Expressões

Há quase duas décadas o florense Thelson Rizzo, de 45 anos, trocou o volante pela tesoura. Apaixonado por animais, o então proprietário de uma empresa de transporte escolar decidiu vender tudo e se aventurar em busca da realização de seu sonho: montar um pet shop. Assim nascia, no município de Caxias do Sul, o Centro Estético e Pet shop Pet Star que, há cerca de cinco anos, mudou-se para Flores da Cunha, a cidade natal de Rizzo. 
Por aqui ele foi ganhando novos clientes e, muitos deles, somaram-se a cartela de fixos, tanto que, nas situações em que viaja para ministrar cursos ou participar de competições – ele atua como groomer de uma marca de shampoos e cosméticos para pets – eles aguardam seu retorno para dar banho nos bichinhos, afinal, em seu empreendimento, a esposa ajuda nas vendas de produtos da linha pet, mas ele é o único responsável pelo banho e tosa dos animais. “Quando fui competir fora, em Córdoba, na Argentina, os clientes torceram pra caramba por mim, foi uma enxurrada de mensagens; sinal de que a gente está no caminho certo. O fato de sair da zona de conforto e ir para uma competição internacional, se dedicar, e o cansaço de sair de uma competição e já entrar em outra, porque tem que chegar lá, preparar os cães, deixar de banho tomado (ele costuma levar alguns daqui, como uma Shih Tzu sua, e outros alugar por lá) tudo isso se torna gratificante”, revela Rizzo, orgulhoso em ter conquistado dois certificados de 2º lugar na categoria profissional.
Logo após ter aberto seu empreendimento e feito diversos cursos de capacitação em São Paulo, há cerca de 15 anos, o florense descobriu uma nova paixão neste universo: a de participar de disputas de banho e tosa. “Minha amiga de São Paulo me convidou para uma competição, e eu decidi que iria. Fui com aquele intuito de que se não ganhasse, pelo menos iria adquirir experiência. Ia ser julgado, porque a maioria das competições que a gente vai, aqui no Brasil, são juízes internacionais. Essa foi a primeira que eu fui, sem experiência nenhuma. Eu já sabia tosar, mas tosar do meu modo, a partir dos meus cursos”, lembra, acrescentando que alcançou o 3º lugar neste primeiro torneio. 
Desde então, a participação de Rizzo passou a ser frequente nas competições nacionais, que ocorrem sobretudo em São Paulo, chegando a ter conquistado três primeiros lugares. Por outro lado, de acordo com ele, a presença em campeonatos internacionais exige muito mais logística, por isso são mais difíceis de participar, não devendo ocorrer mais de uma vez ao ano.
Além dos bons resultados, o groomer explica que o que motivou a seguir com os concursos foi a visibilidade que eles proporcionam para as marcas que ele representa: “Primeiro eu quis me autodesafiar, que é o que as pessoas deveriam fazer e não fazem. Depois, como ministro muito treinamento e consultoria em pet shop no estado todo e já fui a Brasília, Maceió, São Paulo nos pets pela linha de cosméticos que eu sou referência, aí comecei a focar nisso e senti necessidade”, detalha, revelando que via trabalhos fantásticos na internet e almejava, um dia, conseguir realizá-los também. 
Pode-se dizer que, o dia a dia de Rizzo é, de certa forma, uma preparação para os torneios, contudo, antes dos dias em que ocorre, é fundamental atentar para algumas informações: “A gente estuda muito o juiz, porque o juiz de cada país tem um perfil diferente. Por exemplo, os americanos não gostam muito de detalhes no cachorro, de enfeites. Já os europeus gostam. E a preparação toda do animal, o ano inteiro a gente vem cuidando da pelagem, hidratação, texturização, tem todo um preparo para poder estar com aquele pelo perfeito, porque os juízes são muito detalhistas”, adianta, acrescentando que  a avaliação parte do banho, da unha, da tosa higiênica e da higiene do ouvido, e que é importante arrancar com uma pontuação boa para o caso de perder algum ponto.  
Perfeccionismo que o groomer segue à risca em seu empreendimento: “Eu gosto que o cachorro saia daqui perfeito. Na visão do proprietário ele pode estar lindo, maravilhoso, mas a gente quer se sentir satisfeito em fazer um trabalho bacana”, frisa, destacando que considera um de seus diferenciais o fato de valorizar o bem-estar animal, sendo considerado por muitos clientes referência em tosa de Spitz Alemão. 
“No início pensei várias vezes em desistir, o cachorro pulava em cima da mesa e tentava me morder, pensei que não era para mim. Mas aí, com o tempo, eu comecei, porque quando a pessoa não tem habilidade é esse pensamento que ela tem, mas a partir do momento que tu sabe o que fazer com aquele determinado animal, tu vai lá e faz, tu vê que é fácil. E hoje eu me sinto bem realizado em ver alunos meus competindo comigo, é sinal que eles aprenderam e que eu consegui ensinar”, comemora Rizzo, que a cada dia revela buscar aprender cada vez mais, seja ministrando cursos, participando de competições, ou no próprio dia a dia, com seus alunos ou no pet shop.