Como as lombadas do Pérola fizeram subir o tom na Câmara de Vereadores
Falta de informações sobre a retirada dos equipamentos levou a insinuações e cogitação de bloqueio da rodovia estadual pela população
A sessão ordinária da Câmara de Flores da Cunha acontecia de forma protocolar e parecia se encaminhar para um rápido final. Contudo, no momento das explicações pessoais, foi levantado o assunto dos radares de velocidade na ERS-122, no bairro Pérola, que tiveram a instalação anunciada no dia 4 de setembro e foram retiradas na última sexta-feira (27). A falta de informações levou a manifestação de seis dos nove vereadores, que subiram o tom com diversas insinuações e até a cogitação de protestos e bloqueio da rodovia estadual.
A primeira meia hora repetiu o "protocolo" das últimas sessões. Os vereadores Luiz André de Oliveira (Republicanos) e Horácio Rech (PL) dispensaram o espaço do grande expediente. O único a subir na tribuna foi Diego Tonet (PP), que comentou sobre a reta final campanha eleitoral e a matéria do jornal O Florense sobre a falta de votos contrários na atual legislatura.
A polêmica só iniciou aos 39 minutos da transmissão da sessão pelo YouTube, no canal da própria Câmara florense. O primeiro a citar os radares foi o vereador Vitorio Dalcero (MDB).
— Uma pequena colocação sobre a retirada das lombadas eletrônicas lá do bairro Pérola: precisamos ter uma explicação. As lombadas trazem segurança. Essas questões precisam ser trazidas. Não podemos estar insinuando, de achar que é um ou é outro. Que a Administração Municipal busque trazer uma explicação porque a comunidade está esperando estas respostas.
O próximo a falar foi o vereador Ademir Barp (MDB), que lembrou a audiência pública do dia 18 de março com o diretor-presidente da concessiária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), Ricardo Peres.
— Gostaria de manifestar indignação e perplexidade coma retirada. Esta medida deveria estar em pleno andamento, mas foi abruptamente interrompida e até agora não há uma explicação com justificativa plausível da Adminitração. O que vimos, infelizmente, foram insinuações que a decisão tenha alguma relação com questões eleitorais ou políticas, o que é inadmissível. Por que uma medida tão necessária foi interrompida? — questionou, citando veladamente um vídeo divulgado em redes sociais do prefeito em exercício, Marcio Rech.
A resposta da situação veio pelo vereador Diego Tonet (PP).
— A respeito das lombadas, acredito que todos nós, vereadores, somos a favor. Certamente deve ter, sim, uma explicação, colega Barp. Falaste de discursos infundados, mas acredito que também não é o momento de usar deste momento para fazer política, às vésperas das eleições. Não tirar "trechinhos" daqui de dentro e ficar largando em redes socias para usar da mesma moeda para dar resposta. Em breve, deverá ter uma explicação.
O vereador Angelo Boscari Junior (PDT) foi seguinte, afirmando que tinha sido questionado pela comunidade sobre a retirada "misteriosa" e que procurou a prefeitura, que não tinha respostas. O pedetista citou o vídeo do vice-prefeito Marcio Rech (PL). O parlamentar lembrou que o Daer, órgão estadual, é quem regulamenta a rodovia e concessão da CSG, mas fez cobranças à prefeitura.
— Quem perde na situação é o bairro Pérola. Fizemos audiência públcia e todos os vereadores são favor de redutores de velocidade ali, afinal é uma rodovia que passa em meio a Flores da Cunha. Quem precisa dar esta resposta e explicação é a prefeitura municipal. A meu ver, foi uma obra acelerada para inaugurar e mostrar este trabalho antes da eleição — opinou.
O vereador Luiz André de Oliveira (Republicanos) usou da declaração de líder para subir o tom.
— Por diversas vezes estive em Porto Alegre, junto aos moradores do bairro Pérola, para reinvidicar estas lombadas eletrônicas. Vamos buscar informações junto a Secretaria de Transportes e Logística do Rio Grande do Sul. Caso contrário, se não tivermos informações cabíveis sobre o que houve, a população está a fim de trancar a rodovia ali. Assim, garanto que vai aparecer o que houve naquela localicade. O povo do bairro Pérola não é palhaço. Tudo que foi trabalhado para ter estas lobamdas e, duma hora para outro, foi retirada. Se não tivermos informações corretas, pode ter certeza que haverá uma grande mobilização e o fechamento desta rodovia.
O líder do PP, Clodomir José Rigo, também solicitou a palavra sobre o "assunto que está tona do final de semana".
— É muito deselegante da parte de alguns colegas vir apontar o dedo. A Administração Pública não tem intervenção sobre esta obra, que é estadual, pois é uma via estadual. Qualquer um de nós temos a obrigação de buscar a verdade. Simplesmente, chegam aqui apontando o dedo. A verdade tem que aparecer e a comunidade não tem culpa. Talvez estejamos aqui fazendo uma tempestade em copo de água — comentou.
O que diz a concessionária:
Procurada pela reportagem, a CSG emitiu uma nota informando que os redutores de velocidade instalados no bairro Pérola eram equipamentos de teste e por isso foram retirados. Conforme o comunicado, a definição dos pontos oficiais onde deverão ser instalados os radares de valocidade dependem do poder concedente e tem prazo até 31 de janeiro de 2025 para instalação.
O que diz a prefeitura:
"Nota oficial da Prefeitura de Flores da Cunha
A Prefeitura de Flores da Cunha informa à comunidade que, após anos de esforços junto às autoridades competentes, conseguimos viabilizar a instalação de redutores de velocidade no Km 93, da ERS-122, no bairro Pérola.
No dia 4 de setembro, a Assessoria de Imprensa da Concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), responsável pela execução do serviço, comunicou que o trânsito no local estaria operando em ‘pare e siga’ devido à instalação das lombadas – sem mencionar que seria para um período de testes.
Os redutores de velocidade foram removidos na última sexta-feira, dia 27, sem qualquer aviso prévio à administração municipal. Imediatamente, solicitamos esclarecimentos formais à CSG sobre o ocorrido. A empresa confirmou o recebimento do nosso ofício e informou que a solicitação foi encaminhada ao setor responsável, mas, até o momento, não recebemos uma explicação oficial sobre os motivos da retirada.
Reiteramos nosso compromisso com a segurança e a proteção de todos moradores do local e aguardamos uma resposta concreta da CSG para que possamos manter a comunidade informada e tomar as medidas necessárias."
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