Dos papéis aos tecidos
Aquarelista Amanda Falavigna tem artes carimbadas nos vestidos das princesas da Fenavindima, Caroline Foss Lovison, e da Festa da Uva, Letícia de Carvalho
Apaixonada pela arte, que pode ser traduzida pelos traços e cores de suas aquarelas, e movida por colocar sentimento em tudo que faz, a determinada estudante de Arquitetura e Urbanismo, Amanda Falavigna, de 24 anos, deixou seu cargo de servidora pública no início deste ano para se dedicar inteiramente ao universo da arte, por meio da Amalfi Fine Art. A marca, criada e desenvolvida pela artista pradense, deriva de seu nome, ao mesmo tempo em que honra suas origens, pois carrega no significado a comune italiana. Guiada por uma criatividade crescente, desde a infância, ela busca retratar histórias através de suas aquarelas.
Com carinho, Amanda lembra que a arte se faz presente desde seus primeiros anos de vida: “Fiz anos de ateliê, dei aulas e passei por muitas as fases possíveis que um artista possa experimentar: tinta de tecido, bordados, colagens, tinta a óleo e acrílica para finalmente me encontrar na fluidez da aquarela”. Os primeiros passos em direção a criação da Amalfi Fine Art foram dados no início da pandemia, em 2020: “Minhas primeiras aquarelas foram desastrosas, rasguei muito papel, ficaram opacas e sem vida. Vi que precisava me especializar. Comecei, então, a fazer diversos cursos, com artistas do mundo todo”, relata a jovem, que completa dizendo que a paixão surgiu ao longo do processo.
Movida e apaixonada pelo desafio de uma arte que, segundo ela, exige prática e dedicação, Amanda foi posta à frente de um novo desafio. Em abril deste ano, a aquarelista foi convidada pela princesa da 15ª Fenavindima, Caroline Foss Lovison (a época embaixatriz), para criar aquarelas para seu vestido, que seria utilizado na noite de escolha da corte. Para Amanda, a liberdade de criação foi decisiva para que ela aceitasse o trabalho: “A Carol sempre expôs o que gostaria de retratar em seu vestido e me deu a liberdade de criar algo único. Ela me ganhou com a história e, sem dúvidas, eu me encantei pelo processo”.
Para a artista, acostumada com papéis, aquarelar em tecido foi desafiador: “Obviamente, tecidos não são como uma folha, com gramatura e textura corretas. Tinta têxtil é muito mais difícil de se trabalhar, se errar não tem volta”, explica ela, ao mesmo tempo em que conta que envolveu a família toda no processo, e perdeu noites de sono por conta do tingimento do tecido, que precisou de mais de seis camadas.
Esforço que valeu a pena somado ao ingrediente principal da inspiração. Essa surgiu após algumas reuniões, nas quais Caroline contou o que idealizava: retratar a força da mulher, a uva, o vinho e a colheita. A artista revela que sua inspiração para as composições surgiu em diversos momentos, mas lembra que um deles foi no Corpus Christi, quando teve a ideia de fazer a Santa (uma das ilustrações do vestido) frontal e bordada, com o intuito de não conflitar visualmente com os demais elementos. “Todas as cores foram baseadas na colheita, fazem alusão ao centenário da colheita, pontos idealizados por nós, pois eram aspectos e cores que a Carol gosta”, detalha Amanda, acrescentando que o trabalho se deu em conjunto com a estilista responsável pela criação do vestido da princesa, Juliana Lazzari.
Além das aquarelas para o vestido de Caroline Foss Lovison, a jovem também desenvolveu artes para o vestido de Letícia de Carvalho, atualmente princesa da 34ª Festa Nacional da Uva. “A Letícia conhecia um pouco do meu trabalho e através de conversas falamos em algum momento sobre artes. Então, falei sobre meu trabalho, como funcionava, também parabenizei pela iniciativa e vontade em representar a Festa da Uva, ali eu pude perceber o quão dedicada e quanto amor ela tinha por tudo isso. Dias depois, ela me surpreendeu quando disse que gostaria de uma arte para o vestido dela”, lembra Amanda, que revela que o prazo para a entrega era de apenas 10 dia e que o vestido de Letícia foi idealizado pela estilista Marina Calza.
Pode-se dizer que a estreia da aquarelista no universo dos tecidos foi feita com ‘chave de ouro’, afinal, hoje, seu trabalho é carregado por duas princesas de duas grandes festas, em diferentes cidades: a Festa Nacional da Vindima – Fenavindima, de Flores da Cunha, e a Festa Nacional da Uva, de Caxias do Sul. Parece até sonho de infância: “Lembro que, sempre, minha vida toda, assisti Festa da Uva, os desfiles de miss, acompanhava o voluntariado das soberanas e sempre admirei essa devoção por representar a cidade e suas festas”, relata Amanda, convicta em poder estar contribuindo para esse sentimento de pertencimento ganhar forma.
Para a artista, seu trabalho foi ressignificado: “As meninas me mostraram um novo propósito, a minha arte, creio que devo a elas esse sentimento. Vibrei com elas, fiquei muito feliz pelo carinho e reconhecimento”, ressalta a aquarelista, que confessou que só sentiu a dimensão de tudo que estava vivenciando quando enxergou sua arte entrando na passarela, em forma de vestido, e ouviu seu nome sendo dito. “Isso é de arrepiar, você vê o sonho virar algo concreto, um projeto ganhar vida. Foi muito emocionante”, conclui.
Amanda Falavigna é natural de Antônio Prado, cidade onde reside e que também é berço de sua marca, Amalfi Fine Art. O trabalho da artista pode ser acompanhado pelo Instagram @amalfineart, e as aquarelas podem ser encomendadas via WhatsApp pelo (54) 9.9677.5410.
0 Comentários