Seis décadas de amor a nossa música
Com a renovação de integrantes e um novo repertório, a Banda Florentina completa seis décadas de música neste sábado (7). Em comemoração ao seu sexagésimo aniversário, o grupo fará um show gratuito na Praça da Bandeira e exibirá um documentário sobre a história da banda. A celebração iniciará logo após o encerramento do Desfile Cívico, por volta das 18h30min. A produção audiovisual, com duração de 30 minutos, foi financiada em R$ 23 mil pela Lei Paulo Gustavo.
— Nós somos uma família.
É assim que o atual presidente da Florentina, José Luís Guarese, 32 anos, define a banda. Ele iniciou no grupo em 2001 quando tinha apenas 9 anos. Guarese conta que, atualmente, o grupo é formado por 12 músicos e, no último ano, mudou totalmente seu repertório, colocando um catálogo de Rock, Blues e Soul. A mudança também veio no nome: agora, o grupo é uma Big Band e passou a se chamar Florentina Rock n' Soul.
— Tenho amizade com os mais novos e com os mais velhos (que formaram a banda). Foram eles que chamaram os integrantes afastados da banda (Guarese ficou fora de 2009 a 2020) e falaram sobre as dificuldades que a Florentina passava. Eles não estavam tocando e tinham problemas financeiros. E com isso, pediram ajuda. Musicalmente, hoje, nós estamos muito próximos de uma orquestra. Temos qualidade nos instrumentos, na música, como banda. Temos uma boa sede e confiamos em todos os integrantes da banda. O nosso desafio é formar mais músicos — explica Guarese.
O saxofonista Valdocir Fioreze reforça o discurso e afirma que a Florentina é a sua segunda família. Com mais de 40 anos no grupo musical, Fioreze é o músico com mais tempo de banda. O amor dele pela música é um legado da família.
— Sou filho de imigrantes italianos. Minha mãe (Graciema) e meu pai (Casemiro) sempre gostaram de música. Quando era pequeno, eles me levavam junto aos almoços de domingo. Eles eram convidados a cantar nos Irmãos La Salle, onde hoje é a prefeitura, e cantavam músicas italianas. Fui adquirindo essa vontade de cantar e conhecer a música. Em 1976, comecei a estudar música e, dois anos depois, ingressei na banda e comecei a tocar clarinete. Gostava da participação de todo mundo ao redor de uma mesa com cavalete. Colocávamos o instrumento em cima da mesa com um garrafão de vinho e tocávamos e ensaiavamos — relembra.
Em relação a sua participação na Florentina, Fioreze afirma que no grupo “não existem estrelas, apenas o amor”. O saxofonista destaca que a música é universal, sendo também uma criação divina.
Sobre o legado que a banda construiu desde a sua fundação, Fioreze garante que é o amor pela música e o amor entre os integrantes. Uma trajetória que já está marcada na história de Flores da Cunha, formando dezenas de músicos locais e animando centenas de eventos por toda região.
A Banda Florentina
A Florentina nasceu como uma banda folclórica que tocava músicas italianas e brasileiras, que iam de samba até orquestras mais familiares. A fundação remete a 7 de setembro de 1964 por um grupo de percursionistas da Escola São José. A primeira formação teve Armindo Zamboni, Remi Toscan, Mateus de Godoy, Domingos Rizzon, Assis Brasil Lavoratti, José Rech Oldra, Alcides Corso, Arthur Corso, Hilário Sgarioni, Claudino Mambrini, Plínio Ciochetta, Antônio Carlos Finger e Rony Montanari.
No início, os ensaios eram realizados no salão paroquial. No ano seguinte, a prefeitura doou um terreno no Centro para a construção de uma sede própria. O prédio ficou pronto na década de 1970, com os valores das mensalidades pagas pelos membros. A Florentina recebeu também doação dos instrumentos musicais da antiga banda Giuseppe Garibaldi.
A primeira apresentação, ainda em 1964, foi em uma festa de São Pedro, na Paróquia de Flores. Naquele início, o repertório era típico e tinha a regência do maestro João Gobbi. Foi com a regência do maestro Elírio Toldo que o repertório passou a integrar canções italianas.
Desde a fundação, a banda é um hobby para os integrantes, que conciliavam as tarefas profissionais com a dedicação a música. O nome Florentina foi indicado por um dos fundadores, Assis Brasil Lavoratti, como sendo uma fusão entre Flores da Cunha e Nova Trento (primeiro nome do município).
Escola de música
Com o lema de formar músicos, seja para atuar na Banda Florentina ou para integrar projetos musicais futuros, a Escola de Música Florentina foi inaugurada em dezembro de 2023. As aulas acontecem na sede da banda, na Rua Júlio de Castilhos, 2.468, no Edifício Maestro.
O gestor da escola é Felipe Corso, 33, que relata que o projeto conta com 27 alunos e oito professores.
— Entrei na banda no final do ano passado. Foi uma oportunidade muito boa para fazer parte da escola. Me propus para que a música em Flores da Cunha retomasse, não apenas na parte de execução das bandas, mas também na parte de educação musical. É um orgulho fazer parte desta história.
Corso também usa a palavra família para definir a banda Florentina e argumentar que o sentimento faz com que as coisas evoluam cada vez mais.
— Fui convidado para fazer parte da escola e logo depois para ser o guitarrista da banda. A banda é a minha vida. Meu avô Alcides José Corso, que já faleceu, foi um dos fundadores da Florentina — conta Corso.
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