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Município também cresce com a força dos migrantes

De acordo com o IBGE, 38,7% da população não são naturais de Flores da Cunha. Ampliação do número de habitantes foi de 15% na última década

Os dados dos Resultados Gerais da Amostra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) analisados durante o Censo 2010 mostram que Flores da Cunha atrai um grande número de migrantes. Conforme a pesquisa, 38,7% da população florense, que é de 27.126 habitantes, não são naturais do município, ou seja, 10.491 pessoas escolheram a cidade para fixar residência. Destas, 2.678 (9,87%) vieram de outros Estados. Em 2000, a população florense era de 23.648 habitnates, um aumento de 15% em uma década.

Nos últimos anos, o município também atraiu novos investidores, como é o caso da Keko Acessórios. Fundada em Caxias do Sul há 25 anos, em outubro de 2011 a família Mantovani inaugurou um novo parque fabril na Linha 80, com área total de 190 mil metros quadrados. Conforme a analista de desenvolvimento do setor de Recursos Humanos da empresa, Andréia Guarnieri, o local da nova sede foi escolhido considerando alguns fatores econômicos e outros de ordem pessoal do fundador, Henri Mantovani, que é natural de Flores. “Nossos primeiros funcionários também são daqui. Além disso, o valor da terra aqui é bem menor do que onde estávamos em Caxias do Sul. Isso também contou muito. Acredito que foi uma boa escolha, pois estamos em meio à natureza e temos espaço para futuras ampliações”, pondera.

Hoje a Keko tem 450 funcionários. Destes, 44% residem em Flores da Cunha. Os demais vêm de cidades vizinhas. Segundo Andréia, sete pessoas que residiam em Caxias migraram com a fábrica para a Terra do Galo. A assistente de recursos humanos Juliana Ferraz Ollé e o supervisor de compras Juliano Paixão Almeida fazem parte desse grupo. Segundo eles, inicialmente a mudança ocorreu em virtude da praticidade. “Quando decidi mudar para cá, considerei a proximidade à empresa, obviamente, mas também pesou muito a questão da qualidade de vida que a cidade oferece. Por ser menor, temos mais segurança e menos trânsito. Consequentemente, menos estresse. Também valorizo muito a proximidade com o ser humano. Aqui as pessoas nos cumprimentam e sabemos quem são nossos vizinhos”, aponta a assistente de RH, que mora em Flores com o noivo.

Para Almeida, que morava no bairro Ana Rech, em Caxias, a qualidade de vida foi um dos motivos que o fez mudar para cá em agosto de 2011. “Flores é uma cidade do interior próxima a um grande centro urbano. Então, o fato de ter uma vida mais tranquila, onde podemos nos deslocar mais facilmente, sem precisar enfrentar engarrafamentos, fez muita diferença na minha decisão”, explica. Segundo ele, que mudou-se com a esposa, a intenção é permanecer em Flores. Por isso, investiu na compra de um imóvel. “Quero criar meus filhos aqui, com segurança e maior liberdade”, acrescenta.

Nova Pádua

De acordo com os dados do IBGE, em Nova Pádua o número de migrantes chega a 22,4%. Dos 2.450 habitantes, 549 vieram de outras cidades e 5% (116 pessoas) são de outros Estados. Dez anos antes, de acordo com resultados do Censo de 2000, a população da cidade era de 2.396. O órgão revela, ainda, que entre a população economicamente ativa, que hoje é de 1.671 pessoas, 108 deixaram o município em busca de emprego.



O que atrai as pessoas?
O prefeito de Flores da Cunha, Ernani Heberle (PDT), observa que a migração para o município ocorre há décadas, considerando que, inicialmente, muitos safristas vinham para trabalhar durante a safra da uva e não retornavam mais às cidades de origem. Heberle, inclusive, é um migrante – veio de São José do Ouro. Na medida em que o setor de indústria foi se solidificando e a economia do município aquecendo, novas oportunidades de emprego foram surgindo. “Essa é uma tendência da Serra Gaúcha como um todo devido à quantidade de empresas existentes. Por estar inserida nesse póslo, Flores da Cunha acaba sendo um destino certo para os migrantes. Hoje recebemos pessoas, inclusive, de outros Estados”, aponta o chefe do Executivo.

Para Heberle, além de uma oportunidade de emprego, muitas pessoas vêm em busca de qualidade de vida e de segurança. “Hoje Flores é uma cidade pequena, em relação aos grandes centros urbanos, que oferece esses atrativos. Muitas pessoas vêm em busca de uma oportunidade de emprego e, também, de uma vida mais tranquila”, afirma o prefeito, destacando que a migração e o consequente aumento da população acarretam uma série de ações a serem tomadas pelo poder público. “Hoje uma preocupação é que a cidade possa crescer de forma ordenada, com investimentos em infraestrutura, saúde e educação para podermos atender a todos que aqui residem”, complementa.

Alguns vêm, outros vão
Enquanto muitos chegam atrás de novas oportunidades, também é alta a quantidade de florenses que deixam a cidade para trabalhar, retornando diariamente ou mesmo uma vez por semana. De acordo com o IBGE, 1.826 pessoas, o que representa 9,7% da população economicamente ativa, que hoje é de 18.715 pessoas, obtêm renda mensal em outros municípios. Esse é o caso do metalúrgico Dorneles Borges de Lima, 44 anos. Há 15 anos ele trabalha em Caxias do Sul. Durante quase 12 anos foi funcionário da Keko, quando a empresa ainda era sediada em Caxias. Lá fez diversos cursos profissionalizantes e voltou a estudar, concluindo o ensino fundamental.

Após ser desligado, em virtude da crise financeira mundial de 2008, o metalúrgico buscou emprego em Flores. Contudo, o salário oferecido ficava muito abaixo do que ele recebia em Caxias. Na cidade vizinha, foi admitido na Franzoi Ferramentas, onde está há três anos. “Comecei como auxiliar e hoje sou programador de máquina. Claro que, quando entrei, meu salário era mais baixo que o anterior, mas com o tempo fui me aperfeiçoando. Em consequência, a renda também aumentou”, destaca Lima, que deixa Flores todos os dias às 6h30min, retornando às 19h. “A rotina é cansativa, mas o salário compensa. Gosto de trabalhar em Caxias”, completa ele.

 - Mirian Spuldaro
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