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Prevenção é a principal recomendação contra o mosquito

Combater o transmissor da dengue, da febre chikungunya e do vírus zika depende de hábitos cotidianos, como evitar pontos com água parada

O Brasil vive uma epidemia de dengue com mais de 1,56 milhão de casos confirmados somente em 2015. Porém, esta não é a única doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que tem trazido dor de cabeça às autoridades brasileiras. Nos últimos meses, o país passou a registrar casos de duas ‘primas’ da dengue: chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo mesmo mosquito e que têm alguns sintomas semelhantes. Mas não se engane: as doenças são diferentes (veja no quadro abaixo as diferenças).

No Rio Grande do Sul, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde registrou até 7 de janeiro 4.065 casos suspeitos de dengue, dos quais 1.277 foram confirmados – sendo 233 (18,2%) importados (contraídos fora do Estado) e 1.044 (81,8%) autóctones (contraídos no RS), nenhum deles na Serra. Os municípios mais afetados são Caibaté (Missões), com 267 casos; e Panambi (222), Santo Ângelo (248) e Erval Seco (95), todos na região Noroeste.

Em 2015, foram notificados 68 casos suspeitos de febre chikungunya no Rio Grande do Sul, sendo dois confirmados (Bento Gonçalves e Novo Hamburgo), ambos importados (viagens para Bahia e Maranhão). Nenhum caso de zika foi registrado no RS (há 24 casos suspeitos).

Em Flores da Cunha, em janeiro de 2014 larvas do mosquito transmissor da dengue foram encontradas na localidade de São Roque. Em dezembro do mesmo ano um caso foi registrado às margens da VRS-814, no loteamento Sonda. Em 2015, dois focos foram confirmados: um em janeiro, na localidade de São Gotardo; e outro em fevereiro, no bairro Aparecida. Até ontem, dia 7 de janeiro, não havia novos registros.

Prevenção
As ações contra dengue devem ser permanentes durante todo o ano. Como preparação para o período de maior circulação da dengue, que vai de janeiro a maio, o Ministério da Saúde distribuiu insumos estratégicos, como larvicidas, inseticidas e kits para diagnóstico, bem como fortalece a revisão, atualização e divulgação dos planos de contingência. Lembrando: seja receptivo e facilite o acesso das equipes de Vigilância Epidemiológica devidamente identificadas. São os agentes que atuam na identificação de criadouros e na disseminação de informações preventivas à população. Até a primeira semana de dezembro, 839 pessoas morreram no país em decorrência da dengue.

Vacina
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no dia 28 de dezembro o registro da primeira vacina contra a dengue no Brasil, a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi Pasteur. Embora liberada para comercialização, ainda falta a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos definir o valor de cada dose, processo que pode durar três meses. O medicamento será disponibilizado inicialmente na rede particular de laboratórios. Definido o preço, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS) vai avaliar se vale a pena incorporar o produto ao sistema público de imunizações.

A vacina é indicada para pessoas entre nove e 45 anos e protege contra os quatro tipos do vírus da dengue. A promessa do fabricante é de proteção de 93% contra casos graves da doença, redução de 80% das internações e eficácia global de 66% contra todos os tipos do vírus. O imunizante deve ser aplicado em três doses, com intervalos de seis meses.

Exames
Desde o dia 2 de janeiro as operadoras de planos de saúde em todo o país são obrigadas a oferecer cobertura para o teste rápido de dengue e a sorologia para febre chikungunya, conforme resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).


Entenda as diferenças

Dengue
– Doença: entre as três, é a mais conhecida e presente no Brasil. O país vive hoje uma epidemia da doença com mais de 1,56 milhão de casos registrados em 2015.
– Transmissão: o vírus da dengue é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti.
– Sintomas: febre alta (geralmente dura de 2 a 7 dias), dor de cabeça, dores no corpo e articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Nos casos graves, o doente também pode ter sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal, vômitos persistentes, sonolência, irritabilidade, hipotensão e tontura. Em casos extremos, a dengue pode matar.
– Tratamento: a pessoa com sintomas da dengue deve procurar atendimento médico. As recomendações são ficar de repouso e ingerir bastante líquido. Não existem remédios contra a dengue. Caso apareçam os sintomas da versão mais grave da doença, é importante procurar um médico novamente.

Chikungunya
– Doença: os primeiros casos ‘nativos’ da doença no Brasil apareceram em setembro do ano passado em Oiapoque (AP). Antes disso, foram detectados casos de pessoas que contraíram a virose fora do país. A origem do nome chikungunya é africana e significa “aqueles que se dobram”. É uma referência à postura dos doentes, que andam curvados por sentirem dores fortes nas articulações.
– Transmissão: é transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti (presente em áreas urbanas) e Aedes albopictus (presente em áreas rurais).
– Sintomas: o principal sintoma é a dor nas articulações de pés e mãos, que é mais intensa do que nos quadros de dengue. Além disso, também são sintomas: febre repentina acima de 39°C, dor de cabeça, dor nos músculos e manchas vermelhas na pele. Segundo o Ministério da Saúde, as mortes são raras.
– Tratamento: como no caso da dengue, não há tratamento específico. É preciso ficar de repouso e consumir bastante líquido. Não é recomendado usar o ácido acetilsalicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia.

Zika
– Doença: além de todos os sintomas citados, em mulheres grávidas pode provocar uma malformação congênita, quando o cérebro do bebê não se desenvolve de maneira adequada.
– Transmissão: mais uma vez, o Aedes aegypti é o vilão da história. Mas o vírus também é transmitido pelo Aedes albopictus e outros tipos de aedes.
– Sintomas: o vírus não é tão forte quanto o da dengue ou da chikungunya e os pacientes apresentam um quadro alérgico. Os sintomas, porém, são semelhantes com os das doenças ‘primas’: febre, dores e manchas no corpo. Quem é infectado pelo zika também pode apresentar diarreia e sinais de conjuntivite.
– Tratamento: assim como nas outras viroses, o tratamento consiste em repouso, ingestão de líquidos e remédios que aliviem os sintomas e que não contenham AAS. O Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem medicamentos não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam um pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Também é importante que elas reforcem as medidas de prevenção ao mosquito Aedes aegypti, com o uso de repelentes indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e todas as outras medidas para evitar o contato com mosquitos, além de evitar o acúmulo de água parada em casa ou no trabalho. Independente do destino ou motivo, toda grávida deve consultar seu médico antes de viajar.

Fontes: Secretaria Estadual da Saúde e Ministério da Saúde.


Ações para prevenir o mosquito

– Seja receptivo e facilite o acesso das equipes de Vigilância Epidemiológica devidamente identificadas. São os agentes que atuam na identificação de criadouros e na disseminação de informações preventivas à população.

– Evite o acúmulo de água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de garrafas, pneus velhos, vasos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d’água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras, entre outros.

– Vire garrafas com a boca para baixo e, caso o terreno seja propenso à formação de poças, faça a drenagem.

– Lave a vasilha de água do animal de estimação regularmente.

– Mantenha fechadas as tampas de caixas d’água e cisternas.

– Coloque areia ou terra nos pratos dos vasos de plantas. A areia conserva a umidade e, ao mesmo tempo, evita que e o prato se torne um criadouro de mosquitos.

– Coloque desinfetante semanalmente nos ralos quando estes são rasos e conservam água estagnada em seu interior.

– Limpe as calhas e canos e confira-os regularmente para evitar que um leve entupimento crie reservatórios ideais para o desenvolvimento do mosquito.

– Trate com cloro a água das piscinas.

– Seja consciente com o lixo e não despeje resíduos em valetas, margens de córregos e riachos. Em casa, deixe as latas de lixo sempre bem tampadas.



O mosquito ‘Aedes aegypti’ é originário do Egito e se espalhou pelo mundo a partir da Costa Leste da África, primeiro para as Américas. - Wikimedia Commons/Divulgação
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