25 anos sem querer querendo...
Há 25 anos, o personagem Chaves e sua turma conquistam mais e mais fãs com os programas Chaves e Chapolin ( El Chavo del Ocho e El Chapulin Colorado no original mexicano).
Há 25 anos, o personagem Chaves e sua turma conquistam mais e mais fãs com os programas Chaves e Chapolin ( El Chavo del Ocho e El Chapulin Colorado no original mexicano). Estreou no Brasil no ano de 1984 (1971 no México) como uma aposta do apresentador Silvio Santos para conquistar os brasileiros em sua emissora de TV recém inaugurada na época, o SBT. Criação do diretor e roteirista Roberto Gómez Bolanõs, que no México é conhecido como Chespirito (onde possuía um programa humorístico homonímo), apostava num humor simples, não apelativo, com bordões e expressões marcantes, efeitos especiais precários para a época e situações em alguns casos repetitivas, que tornaram-se características marcantes no programa.
Chaves: a história
A trajetória de El Chavo del Ocho teve início no ano de 1971, um ano depois da criação do personagem El Chapulín Colorado. Ambos foram criados a princípio para serem apenas quadros do programa humorístico chamado Chespirito, que era transmitido na TV TIM, do México. O quadro que retratava as aventuras da turma da vila logo ganhou maior destaque e chamou a atenção do público mexicano. Vendo isso, a TV TIM decidiu acrescentar características de seriado e transmiti-lo em horário nobre, uma vez por semana. No começo, os personagens do programa Chaves não tinham as suas características marcantes, como por exemplo, o personagem Seu Madruga não era pai da Chiquinha, ele morava na casa da Dona Florinda e era um vendedor de balões; o Sr. Barriga não era o dono da vila, ele apenas era zelador desta, e a Dona Florinda não usava os seus tradicionais bóbis. Somente em 1973, o seriado passou a ser gravado nos estúdios da TV Televisa e começou, então, a ser exportado para diversos países da América do Sul. Nessa época, o programa já era um sucesso consolidado em terras mexicanas. Mais ou menos nesse mesmo período o elenco começou a sofrer algumas modificações, como o afastamento da atriz Maria Antonieta de las Nieves - intérprete da Chiquinha - por conta de sua gravidez (no seriado, foi dada a desculpa de que a personagem Chiquinha havia ido morar com suas tias do interior), e Carlos Villagrán - intérprete do Quico – que decidiu sair do elenco de Chespirito para ser a estrela de um seriado na Venezuela. Poucos meses depois, Ramón Valdez - intéprete do Seu Madruga - também receberia uma proposta para participar do mesmo seriado. Nessa época, Chespirito criou o restaurante da Dona Florinda, para suprir os desfalques da série. Além disso, também surgiram novos personagens: Jaiminho, o carteiro, Dona Neves, a bisavó da Chiquinha e Nhonho. Quase oito anos depois, Ramón Valdéz, o Seu Madruga, regressou a série, possibilitando assim que novas histórias fossem feitas com a presença do carismático personagem. Até que, no ano de 1983, Bolaños decidiu encerrar as gravações da série. Mas no final da década de 1980 até 1992, a série Chaves voltou a ser exibida (no Brasil essa fase pode ser vista no programa ‘Clube do Chaves’, que o SBT exibiu em 2001). Em 2006, foi produzida a versão em desenho animado que trata das mesmas histórias da série original com algumas adaptações, que não eram possíveis serem feitas na versão com atores.
Chespirito florense
Para o desenhista Willian Antoniazzi, 23 anos, a paixão pelo seriado criado por Chespirito sempre esteve presente na sua vida. Gosta de afirmar que molda seu dia-a-dia aos horários de exibição do seriado no Brasil, onde, muitas vezes acaba se atrasando para o trabalho para poder assistir ao menos um pouco do seriado. Willian conta também que sempre procura usar expressões e cenas criadas por Chespirito no seu cotidiano, onde muitas vezes, as pessoas não entendem e ele acaba tendo que explicar as cômicas situações. “Seria mais fácil dizer em que momento eu não as uso, pois a todo momento repito bordões do seriado”, conta. Para ele, os horários de exibição no Brasil não são valorizados mais como eram na década de 1990, onde chegou a ser exibido no horário nobre. Atualmente, apenas o seriado Chaves tem um horário fixo na programação da televisão, mas em períodos de pouco acesso do público, como no início da manhã e da tarde. Para resolver esse problema, ele conta com a ajuda da internet, onde tem acesso a episódios inéditos no Brasil, com boa qualidade e áudio original, tipo de exigência de fã do seriado. “Infelizmente no Brasil, não possuímos todo o material produzido no México, como as outras séries criadas por Bolaños”, frisa Willian. Gosta de falar que considera cada episódio, tanto de Chaves como de Chapolin, especiais, mas para ele o episódio em que o Chaves ajuda o Seu Madruga a vender churros, e o episódio em que o Chapolin encontra um colecionador de ‘aerolitos’ (maneira em que ele chama os meteoritos) são momentos marcantes para ele. Willian considera que ninguém conseguirá superar Chespirito nesse tipo de comédia e destaca o ator Ramon Valdez, intérprete do seu Madruga, como único e insubstituível, pois admira sua atuação e naturalidade em cena.
E agora, quem poderá nos defender? o Chapolin Colorado
Mesmo sendo uma criação anterior ao seriado Chaves, Chapolin Colorado só começou a ser exibido no Brasil em meados de 1988 cativando de tal forma o público, que a emissora decidiu dar-lhe características de seriado, exibindo-o em horário nobre. Inicialmente, Bolaños escreveu o roteiro do seriado Chapolin para ser usado no cinema, onde contaria toda a história do herói, desde a origem de seus poderes e de que maneira havia conseguido suas famosas armas, como a marreta biônica e as pílulas de nanicolina. Assim como o seriado Chaves, Chapolin Colorado ganhou maior popularidade dentro e fora do México, pois a série do herói mais atrapalhado da televisão foi exportada para diversos países da América Latina. Chespirito conta que a criação do Chapolin Colorado foi algo extremamente planejado, ou como o próprio herói diria “friamente calculado”, ao contrário do Chaves. Na verdade pensando em atores famosos, mas como esses recusaram, ele mesmo encarnou o personagem. As gravações do programa duraram até 1979, quando Roberto Gómez Bolaños decidiu encerrar a trajetória do Polegar Vermelho (nome pelo qual Chapolin também ficou conhecido no Brasil), com um episódio especial. Nele, o Chapolin, Florinda Meza (Dona Florinda), Rubéns Aguirre (Professor Jirafales) e Edgar Vivar (Sr. Barriga), destacavam virtudes do herói mais atrapalhado que se tem registro. Uma das frases mais frisadas pelo elenco, dizia que: “O Chapolin não tinha as propriedades extraordinárias dos heróis. Era tonto, mole e medroso, porém, era um herói porque superava o medo e enfrentava os problemas, e nisso precisamente consiste o heroísmo e a humanidade”. No final da década de 1980, o Chapolin voltou a ser exibido, mas nessa fase, ele não tinha mais a agilidade dos anos 70. As gravações do programa encerraram em 1993.
O programa Chespirito
O programa tinha vários quadros cômicos, criados por Roberto Gómez Bolaños. Mas deixou de ser produzido depois que Chaves e Chapolin ganharam programas próprios, voltando ao ar no início da década de 1990. O programa contava com diversos quadros, como El Doctor Chapatín (Doutor Chapatin), Los Caquitos (Chaveco), Don Calavera (Dom Caveira), El Flaco (O Gordo e o Magro) e quadros especiais sem personagens fixos. Uma das coisas que mais chamam atenção nessa nova fase do programa Chespirito são os cenários, muito bem feitos e variados, com a mesma qualidade que se vê nas novelas mexicanas. Nesse período, as gravações dos quadros do Chapolin eram em sua maioria adaptações de antigos roteiros do seriado, e não tinham mais a mesma graça que os feitos na década de 1970. Já os quadros do Chaves, a grande maioria se passava na escola, mas também foram feitos alguns episódios no restaurante da Dona Florinda e na vila. Outro quadro de bastante destaque no programa Chespirito era Los chifladitos (Pancada), que tinha como personagem principal o alfaiate, Pancada Bonaparte, que junto com seu amigo Lucas Pirado, aprontavam as maiores loucuras. Após a morte de Angelines Fernández (Dona Clotilde) e Raul Padilla (Jaiminho), e o envelhecimento do grupo de atores, Chespirito decidiu encerrar definitivamente o programa, em 1995.
Curiosidades
- Foram feitos mais de 1.000 episódios de Chaves.
- Chaves chegou a passar em horário nobre no Brasil. Foi exibido durante quatro meses às 21h.
- A música tema de quando o Professor Girafales e a Dona Florinda se encontram é o tema do filme ‘E O Vento Levou’ em outro arranjo.
- No começo da série, Roberto Gomez Bolaños teve que economizar dinheiro para montar o cenário, pois a Televisa não bancava nada. Por isso o cenário era todo feito de papelão e isopor, deixando o seriado mais engraçado ainda.
- Chespirito criou Chaves com a inspiração das favelas da América Latina.
- Ramón Valdés era considerado o mais talentoso de todos, decorava o texto rapidamente, e Chespirito disse que ele foi o único que já o fez morrer de rir.
- O único super-herói citado na série Chaves é o Chapolin. Em compensação, Chapolin cita todos os outros, e até já chegou a alfinetar Batman e Superman dizendo que "eles não gostam de mulheres".
- Todas as músicas das séries Chaves e Chapolin são compostas pelo próprio Roberto Gómez Bolaños. E todas essas músicas foram dubladas em português.
- Angelines Fernandez, a ‘Bruxa do 71’, era considerada uma das mulheres mais bonitas do México, nos anos 40.
- No original, o Chaves vive chamando o Seu Madruga de Ron Damón (no caso, o certo seria Don Ramón). No entanto, na dublagem brasileira, a expressão Meu Sadruga só aparece uma vez.
- Chespirito conta que em uma viagem a Colômbia com todo o elenco do programa estavam visitando centros turísticos. Eles viajavam de ônibus e em um ponto subiu um menino pobre vendendo doces e outras guloseimas, e quando chegou ao acento onde estava Chespirito, ficou hipnotizado e em uma fração de segundos este menino tirou todo o dinheiro que tinha em seu bolso e disse: “Chaves, pegue para que compre seu sanduíche de presunto”. Bolaños ficou perplexo perante o que este menino acabara de fazer e ele como um cavalheiro que é, aceitou o dinheiro, pois não quis desfazer a ilusão do menino.
- Mais de 25 gibis do Chaves foram lançados pela Editora Globo, de Roberto Marinho, em 1991.
- Por que o nome ‘Chaves’? ‘Chavo’, na gíria mexicana, significa garoto, menino na idade de travessuras.
- Ao escolher a cor da roupa do Chapolin, Chespirito tinha quatro opções: branco, preto, azul e vermelho. Branco não dava, porque esta cor causava muitos problemas de reflexões. Preto também não porque dá a impressão de morte. Azul também não, pois atrapalhava na hora de fazer o efeito Cromakey, dessa forma ficaria invisível e só ia aparecer sua cabeça. Diante dessas opções Chespirito optou pelo vermelho.
- Chapolin existe na vida real. Na verdade, esse é o nome de um gafanhoto vermelho, que no México é comido frito, e como Chapolin é vermelho, e tem antenas, asas, daí o nome Chapolin.
- Em todos os episódios do Chaves que se pode ver no Brasil, só apareceram seis atores convidados, os que faziam os personagens Glória, Paty, Iara, Seu Madroga, Héctor Bonilla e um empresário.
- Em Bogotá, Colômbia, anos atrás, o governo daquele país havia suspendido as transmissões do Chaves e cidadãos realizaram uma manifestação na qual Chespirito e seus companheiros participaram em defesa da transmissão do programa. O mais curioso foi que se armou uma espécie de cortejo fúnebre e dentro de uma caixão ia uma televisão, a qual, com todos os formalismos que requeria a ocasião, foi sepultada em um pátio municipal como maneira de protesto. O governo não teve mais remédio, e colocou novamente o seriado no ar.
Elenco
Roberto Gómez Bolaños (Chespirito) – Chaves / Chapolin
Ramon Valdes – Seu Madruga (falecido em 1988)
Carlos Villagran - Quico
Maria Antonieta de las Nieves – Chiquinha
Florinda Meza – Dona Florinda / Pópís
Rubén Aguirre – professor Girafales
Edgar Vivar – Sr. Barriga
Angelines Fernandes – Dona Clotilde – Bruxa do 71 (falecida em 1994)
Raul Padilla – Jaiminho (falecido em 1994)
Horácio Gomez Bolaños – Godinez (falecido em 1999)
Para saber mais
www.chespiritobr.com
www.fotolog.com/calistenia
www.turmadochaves.com
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