para o pagamento, pois não sabe se terá emprego no futuro. “Com isso há uma retração no comércio e nos serviços. A economia é um todo e a falta de crescimento reflete também na produção, que vai refletir na demanda, que vai refletir no emprego. Então, se a perspectiva não é de crescimento do PIB, obviamente que a perspectiva no geral não é tão alvissareira também”, pondera.
A doutora em Economia Maria Carolina Gullo acrescenta que o modelo de desenvolvimento econômico baseado no consumo está esgotado, pois as pessoas estão atingindo a capacidade de endividamento. “A disponibilidade de crédito barato e fácil possibilitou que elas comprassem casa, carro e mobiliassem a casa. Agora chegou ao limite e uma boa parte da população não tem condições de fazer novas despesas porque já fez o que tinha que fazer. Outra parte está com restrições ao crédito. Por isso o consumo está retraído”, observa.
Não é à toa que a expectativa dos comerciantes e prestadores de serviço é de que em 2014 as vendas de final de ano tenham um crescimento menor do que no Natal e Ano Novo de 2013. Em Flores da Cunha, os efeitos da redução do consumo estão refletidos no comércio, conforme a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). “Este período é muito positivo para o comércio, pois as vendas normalmente aumentam por causa do Natal e das festividades de fim de ano. No entanto, não é esperado um aumento muito significativo. Estima-se um acréscimo entre 2,5% a 3% em relação às vendas efetuadas no mesmo período do ano passado”, expõe o diretor executivo da CDL de Flores da Cunha, Josué Valandro.
O profissional destaca que além da queda no consumo, o setor enfrenta outras dificuldades como altas cargas tributárias (imposto de fronteira e substituição tributária), leis trabalhistas cada vez mais severas, forte concorrência com grandes redes, principalmente de cidades vizinhas, e pouca oferta de mão de obra. Mesmo assim, ele considera que 2014 foi um ano bom para o comércio florense. “Se pegarmos como base as 20 empresas de maior faturamento do comércio local, veremos que houve um aumento de 10,2% neste número, comparando com o mesmo período do ano passado”, completa Valandro.
De acordo com a pesquisa semanal do Boletim Focus divulgada pelo Banco Central (BC) na última segunda-feira, dia 24, a previsão é que neste ano o crescimento da economia brasileira não ultrapasse 0,20%. Caso se confirme, será a menor taxa desde 2009, quando o país sofreu uma retração de 0,33%. A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,80% também não é animadora para os cerca de 100 economistas de bancos e instituições financeiras entrevistados pelo BC. Maria Carolina salienta que não se esperava que 2014 fosse pior do que foi 2013, quando a economia do país cresceu 2,30%. “Esperávamos um 2014 complicado, em função da Copa do Mundo e de tudo o que viria com o evento, mas nem no pior cenário se falou em um crescimento abaixo de 1%. Foi um ano em que a economia brasileira parou e está na plateia assistindo aos próximos capítulos dessa novela das eleições e do desenrolar do que o governo fará para que tenhamos, minimamente, um crescimento econômico em 2015”, evidencia.
Além da indefinição sobre quem estará na linha de frente do governo Dilma, Maria Carolina cita o fator Petrobras como um agravante da situação econômica, pois envolve a cadeia produtiva, inclusive obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida. “O fato de ter empreiteiras envolvidas diretamente nesse escândalo tem impactado no cumprimento de outros contratos que essas empresas têm com o próprio governo. São obras urgentes que já deveriam estar prontas e não estão. Isso traz uma consequência direta também na questão do emprego das pessoas, como o que está acontecendo com a Iesa Óleo & Gás, de Charqueadas, que está envolvida com os escândalos da Petrobras. A empresa anunciou a demissão de mil funcionários. Se ocorrer, de fato, irá afetar o município, que já decretou estado de calamidade pública”, exemplifica.
Na tarde do dia 27 de novembro foram anunciados três nomes do primeiro escalão. O Ministério da Fazenda, nome mais aguardado, pois será o encarregado de fazer a economia tentar voltar acrescer, será ocupado pelo economista e engenheiro Joaquim Levy. A pasta de Planejamento ficará com o também economista Nelson Barbosa e, Alexandre Tombini, servidor concursado, permanecerá como presidente do Banco Central, cargo com status de ministro.
Emprego em baixa
O número de empregados da indústria brasileira recuou 0,7% em setembro, na comparação com agosto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a sexta taxa negativa consecutiva nessa comparação. No ano, o número de pessoas na indústria caiu 2,8% e, nos últimos 12 meses, 2,6%. A partir do segundo semestre de 2013 a Serra Gaúcha, importante polo industrial do Brasil, também passou a demonstrar sinais de desaceleração, ou seja, apresentou redução de postos de trabalho, em todos os setores. O mais penalizado foi o da indústria de transformação, que é responsável por mais de 50% dos empregos formais na região.
De acordo com a movimentação dos trabalhadores formais do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, das 18 cidades que integram a microrregião de Caxias do Sul, quatro (Caxias do Sul, Coronel Pilar, Monte Belo do Sul e Santa Tereza) apresentaram índice negativo, ou seja, demitiram mais do que contrataram. A situação mais preocupante é registrada em Caxias: em um ano, entre outubro de 2013 e outubro de 2014, houve 98.436 contratações e 102.041 desligamentos, o que representa um decréscimo de 3.605 postos de trabalho.
Para a economista e coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, diversos fatores contribuíram para o enfraquecimento do setor, entre eles a redução das exportações a partir de 2008, a dificuldade das empresas em conseguir crédito com bancos públicos para ampliar os investimentos, além da realização da Copa do Mundo e de um processo eleitoral conturbado. “Tudo isso colaborou para o aumento da incerteza dos empresários com relação ao futuro e contribuiu para que houvesse uma retração nas contratações e a diminuição dos postos de trabalho”, opina.
Clima é de otimismo em Flores da Cunha
Apesar da incerteza que assola o mercado, em Flores da Cunha o clima é de confiança entre o empresariado. Nos últimos 12 meses o saldo de contratações no município foi positivo, ou seja, foram criados 311 novos postos de trabalho formais. O número de admissões no período foi de 5.044, contra 4.733 demissões. No total, o município contabiliza 9.439 trabalhadores com Carteira de Trabalho assinada. O presidente do Centro Empresarial, Vanderlei Dondé, cita que o otimismo existe, porém, acredita que seja necessário manter os pés no chão e buscar outras formas de incrementar o faturamento. “O município está em um estágio de ascensão de emprego. As empresas exportadoras gradativamente estão recuperando as perdas do passado e, aos poucos, estão repondo seus funcionários. Por isso, hoje, acredito que com muito trabalho será possível passar por esse momento conturbado sem grandes prejuízos.”
Dondé afirma que 2014 pode ser considerado um ano positivo para o segmento empresarial florense e destaca que nesse momento os empresários precisam manter o otimismo e apostar na modernização dos seus produtos e inovação de portfólio para se preparar para possíveis crises que possam existir. “Com perseverança e muito trabalho temos conseguido crescer acima de índices anunciados pelo governo, apesar da alta inflação e do decréscimo de alguns nichos de negócio”, pontua Dondé, empresário do setor moveleiro.
Posto do Sine oferece vagas em diversos setores
Diferentemente de outras cidades da Serra Gaúcha, em Flores da Cunha a mão de obra é totalmente absorvida pelas empresas, com demanda para mais contratações. De acordo com a coordenadora do posto do Sistema Nacional de Empregos (Sine) florense, Suzana Maria Crippa, o quadro de vagas está sempre aberto, mas a demanda em diversas empresas, especialmente no setor moveleiro, é constante. Em novembro são 170 vagas ofertadas em 24 diferentes áreas.
Apesar da procura por parte dos empregadores ser grande, a busca por emprego no município não acompanha esse ritmo. Suzana destaca que no mês de novembro, por exemplo, houve uma baixa de 60% na procura por postos de trabalho junto ao órgão. “Isso ocorre em função da proximidade com o final do ano. Muitas pessoas não têm interesse em começar um novo emprego nestas datas”, explica. Para preencher uma das vagas oferecidas pelo Sine de Flores da Cunha é necessário comparecer ao local para a realização de um cadastro. Conforme Suzana, os interessados precisam levar documento de identidade e Carteira de Trabalho. O currículo pode ser feito no próprio local, conforme disponibilidade do serviço. O Sine fica no térreo da prefeitura (Rua São José, 2.500) e atende de segunda a sexta-feira, das 8h15min às 11h e das 13h15min às 17h (mais informações em www.floresdacunha.rs.gov.br/conteudo/sine).
Primeiro trimestre de 2015 deve ser difícil
Os economistas acreditam que 2015 será um ano difícil para o Brasil, assim como está sendo 2014. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não é maior do que 1% e o índice previsto para a inflação pode chegar a 6,45%. Este ano deve terminar com uma inflação de 6,43%. Nas duas situações, o índice estará perto do teto máximo aceito pelo governo, que é de 4,50% anual, com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais, podendo chegar a um limite de 6,50%. “Antes de sair, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, preparou um pacote de ajustes fiscais para 2015. Não sabemos ainda do que se trata, mas, provavelmente, será algum ajuste no sentido de aumento de impostos, de fim de subsídios para algumas coisas, porque o governo terá que fechar as suas contas”, frisa a economista Maria Carolina Gullo.
A especialista destaca que o aumento de impostos nesse momento representaria perdas para toda a sociedade, para o cidadão, para o setor privado e para o próprio governo. “Perde o setor público, porque não consegue acertar suas contas e não consegue fechar o ano com equilíbrio; perde o setor privado, já que produzir se torna cada vez mais caro e fica menos competitivo; e perde o consumidor, pois somos nós que pagamos o valor mais alto no produto. Cada vez que a inflação aumenta perdemos poder aquisitivo no nosso salário”, explica.
Nesse cenário está o setor empresarial, que é um dos mais penalizados, pois já paga percentuais altíssimos de impostos. Sem contar que a produção industrial está parada no país. “Qualquer aumento de impostos será amplamente criticado pelo setor empresarial. Precisamos saber exatamente o que o governo pretende para que possamos nos sentir seguros para fazer investimentos e voltar a produzir. Se em 2015 não tiver crescimento, mas se forem feitos os ajustes necessários, já será muito positivo e, certamente, em 2016 já estaremos colhendo os frutos desses investimentos”, considera Maria Carolina.
Os economistas acreditam que para o Brasil voltar a crescer será preciso apostar em mudanças estruturais como a reforma tributária, para diminuir a carga de impostos sobre a produção, além de uma reforma política e uma distribuição mais justa dos recursos da União entre os Estados. “Se houver um pacto pelo Brasil, em todas as instâncias, será possível salvar o país. A partir daí será possível diminuir o chamado ‘custo Brasil’ e nos tornarmos mais competitivos. Para isso, é preciso apostar em uma infraestrutura de primeiro mundo, melhorando as estradas e criando possibilidades de criarmos alternativas às rodovias”, vislumbra Maria Carolina, citando que uma alternativa para o setor produtivo também é o investimento em pesquisas de desenvolvimento de novos produtos e no uso e no desenvolvimento de tecnologias, o que propiciará, inclusive, condições para apostar na exportação.
O presidente do Centro Empresarial de Flores da Cunha, Vanderlei Dondé, mantém o otimismo com relação às previsões para 2015. “Já vi cenários muito mais adversos do que o atual e acredito que iremos passar por mais essa, mas para isso, volto a dizer, é necessário estar sempre atento ao mercado, olhando para os custos operacionais para ter o controle das atividades”, opina.
Comércio também sofre impacto
A economista e coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, explica que o fato de haver redução na produção e nos postos de trabalho da indústria é preocupante, pois atinge outros setores da economia. O clima de incerteza também está afetando o consumidor, que prefere ser mais cauteloso, gastar menos e não fazer financiamentos com valores altos e com tempo estendido para o pagamento, pois não sabe se terá emprego no futuro. “Com isso há uma retração no comércio e nos serviços. A economia é um todo e a falta de crescimento reflete também na produção, que vai refletir na demanda, que vai refletir no emprego. Então, se a perspectiva não é de crescimento do PIB, obviamente que a perspectiva no geral não é tão alvissareira também”, pondera.
A doutora em Economia Maria Carolina Gullo acrescenta que o modelo de desenvolvimento econômico baseado no consumo está esgotado, pois as pessoas estão atingindo a capacidade de endividamento. “A disponibilidade de crédito barato e fácil possibilitou que elas comprassem casa, carro e mobiliassem a casa. Agora chegou ao limite e uma boa parte da população não tem condições de fazer novas despesas porque já fez o que tinha que fazer. Outra parte está com restrições ao crédito. Por isso o consumo está retraído”, observa.
Não é à toa que a expectativa dos comerciantes e prestadores de serviço é de que em 2014 as vendas de final de ano tenham um crescimento menor do que no Natal e Ano Novo de 2013. Em Flores da Cunha, os efeitos da redução do consumo estão refletidos no comércio, conforme a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). “Este período é muito positivo para o comércio, pois as vendas normalmente aumentam por causa do Natal e das festividades de fim de ano. No entanto, não é esperado um aumento muito significativo. Estima-se um acréscimo entre 2,5% a 3% em relação às vendas efetuadas no mesmo período do ano passado”, expõe o diretor executivo da CDL de Flores da Cunha, Josué Valandro.
O profissional destaca que além da queda no consumo, o setor enfrenta outras dificuldades como altas cargas tributárias (imposto de fronteira e substituição tributária), leis trabalhistas cada vez mais severas, forte concorrência com grandes redes, principalmente de cidades vizinhas, e pouca oferta de mão de obra. Mesmo assim, ele considera que 2014 foi um ano bom para o comércio florense. “Se pegarmos como base as 20 empresas de maior faturamento do comércio local, veremos que houve um aumento de 10,2% neste número, comparando com o mesmo período do ano passado”, completa Valandro.
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