Novo porto em Arroio do Sal: um futuro promissor para a economia de Flores da Cunha
Empresários florenses preveem mais competitividade e desenvolvimento regional
A construção do Porto Meridional em Arroio do Sal é uma iniciativa estratégica que promete transformar o cenário logístico e econômico do Rio Grande do Sul. A obra impactará diretamente a Serra gaúcha, e Flores da Cunha também deverá sentir os benefícios dessa estrutura mais próxima.
O avanço mais recente no projeto foi marcado pela assinatura do contrato de adesão, realizado em um evento simbólico em Porto Alegre. Este contrato concede à DTA Engenharia Portuária e Ambiental o direito de implementar o projeto, que já se encontra em fase de licenciamento ambiental, com previsão de conclusão para o próximo ano.
A obra, que conta com o investimento de quase R$ 1,3 bilhão, visa criar uma infraestrutura portuária moderna e eficiente, capaz de atender às crescentes demandas do comércio internacional e facilitar o transporte de cargas. Outra vantagem é que o Porto Meridional terá o potencial de impulsionar o desenvolvimento econômico de toda a região, especialmente em áreas industriais e agrícolas.
O Porto Meridional em Arroio do Sal encurta a logística da Serra gaúcha. Mais próximo que o porto de Rio Grande e com um acesso já organizado via a Rota do Sol, esta redução das distâncias facilitará escoamento de produtos, beneficiando indústrias de peso em Flores da Cunha, como a vitivinícola e a moveleira, além de outras áreas do agronegócio.
Para Gilberto Boscato, presidente do Centro Empresarial de Flores da Cunha, a implementação do porto trará benefícios significativos ao setor produtivo do município.
— As empresas de Flores da Cunha, muitas exportam e utilizam o Porto de Rio Grande. Mas, não apenas para exportações, várias empresas também lidam com a importação de equipamentos e insumos para produção. Por isso, essa redução será de extrema importância, pois vai impactar o preço final dos nossos produtos e nos tornará mais competitivos em nível nacional — comenta.
Competitividade
Para Flores da Cunha, o projeto oferece uma oportunidade de modernização para se consolidar como um centro logístico regional, atraindo novos negócios e diversificando sua economia. Uma vez em operação, o porto terá capacidade de movimentar até 65 milhões de toneladas de carga sólida e granel, 800 mil toneladas líquidas, além de cargas gerais e 300 contêineres.
Rogério Rodrigues, diretor executivo do MobiCaxias, destaca que além da competitividade por conta da redução dos custos logísticos, a obra ainda trará outras vantagens para a região.
— O Porto Meridional trará para a Serra gaúcha uma série de benefícios, tais como geração de emprego e renda, com novas cadeias produtivas e o desenvolvimento de novos modais logísticos: aeroportos, rodovias, hidrovias e ferrovias — afirma Rogério.
A geração de empregos abrangerá setores variados, influenciando a matriz econômica do estado, desde a construção civil até funções administrativas e de suporte. O início das obras está previsto para logo após a etapa de licenciamento ambiental, com uma expectativa de conclusão em aproximadamente 30 meses. Durante esse período, serão criados mais de 2 mil empregos diretos e cerca de 5 mil indiretos.
O presidente do Centro Empresarial destaca que muitos produtos podem se tornar mais competitivos e acessíveis.
— O Porto permite reduzir os custos logísticos de toda região. Diversos produtos poderão ser transportados: calçados, móveis, ônibus e até vinhos que poderemos transportar para o resto do país e terão custo menor — comenta Boscato.
Porto Meridional x Porto de Rio Grande
No entanto, o projeto também traz desafios. O Litoral Norte carece de melhorias em sua infraestrutura de transporte para suportar o aumento do tráfego gerado pelo novo porto. A construção também levanta questionamentos sobre a possível concorrência com o Porto de Rio Grande. Rodrigues, contudo, acredita que ambos os portos podem coexistir.
— A implementação de um novo equipamento em nosso estado agregará de forma estratégica à inclusão de novas rotas do comércio global, tornando nosso estado mais atrativo nos processos de comércio internacional — afirma.
Boscato também vê com naturalidade a construção de mais um porto no estado.
— Não gera concorrência com o Porto de Rio Grande. Eu diria que é o mesmo que tivéssemos uma empresa já estruturada e aparecesse uma empresa do mesmo setor. Não é para concorrer, é para somar — avalia.
O impacto logístico do Porto Meridional se estende por todo o estado. A obra terá o potencial de capturar até 30% da carga que utiliza o Porto de Rio Grande, 25% de Pelotas e 75% de Porto Alegre, uma mudança significativa na dinâmica do transporte no estado.
O que pensam os empresários florenses
“Os impactos são sempre positivos no que diz respeito à melhora e a proximidade de operações logísticas. É muito valoroso ter a facilidade de locomoção e mobilidade nesse trânsito de produtos que dependem de estrutura portuária. Não somos exportadores, mas boa parte dos nossos insumos vem de fora”. Felipe Bebber – Família Bebber
“É bastante estratégico que o estado tenha uma via de exportação e importação marítima alternativa, porque hoje só temos o Porto de Rio Grande. Para nós, isso é bem importante, pois certamente trará melhorias significativas na logística, nos custos, na disponibilidade de navios e na agilidade no transporte de mercadorias. Flores da Cunha vai se beneficiar porque é uma cidade com viés exportador e importador.” Mateus Corradi – Grupo Florense
“A construção do porto trará benefícios para a Serra e também para empresas do ramo moveleiro, como é o caso da Felico. O porto facilitará o escoamento de nossas exportações, reduzindo custos e aumentando a competitividade. Esperamos que essa estrutura impulsione o desenvolvimento econômico”. Felipe Covre – Felico Móveis
“A entrega do Porto de Arroio do Sal é importante para diversificar a oferta de estrutura logística do Rio Grande do Sul. A Serra gaúcha já figurou como segundo polo metalmecânico do país e a perda dessa colocação se deve também às limitações logísticas que encarecem a vinda de matéria-prima. Além da perda de negócios há uma necessidade de maiores prazos de entrega”. Vilson Bonatto – Bemfatto Indústria Metalúrgica
“O novo porto é um marco para o desenvolvimento regional. A instalação representa um avanço significativo para a nossa cidade e toda a região. O porto promete reduzir custos de frete terrestre para as empresas da Serra, que atualmente enfrentam altos gastos com transporte. A expectativa é de que o fluxo de mercadorias aumente significativamente.” Miguel Mazzocco - Sitmed Equipamentos Médicos
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