Esporte

“Fico sem comer, mas não sem jogar futebol”

Oscar Fabro é um exemplo de jovialidade e, aos 74 anos, mostra que tem energia de sobra

Viver até os 74 anos é uma bênção. Se for mantendo uma atividade física periódica então, melhor ainda. Essa é a rotina do ex-atleta profissional Oscar Fabro, com 74 anos, completados na quarta-feira, dia 6, que mantém a vitalidade e preparo físico para atuar como goleiro. Os amigos se reúnem duas vezes por semana para jogar e relembrar as histórias marcantes do futebol.
Com 15 anos de idade, Oscar já assumiu a titularidade no gol do Brasil da Linha Müller, comunidade onde nasceu, no interior de Farroupilha. Aos 17 anos atuava na equipe profissional do Canarinho, também de Farroupilha. Na década de 1970, quando passou a morar em Flores da Cunha, disputou os campeonatos do SESI em Caxias do Sul, conquistando inúmeros títulos. Fabro defendeu as cores do São Pedro, da Linha 100, Morro do Sabiá e C.E.R. Cruzeiro. Jogou durante 25 anos pelas equipes do Lions Clube e atuou também em diversas categorias defendendo a Sociedade Recreativa Aquarius. “Em Flores da Cunha joguei por tantas equipes que é difícil até lembrar, mas acredito que tenha jogado junto com, no mínimo, 500 jogadores. Eram tantos convites para jogar que, se aceitasse todos eles, jogaria todos os dias”, recorda Fabro.  
Em 1986, o atleta teve a primeira fratura e, chegou a pensar que não jogaria mais futebol: “Estava na melhor fase da minha carreira quando fraturei a tíbia e a fíbula. Não conseguia me ver longe do futebol e, como a parada para a recuperação seria grande, resolvi fazer o curso de árbitro de futebol de campo e futsal. Como árbitro da Federação Gaúcha apitei partidas do Brasil de Farroupilha, Lajeadense, juniores do Juventude, Glória de Vacaria, entre outras equipes do estado”, recorda, complementando que também fraturou o tornozelo, a clavícula e alguns dedos das mãos. 
De acordo com Fabro, se tivesse empresário e condições financeiras teria conseguido jogar por grandes equipes do futebol profissional: “Por ser do interior, meus pais trabalhavam na agricultura e as coisas não eram nada fáceis. Vendo o nível de goleiros que atuam hoje no futebol gaúcho e brasileiro tenho certeza que teria me destacado”, frisa ele.
No início dos anos 1980, o esportista passou a jogar mais por diversão. Foi quando um grupo de amigos se reuniu para jogar, nas terças-feiras, na quadra de esportes da Escola São Rafael. “Algum ou outro jogador mudou, mas é praticamente o mesmo grupo que iniciou lá atrás e joga até hoje. É uma satisfação enorme porque além do futebol temos uma amizade muito forte”, destaca ele, que, alguns anos depois, foi convidado por outro grupo de amigos para jogar nas quintas-feiras, também na quadra da Escola São Rafael.  
De acordo com o empresário, Neuri Fiorese, de 52 anos, o grupo das terças-feiras é uma família, onde todos se querem bem e, ao final dos jogos, o resultado é o que menos importa: “O que marca é ver o Oscar jogando com 74 anos, rápido como um gato e com muitos reflexos. É impressionante o que ele faz atuando como goleiro. Comparado a outros goleiros bem mais novos, o Oscar está de parabéns porque ele esbanja habilidade”, elogia. 
Amigos de longa data, Fiorese relata que não é fácil marcar gols no goleiro Oscar. “Têm dias que ele está inspirado e faz defesas incríveis. Desejo que essa amizade perdure por muitos anos, até que nossas pernas nos deixem praticar esse esporte. Tomara que Deus me dê essa graça de chegar próximo da idade do Oscar podendo jogar”, frisa.  
O empresário, Joaquin Osvaldo Sandi, de 72 anos, joga há cerca de três décadas com o goleiro Fabro. De acordo com ele, a cada jogo as equipes são modificadas para não virar ‘panelinha’. “Dentro de quadra existe muita cobrança, acontecem algumas divididas mais fortes, mas depois do jogo a amizade prevalece. Sempre digo para todos que enquanto tivermos saúde precisamos aproveitar esses momentos que vamos guardar na nossa memória. Que continuemos com essa amizade entre todos”, destaca Sandi.
Pelo que depender de Fabro, essas amizades, bem como as partidas de futebol, terão vida longa. “Ao caminhar pelas ruas de Flores da Cunha, me cumprimentam e acenam. São os companheiros de futebol, que fizeram parte dessa minha trajetória de 60 anos. Isso tudo é muito gratificante. Eu ficaria até sem comer, mas não sem jogar futebol”, enfatiza, agradecendo o apoio da esposa, Vera Luiza Fabro, e dos filhos, Ana Carolina e Rodolfo.
Oscar Fabro finaliza enaltecendo que o futebol fez e ainda faz parte da sua vida. “Olhando para a minha trajetória, espero que venham mais alguns anos de futebol. A minha vontade é de continuar, de seguir jogando. Quando não consigo jogar na terça ou na quinta-feira, sinto falta. Virou um hábito, um costume, uma necessidade de me encontrar com os amigos”, conclui.

Oscar Fabro, segundo da esquerda para direita, à frente, joga todas as quintas-feiras com outra turma de amigos. - Maicon Pan/ Divulgação
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