Saúde

Queimadas fazem com que a poluição atmosférica em Flores da Cunha fique 17 vezes pior do que o indicado pela OMS

O município registra índice de qualidade do ar inferior a São Paulo e Fortaleza. Governo Estadual e pneumologistas recomendam que a população fique atenta à saúde em virtude das baixas condições do ar no momento.

O ar em Flores da Cunha está insalubre. Isso é o que indica o Índice de Qualidade do Ar (IQA) divulgado em tempo real pela IQAir, empresa suíça de tecnologia de qualidade do ar. Coberto pela fumaça de queimadas, o município registrou nesta sexta-feira (13) um IQA de mais de 170 e poluição atmosférica superior à 88 µg/m³, que é 17,6 vezes superior ao valor anual de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS). Governo Estadual e pneumologistas recomendam que a população tenha atenção à saúde, que pode apresentar alterações por conta do ar inalado no momento.

A previsão para os próximos dias é que o índice baixe gradativamente até terça-feira (17). Contudo, a partir de quarta-feira (18) a tendência é que o IQA volte a subir conforme a própria ferramenta da empresa suíça.

Em pesquisa publicada no mês passado, a IQAir constata que pelo menos nove estados brasileiros, inclusive o Distrito Federal, apresentam o ar em condições insalubres devido aos efeitos da fumaça provenientes de incêndios florestais e queimadas que acontecem no território nacional. O pneumologista cooperado da Unimed Serra Gaúcha Marcelo Zanchetin alerta sobre como a qualidade do ar respirado pode afetar a saúde.

— Muitos estudos têm sido feitos para se analisar o papel crônico que as fumaças exercem sobre a saúde e é muito em virtude do material particular do que elas contêm. Se observa que as alterações são perceptíveis, podem envolver tanto o sistema cardiovascular com aumento de risco de doenças cardíacas, neurológicas e crônicas, como alterações também referentes ao sistema imunológico com maior risco de surgimento de pneumonias, infecções respiratórias e também da parte de infecções de vias aéreas superiores — afirma.

Conforme dados divulgados pelo IQAir, Flores da Cunha registrou ao meio-dia desta sexta-feira concentração do principal poluente (PM2.5) de 88,2* µg/m³. O número é 17,6 vezes superior ao valor anual de referência da OMS para a qualidade do ar. Ao longo da manhã o município também registrou IQA de 174, indicando as condições do ar como insalubre. Em contraste, São Paulo registrou um IQA de 154, enquanto Fortaleza marcou 11, o melhor índice nacional, considerando apenas as capitais brasileiras.

Segundo Zanchetin, com isso é possível observar a exacerbação de doenças respiratórias crônicas como a asma, a bronquite, a rinite alérgica, aumento de risco cardiovascular, inflamação nos pulmões, nos rins, no fígado e inclusive alterações cerebrais como alteração do sono e alteração da capacidade de concentração.

— Esse é um fato que é presente não só no Brasil, mas no mundo inteiro. As fumaças provenientes dos incêndios florestais e das queimadas costumam transitar grandes distâncias e afetar largos territórios. Então nós temos que estar atentos a essa possibilidade e saber que a nossa saúde também pode apresentar alterações em virtude dessa baixa qualidade do ar inalado no momento.

O médico especialista em Medicina Interna e Pneumologia, Luciano Bauer Gröhs, também alerta ao cuidado redobrado. Ele, que é coordenador médico de Medicina Preventiva do Círculo e professor da UCS, explica que este é o momento ideal para que os fumantes diminuam ou parem de fumar, inclusive cigarros eletrônicos.

— No caso de sintomas, como tosse, secreção e catarro, ou mesmo sangramento nasal, deve-se buscar consulta médica, especializada. O médico especialista em doenças respiratórias, (pneumologista) poderá realizar exames que ajudam a avaliar a capacidade respiratória ou personalizar medicações que equilibrem a inalação de produtos nocivos.

O pneumologista explica que por conta da distância dos focos de queimadas, o risco de intoxicação aguda pela fumaça diminui, diferente de outros lugares mais afetados no Brasil, que registraram internações em UTI e crises severas em pacientes com doenças respiratórias.

 

O Índice de Qualidade de Ar (IQA)

De acordo com o índice elaborado pelo IQAir, a qualidade do ar é classificada em diferentes níveis.

  • Notas de 0 a 50 indicam uma qualidade do ar considerada boa.
  • Entre 51 e 100, a qualidade é moderada.
  • Faixas de 101 a 150 são consideradas insalubres para grupos sensíveis.
  • Níveis de 151 a 200, como os observados em Flores da Cunha, são considerados insalubres para a população em geral.
  • A qualidade do ar é extremamente insalubre quando os índices variam de 201 a 300.
  • Níveis acima de 301 são classificados como perigosos.

 

Saiba como se proteger

Além de monitorar a qualidade do ar e o índice de poluentes, a IQAir recomenda que a população evite exercícios ao ar livre, feche as janelas para evitar o ar externo sujo, utilize máscara ao ar livre e, se possível, use purificador de ar.

O governo do Rio Grande do Sul também divulgou nas redes sociais nesta quinta-feira (12), recomendações para a população se proteger dos efeitos das fumaças provenientes dos incêndios florestais e das queimadas que estão afetando o estado. Confira abaixo as indicações abaixo:

  • Nos próximos dias, pode ocorrer o fenômeno de chuva preta. Não utilize esta água, pois pode estar contaminada.
  • Se tiver sintomas respiratórios, procure atendimento médico.
  • Beba mais água.
  • Evite atividade ao ar livre e mantenha portas e janelas fechadas.
  • Redobre o cuidado com crianças, idosos e gestantes.
  • O uso de máscaras pode ajudar na proteção contra a fumaça em ambientes externos.

Para quem tem problemas cardíacos, respiratórios e imunológicos é recomendado cuidados redobrados.

  • Mantenha medicamentos prescritos pelo médico disponíveis para crises agudas.
  • Busque atendimento médico se tiver sintomas de crises.
 - Paola Castro
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