Esporte

Uma luz no fim do campo

Nos últimos anos, o futebol de campo vem perdendo espaço, mas a união de Flores da Cunha e Nova Pádua pode ser a solução

Ainda presente na memória dos jogadores de futebol, é comum ouvirmos histórias dos grandes clássicos entre equipes florenses e paduenses, nos anos de 1980. Daqueles jogos que lotavam o municipal de Flores da Cunha e os campos no interior de Nova Pádua. Com o objetivo de retomar a disputa do futebol de campo, os departamentos de esportes dos dois municípios estudam a possibilidade de organizar um campeonato com a participação de equipes de Flores da Cunha e Nova Pádua.
O assunto veio à tona na Sessão da Câmara de Vereadores paduense, no dia 11 de outubro, onde foi aprovado por unanimidade a indicação do vereador Antônio Rode, onde solicita a prefeitura que estude a possibilidade da criação de um Campeonato Integração de futebol de campo junto ao município de Flores da Cunha.
O diretor de Esportes de Nova Pádua, Samoel Pauletti, 30 anos, lembra que antes do início da pandemia conversou com o então diretor de Flores da Cunha para reunir as equipes dos dois municípios. 
“Infelizmente os campeonatos foram paralisados e só conseguimos retomá-los neste mês. Até o final deste ano o calendário esportivo de Nova Pádua está fechado. Se tivermos interesse das equipes, é claro que estaremos realizando a competição. Não podemos deixar que o futebol de campo acabe”, frisa Pauletti.
O vice-prefeito e dirigente do Esporte Clube Paduense, Inácio Sonda, 62 anos, recorda a época em que Nova Pádua teve a participação de 13 equipes, quando as comunidades do Travessão Mutzel e Leonel participavam com dois times. “Em 2008, os atletas que atuavam pela equipe da sua comunidade só podiam jogar por outra agremiação se os dirigentes assinassem a liberação. Nos anos seguintes o regulamento foi alterado e os atletas podiam atuar onde quisessem. Essa mudança enfraqueceu as equipes do município”, lamenta. 
Para Sonda, a rivalidade entre as equipes de Nova Pádua e Flores da Cunha era muito grande. “Impossível esquecer os jogos marcantes do Paduense contra o C.E.R Cruzeiro, São Cristóvão, Mato Perso”, relembra. Inácio explica que o futebol de Nova Pádua perdeu força porque a questão financeira começou a prevalecer na montagem das equipes. “As comunidades se mantém com os recursos das festas dos padroeiros e com o dinheiro da ‘bodega’ e não tem recursos para investir no futebol”, argumenta. 
Segundo o vice-prefeito, para que essa competição com times dos dois municípios aconteça, é preciso chamar todos os grupos interessados em participar e esmiuçar muito bem cada detalhe do regulamento. “Que não seja uma competição imposta pelos departamentos de esportes e as equipes sejam obrigadas a aceitar simplesmente para se ter a competição”, finalizou Sonda. 

A visão florense
Para o diretor de Esportes do Clube Esportivo Cruzeiro, Nei Rigo, 52 anos, o futebol de campo de Flores da Cunha tem perdido espaço porque outras competições estão ganhando força, como por exemplo o futebol 7, que hoje é o grande destaque no calendário esportivo florense. “A realização do campeonato com equipes de Flores da Cunha e Nova Pádua seria uma ótima ideia para a retomada do futebol de campo. No primeiro semestre temos outras competições como o futebol de campo categoria veteranos, o citadino de futsal e o máster de futebol 7. Esse certame poderia ser disputado no segundo semestre”, evidencia. 
De acordo com Rigo, as equipes que possuem CNPJ estão morrendo e, as que ainda estão em atividade, devem isso aos sócios: são os casos do C.E.R Cruzeiro, São Cristóvão, Mato Perso, Rosário, entre outros. 
Segundo o responsável pelo futebol do Esporte Clube Ferroviário, Eduardo Tormen, 26 anos, uma dificuldade de manter o futebol de campo deve-se ao fato das equipes precisarem de no mínimo 16 ou 17 atletas para disputar uma competição, diferente do futsal que necessita de um número menor. Para ele, o que esvaziou o futebol de campo foi a liberação de atletas para atuarem em Nova Pádua e Flores da Cunha simultaneamente. “Os atletas assumem o compromisso e depois, no decorrer dos campeonatos, acabam deixando alguma equipe na mão e, por conta disso, alguns clubes acabam não fazendo time”, resumiu Tormen, que é a favor do campeonato com equipes de Flores da Cunha e Nova Pádua.  
A mesma visão também é destacada pelo vice-presidente do Esporte Clube São Cristóvão, Tiago Mazzarotto, 26 anos, que reforça que o futebol de campo de Flores da Cunha está perdendo força por conta do dinheiro que as equipes estão investindo para formar os elencos. “Em 2019, quando conquistamos o nosso 9º título municipal, informamos que o clube pagaria apenas churrasco e cerveja após os jogos. Se algum atleta quisesse dinheiro para jogar estava livre para procurar outro time”, conta Tiago.
Tiago enxerga com bons olhos um campeonato com equipes florenses e paduenses. “É importante termos uma competição mais longa, com mais jogos, caso contrário não adianta organizar time, confeccionar uniforme, comprar equipamentos para jogar quatro ou cinco jogos”, completa o dirigente. 
O diretor de esportes do S.E.R.C. Corinthians, de Mato Perso, Ismael Basso, 29 anos, já vinha conversando, há alguns anos, que a realização de uma competição entre os dois municípios seria a saída para evitar o término do futebol de campo. “No campeonato Interbairros de 2017, na qual o Corinthians sagrou-se campeão, eram 14 times e, na ocasião, a comunidade de Mato Perso ficou mais próxima com o envolvimento e o engajamento com o time”, relata. 
Ismael explica que o futebol de campo move o Corinthians e a comunidade de Mato Perso. “Conquistamos o municipal em 1993 e 2003 e, esses títulos são lembrados até hoje. Me coloco à disposição para participar das reuniões e debater a realização de um campeonato entre os dois municípios”, resume o diretor.

O que diz o Desporto
O diretor do Departamento Municipal de Desporto de Flores da Cunha, Vagner Do Canto, informa que o DMD fará o possível para que o futebol de campo seja retomado e tenha maior espaço no calendário esportivo de Flores da Cunha. “Vamos conversar com o prefeito César Ulian, com o vice, Marcio Rech, assim como o Samuel Pauletti conversará com o prefeito e o vice de Nova Pádua e, se acharmos oportuno a realização de um campeonato entre os dois municípios, certamente estaremos fazendo”, garante Vagner.
Segundo o diretor, o importante é elaborar uma competição que venha para ficar. “Não adianta organizarmos um campeonato para 2022 e, em 2023, já não aconteça. Queremos, em primeiro lugar, prezar pela disciplina, com regras e punições bem claras para que a competição comece e termine com respeito entre atletas e comissões técnicas. Pensando nisso, caso o certame saia do papel, veremos a condição de realizar jogos em campos que ofereçam segurança e os DMDs estudarão a possibilidade de contratar uma arbitragem federada”.

Última participação do E.C Paduense no futebol de campo de Nova Pádua foi em 2016. Desde então o campo, localizado próximo à cidade, está abandonado. - Maicon Pan/ Divulgação
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário