Chances ampliadas para a doação de órgãos
Número de doadores está aumentando no país e redes sociais se tornaram uma ferramenta para mostrar o desejo dos cidadãos
Doar órgãos é considerado um ato de amor e solidariedade. É quando uma nova chance de viver é dada a alguém e por meio de um transplante bem sucedido se resgata a saúde física e mental, não só do paciente transplantado, mas também de toda a família envolvida. Com o objetivo de incentivar a doação de órgãos, o Ministério da Saúde criou uma parceria com a rede social Facebook, onde pelo perfil virtual o usuário pode manifestar seu desejo de doar órgãos. Em um ano de parceria, mais de 135 mil possíveis doadores se manifestaram.
Segundo dados do governo federal, em 2012 o Brasil bateu a meta de doações de órgãos colocada para ser alcançada. O país registrou 13,6 doadores por milhão de habitantes, com aumento de 29% no número de concessores (726) comparado ao mesmo período de 2011 (564). O objetivo do Ministério da Saúde é chegar a 15 doadores por milhão de população em 2015.
O número de transplantes também aumentou: no primeiro quadrimestre de 2012 foram realizados mais de 7,9 mil, crescimento de 37% comparado ao mesmo período de 2011, quando foram notificados 5,8 mil. O ano passado fechou com 24 mil cirurgias de transplante, 95% realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Embora o Brasil tenha o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo, que oferece assistência integral ao paciente transplantado, incluindo exames periódicos e medicamentos pós-transplante, o Ministério da Saúde trabalha para aumentar o número de cirurgias e de doadores. Os números crescentes foram resultados principalmente da doação de coração, rim e fígado. Os transplantes de medula óssea e córnea também aumentaram.
Parceria social
A parceria com o Facebook permite ao usuário adicionar a informação de que é doador de órgãos na sua linha do tempo e também no perfil virtual. Para ser um doador a pessoa deve informar a família sobre seu desejo e, segundo a legislação, não é necessário deixar documento escrito. Uma boa forma de informar que é doador é tornar isso público nas redes sociais. Para tornar-se um voluntário, clique em ‘Evento cotidiano’ no Face. Depois selecione a opção ‘Saúde e bem-estar’, clique em ‘Doador de órgãos’ e selecione suas configurações de privacidade para determinar quem você deseja que tenha acesso à informação.
“Hoje ele está vivo em vários lugares”
Há 10 anos sete pessoas tiveram uma nova chance de viver. Elas receberam os órgãos de um jovem de 16 anos. Hoje o paduense Felipe Sonda não está vivo, mas vive nestas sete pessoas que receberam seus órgãos. Sonda recebeu o diagnóstico de morte cerebral no dia 24 de março de 2003 após um acidente de moto em Nova Pádua, onde residia com a família. Na noite daquele mesmo dia, embora desolada, a família renovou a esperança de outras pessoas.
A mãe de Felipe, Italvina Marin Sonda, 59 anos, conta que o filho era um jovem ativo e, embora tivesse apenas 16 anos, tinha a responsabilidade de um adulto. “O Felipe era muito responsável. Era uma pessoa que não fazia diferença das pessoas, para ele todos eram iguais. Ele me pegava no colo e me largava no sofá da cozinha, com abraços e beijos. São perdas que sinceramente não são esquecidas nunca, mas pela doação de órgãos deu para sobreviver um pouco. Ele sobreviveu em cada uma dessas sete pessoas”, valoriza Italvina.
Na noite do acidente ela recorda que os médicos reuniram a família e pediram se eles gostariam de fazer a doação de órgãos. “O Felipe estava respirando por aparelhos e a situação não tinha mais como ser revertida. A médica então nos falou para pensarmos em quantas vidas o Felipe poderia salvar e na importância disso para essas pessoas. Conversamos e decidimos fazer a doação”, recorda.
Embora a perda inesperada fosse difícil, a doação de órgãos nunca foi uma ideia rejeitada. “Se a doação não é feita os órgãos morrem. Quantas pessoas estão esperando para poder sobreviver, esperando por alguém que faça a doação de um órgão. O Felipe doou sete, nenhum foi rejeitado. Sete pessoas que tiveram a sorte de receber uma nova chance”, acrescenta a mãe. Italvina recorda que a dor, que era enorme, tornou-se mais ‘fácil’ de ser carregada quando se lembrava de que tinha ajudado. “Quando vi uma caixinha branca com cabos vermelhos saindo da sala, fiquei imaginando para onde iriam as partes do meu filho. Eu chorava, mas pensava que as pessoas que receberiam ficariam muito felizes”, acrescenta.
Passada uma década Italvina ainda tem um desejo. Ela gostaria de reunir e conhecer as pessoas que receberam os órgãos do filho e, juntos, rezar uma missa para ele, para “poder olhar e dizer que a pessoa faz parte da minha família”. “Hoje o Felipe está vivo. Não aqui, mas em vários lugares”, emociona-se Italvina. Ela, o marido Adelar e os filhos Daniela e Marcos – este irmão gêmeo de Felipe – integram uma família exemplo de que doar órgãos é uma nova chance para muitos. Especialmente para quem doa.
(Foto: Reprodução)
Saiba mais
- Estima-se que um doador seja capaz de salvar ou melhorar a qualidade de vida de 25 pessoas caso todos os órgãos sejam doados. Entre eles, coração, rins, fígado, pulmões, pâncreas e intestinos. Entre os tecidos: pele, ossos, córneas, válvulas do coração e tendões.
- A doação de órgãos também pode ser feita em vida para algum membro da família ou amigo, após avaliação clínica. Nesse caso, a compatibilidade sanguínea é primordial e não pode haver qualquer risco para o doador. Os órgãos e tecidos que podem ser retirados em vida são rim, pâncreas, parte do fígado, parte do pulmão, medula óssea e pele. Nestes casos é necessário:
- Ser um cidadão juridicamente capaz (maior de 18 anos ou menor de idade antecipado, com condições de saúde que não comprometam a manifestação válida da sua vontade).
- Estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais.
- Apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação.
- Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando.
- Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante.
- Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.
- Quando um doador efetivo é reconhecido as centrais de transplantes das secretarias estaduais de saúde são comunicadas. Apenas elas têm acesso aos cadastros técnicos de pessoas que estão na fila. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade com o doador. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a ser beneficiado. As centrais controlam todo o processo para coibir o comércio ilegal de órgãos.
Fonte: Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul.
Segundo dados do governo federal, em 2012 o Brasil bateu a meta de doações de órgãos colocada para ser alcançada. O país registrou 13,6 doadores por milhão de habitantes, com aumento de 29% no número de concessores (726) comparado ao mesmo período de 2011 (564). O objetivo do Ministério da Saúde é chegar a 15 doadores por milhão de população em 2015.
O número de transplantes também aumentou: no primeiro quadrimestre de 2012 foram realizados mais de 7,9 mil, crescimento de 37% comparado ao mesmo período de 2011, quando foram notificados 5,8 mil. O ano passado fechou com 24 mil cirurgias de transplante, 95% realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Embora o Brasil tenha o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo, que oferece assistência integral ao paciente transplantado, incluindo exames periódicos e medicamentos pós-transplante, o Ministério da Saúde trabalha para aumentar o número de cirurgias e de doadores. Os números crescentes foram resultados principalmente da doação de coração, rim e fígado. Os transplantes de medula óssea e córnea também aumentaram.
Parceria social
A parceria com o Facebook permite ao usuário adicionar a informação de que é doador de órgãos na sua linha do tempo e também no perfil virtual. Para ser um doador a pessoa deve informar a família sobre seu desejo e, segundo a legislação, não é necessário deixar documento escrito. Uma boa forma de informar que é doador é tornar isso público nas redes sociais. Para tornar-se um voluntário, clique em ‘Evento cotidiano’ no Face. Depois selecione a opção ‘Saúde e bem-estar’, clique em ‘Doador de órgãos’ e selecione suas configurações de privacidade para determinar quem você deseja que tenha acesso à informação.
“Hoje ele está vivo em vários lugares”
Há 10 anos sete pessoas tiveram uma nova chance de viver. Elas receberam os órgãos de um jovem de 16 anos. Hoje o paduense Felipe Sonda não está vivo, mas vive nestas sete pessoas que receberam seus órgãos. Sonda recebeu o diagnóstico de morte cerebral no dia 24 de março de 2003 após um acidente de moto em Nova Pádua, onde residia com a família. Na noite daquele mesmo dia, embora desolada, a família renovou a esperança de outras pessoas.
A mãe de Felipe, Italvina Marin Sonda, 59 anos, conta que o filho era um jovem ativo e, embora tivesse apenas 16 anos, tinha a responsabilidade de um adulto. “O Felipe era muito responsável. Era uma pessoa que não fazia diferença das pessoas, para ele todos eram iguais. Ele me pegava no colo e me largava no sofá da cozinha, com abraços e beijos. São perdas que sinceramente não são esquecidas nunca, mas pela doação de órgãos deu para sobreviver um pouco. Ele sobreviveu em cada uma dessas sete pessoas”, valoriza Italvina.
Na noite do acidente ela recorda que os médicos reuniram a família e pediram se eles gostariam de fazer a doação de órgãos. “O Felipe estava respirando por aparelhos e a situação não tinha mais como ser revertida. A médica então nos falou para pensarmos em quantas vidas o Felipe poderia salvar e na importância disso para essas pessoas. Conversamos e decidimos fazer a doação”, recorda.
Embora a perda inesperada fosse difícil, a doação de órgãos nunca foi uma ideia rejeitada. “Se a doação não é feita os órgãos morrem. Quantas pessoas estão esperando para poder sobreviver, esperando por alguém que faça a doação de um órgão. O Felipe doou sete, nenhum foi rejeitado. Sete pessoas que tiveram a sorte de receber uma nova chance”, acrescenta a mãe. Italvina recorda que a dor, que era enorme, tornou-se mais ‘fácil’ de ser carregada quando se lembrava de que tinha ajudado. “Quando vi uma caixinha branca com cabos vermelhos saindo da sala, fiquei imaginando para onde iriam as partes do meu filho. Eu chorava, mas pensava que as pessoas que receberiam ficariam muito felizes”, acrescenta.
Passada uma década Italvina ainda tem um desejo. Ela gostaria de reunir e conhecer as pessoas que receberam os órgãos do filho e, juntos, rezar uma missa para ele, para “poder olhar e dizer que a pessoa faz parte da minha família”. “Hoje o Felipe está vivo. Não aqui, mas em vários lugares”, emociona-se Italvina. Ela, o marido Adelar e os filhos Daniela e Marcos – este irmão gêmeo de Felipe – integram uma família exemplo de que doar órgãos é uma nova chance para muitos. Especialmente para quem doa.
(Foto: Reprodução)
Saiba mais
- Estima-se que um doador seja capaz de salvar ou melhorar a qualidade de vida de 25 pessoas caso todos os órgãos sejam doados. Entre eles, coração, rins, fígado, pulmões, pâncreas e intestinos. Entre os tecidos: pele, ossos, córneas, válvulas do coração e tendões.
- A doação de órgãos também pode ser feita em vida para algum membro da família ou amigo, após avaliação clínica. Nesse caso, a compatibilidade sanguínea é primordial e não pode haver qualquer risco para o doador. Os órgãos e tecidos que podem ser retirados em vida são rim, pâncreas, parte do fígado, parte do pulmão, medula óssea e pele. Nestes casos é necessário:
- Ser um cidadão juridicamente capaz (maior de 18 anos ou menor de idade antecipado, com condições de saúde que não comprometam a manifestação válida da sua vontade).
- Estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais.
- Apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação.
- Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando.
- Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante.
- Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.
- Quando um doador efetivo é reconhecido as centrais de transplantes das secretarias estaduais de saúde são comunicadas. Apenas elas têm acesso aos cadastros técnicos de pessoas que estão na fila. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade com o doador. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a ser beneficiado. As centrais controlam todo o processo para coibir o comércio ilegal de órgãos.
Fonte: Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul.
0 Comentários