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“Cuido dos pequenos como se fossem meus filhos”

Protagonista do comercial da Johnson & Johnson, a florense Maria Inês Secco se emociona ao lembrar de algumas histórias

É impossível assistir ao novo filme publicitário da Johnson & Johnson, intitulado Mãe de 1000 Filhos, e não se emocionar. A produção, lançada no dia 8 de fevereiro, conta a história de Maria Inês, uma técnica em enfermagem que trabalha há 24 anos em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) neonatais. Ela não tem filhos biológicos, mas tem milhares de ‘filhos do coração’, dos quais cuidou e amou como se fossem seus e que nunca foram esquecidos. À medida que as imagens mostram a rotina diária da personagem dentro do hospital, ela folheia um álbum de fotografias de seus pacientes, relembrando alguns casos que marcaram sua trajetória, como as gêmeas Clara e Catarina, Rafael, e os quadrigêmeos, questionando-se sobre como e o que eles estariam fazendo atualmente.

Para surpresa de Maria Inês, a Johnson & Johnson preparou um encontro emocionante entre ela e alguns daqueles bebês, a maioria já crescidos, e suas famílias. A produção, que já tem mais de 4,9 milhões de visualizações, é uma homenagem da multinacional aos profissionais que dedicam suas vidas aos cuidados com os pequeninos e está disponível na íntegra somente na internet (www.amaede1000filhos.com.br ou ‘Mãe de 1000 Filhos’ no YouTube). Na televisão é mostrada apenas uma parte do vídeo.

Embora pareça enredo de cinema, a história é real. A protagonista é Maria Inês Secco, 58 anos, uma florense que deixou a terra natal para viver na cidade grande há 37 anos. O Florense foi além dos 2 minutos e 26 segundos do filme para contar um pouco mais dessa história que está emocionando milhares de pessoas por todo o Brasil. Segundo ela, a Johnson & Johnson contratou a agência DM9, de São Paulo, que subcontratou a Zepelin Filmes, de Porto Alegre, para fazer esse trabalho. “Eles pesquisaram em alguns hospitais da cidade e entrevistaram outras técnicas de enfermagem. Eles buscavam alguém que trabalhasse há bastante tempo em UTI materno infantil e que, de preferência, não tivesse filhos”, contou ela em visita recente à casa da família, aonde vem com frequência para ‘recarregar a bateria’ e encontrar os irmãos, Rosane e Roque, a cunhada Maria de Fátima e os sobrinhos Nataly e João Pedro.

O filme
Foram dois dias de gravação. No primeiro foram feitas as cenas dentro do Hospital Mãe de Deus, como as passagens em que ela relembra alguns dos casos vividos ao longo da carreira e o banho dos quatro ‘bebês’ entrevistados: João Inácio, Alice e os gêmeos Maurício e Bernardo. “Os quatro foram meus pacientes na UTI Neonatal e na época da gravação tinham recebido alta, mas foram selecionados para as filmagens”, cita. Para o segundo dia ficou reservado o encontro com os pacientes, o que para ela, foi uma surpresa. “Eles me disseram que seria uma entrevista fora do hospital. Não sabia de nada. Quando entrei na sala e comecei a ver aquelas projeções com as fotos dos meus bebês fiquei estarrecida. Perguntava-me como eles tinham conseguido aquilo. Não me dei conta que era uma homenagem para mim”, relembra.

A profissional assegura que aquela foi uma das maiores emoções já vivida por ela. “Tive muitas emoções na minha vida: vi o homem ir à Lua, vi o Brasil ser tricampeão, vi o Pelé jogar, vi o Papa João Paulo II quando ele veio a Porto Alegre, vi o nascimento dos meus sobrinhos, mas essa emoção foi completamente diferente pelo fato de ser o resultado do meu trabalho”, emociona-se. Segundo Maria Inês, a produção faz parte de um novo projeto da Johnson & Johnson que, além de mostrar as crianças e os produtos da marca, pretende trabalhar com os sentimentos das pessoas.


Os detalhes de como tudo começou

Como diz a florense Maria Inês Secco, “cada um nasce com um dom”, e parece mesmo que ela veio para este mundo predestinada a cuidar do próximo. Filha de agricultores, quando pequena dedicava-se à lida na colônia na propriedade da família, motivo que a levou a abandonar os estudos. Aos 22 anos mudou-se para Porto Alegre para cuidar de uma tia paterna que teve câncer de mama e passou por um tratamento de radioterapia. O carinho e os cuidados que dispensava à tia Olga chamava a atenção dos familiares que sugeriam que ela deveria ser enfermeira. “Quando terminei o ensino médio optei pelo curso de Auxiliar de Enfermagem, que existia na época. Meu primeiro trabalho depois de formada foi na UTI Neonatal do Hospital da PUCRS, em julho de 1989. Lá fiquei por dois anos e depois fui para o Hospital Mãe de Deus, onde estou há 22 anos.”

Emocionada, ela comenta que não saberia fazer outra coisa na vida senão cuidar dos anjos indefesos que chegam à UTI. “Amo o que faço e cuido dos meus pequenos valentes como se fossem meus filhos. Sempre digo que estou na profissão certa, pois me identifico com aquelas criaturinhas extremamente frágeis e que precisam tanto do nosso cuidado”, cita ‘tia Nês’, como é chamada pelos pacientes e colegas de trabalho.

Prestes a se aposentar, o que deve acontecer daqui a um ano, Maria Inês não sabe precisar quantos pequenos pacientes já foram assistidos por ela. “Não tenho ideia de quantos bebês já cuidei nesses 24 anos, mas posso dizer que foram muitos”, conta. Apesar de ter mais de mil filhos, como sugere o filme, ela lembra com carinho de quase todos. Porém, alguns marcaram mais, como é o caso dos quadrigêmeos Lenice, Letícia, Leonardo e Luana, que no dia 31 de janeiro completaram 18 anos, e de Rafael, de Canoas, que nasceu com 24 semanas, pesando 450 gramas. “O Rafinha ficou conosco cerca de cinco meses e meio e teve diversas intercorrências, inclusive, passou por uma cirurgia cardíaca, aquela que menciono no vídeo. Como acompanhei o procedimento, vi o coraçãozinho dele bater dentro do peito, algo que nunca mais esquecerei. Hoje ele está muito bem e vai completar três anos. Tenho contato com a família e logo farei uma visita a eles”, projeta a profissional, que pretende continuar na ativa mesmo depois da aposentadoria, pois ela diz que ainda tem muito carinho para dar a tantos outros bebês. Disso ninguém duvida.



Maria Inês (C) esteve em Flores no último final de semana de fevereiro. Além de visitar a Fenavindima, ela fez figada com a irmã Rosane (D) e aproveitou para curtir a companhia do irmão Roque (E), da cunhada Maria de Fátima e da sobrinha Nataly. - Mirian Spuldaro
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