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A união das escolas que aproximou as comunidades da zona norte florense

A Benjamin Constant, como conhecemos hoje, surgiu a partir da centralização de várias instituições de ensino, um movimento arrojado que ampliou as possibilidades de ensino à época.

A história da educação no interior da região norte de Flores da Cunha é marcada pela nuclearização das unidades escolares. Um grande exemplo é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Benjamin Constant, em São Roque, que incorporou outras sete escolas ao longo de sua trajetória.

Este movimento iniciou em 1991, com a união de três escolas na sede da nova Benjamin. Com mais professores, alunos e investimentos, a instituição passou a dividir os estudantes por idade e oferecer um ensino mais propício para a cada fase de aprendizagem, algo inédito para o interior. Para isso ser possível, a escola foi uma das primeiras a oferecer transporte escolar gratuito.

A coordenadora pedagógica da época, Zenita Tomé, lembra que antes do processo de nuclearização cada unidade escolar contava com um professor que atendia quatro séries ao mesmo tempo e na mesma sala de aula.

— A principal proposta era oferecer uma educação de qualidade, uma vez que as escolas do interior eram multisseriadas. Com o processo de centralização e a criação do transporte escolar, os alunos tinham a possibilidade de concluir o Ensino Fundamental. A centralização oportunizou a criação de novas séries, cada uma atendida por um único professor, ampliando as possibilidades educacionais.

Zenita considera que as reuniões nas comunidades foram fundamentais para garantir a adesão ao novo modelo.

— No início, haviam receios em relação ao transporte escolar e à mudança de local. Mas, com o tempo, as comunidades perceberam que esse projeto traria benefícios reais — relembra a coordenadora pedagógica.

 

Uma transformação necessária

A educação nas áreas rurais enfrentou desafios desde a colonização, com escolas rudimentares e um sistema unidocente, também conhecido como multisseriado, que atendia várias séries em uma única sala de aula.

O ex-diretor e professor aposentado Leocir José Nesello, que trabalhou por décadas na Secretaria Municipal de Educação, lembra que os professores que ministravam aulas também cuidavam da escrituração escolar, limpeza e, muitas vezes, faziam a merenda e lavavam a louça.

— Com a centralização das escolas foi possível desenvolver várias atividades em que a comunidade participa ativamente, bem como oferecer melhores condições de aprendizagem, como a participação em concursos públicos, criação da banda, laboratórios, criação da bandeira da escola, viagens de estudo, ampliação considerável de matéria de pesquisa, participação nas atividades culturais, esportivas e artísticas e qualidade da merenda escolar — relata Nesello.

A mudança foi na gestão do prefeito Alberto de Oliveira, quando Eroni Koppe estava à frente da secretaria de Educação.

— Foi um marco para a educação. Uma tendência que mudou o perfil do Rio Grande do Sul e manteve as pessoas do interior em sua comunidade. A Benjamim Constant é prova de um projeto que deu certo e renovou o modo de ser, viver e pensar de muitas pessoas — avalia Eroni.

A escolha da Escola Benjamin Constant como sede foi resultado de uma análise da localização, possibilidade de transporte seguro e da infraestrutura disponível para que fosse ampliada a oferta de séries. Zenita conta que o desejo das comunidades foi respeitado e a escola permaneceu com este nome por ser uma das mais antigas na região. Já a mudança da comunidade de Nossa Senhora do Carmo para as aulas no São Roque foi por conta do espaço físico que possibilitaria a oferta de projetos diferenciados como esporte e hortas escolares.

À medida que o novo modelo se consolidou, as comunidades que inicialmente resistiram à mudança passaram a abraçar a ideia, entendendo que este era um passo necessário para garantir um ensino de qualidade.

 

As escolas que formaram a Benjamin Constant:

  • Escola Municipal Plácido de Castro

Na comunidade de São Roque, teve origem na Aula n.º 6, próxima à Casa de Pouso da Família Montanari. Transferida em 1933 para o salão da Capela São Roque, posteriormente foi construída em alvenaria. Em 1962, José Zin doou um terreno para a nova escola de madeira, Brizoleta, que se tornou a Escola Estadual Rural do Travessão Rondelli. Em 1991, a Família Bolsoni doou meio hectare para abrigar escolas nucleadas.

 

  • Escola Municipal Benjamin Constant

Originou-se da Aula Municipal n.º 22, criada em 1934. Inicialmente, funcionou no andar superior da bodega da capela até a construção de um novo prédio. Desde 1992, opera na comunidade de São Roque como Polo de Nucleação número 6.

 

  • Escola Municipal Nossa Senhora do Bom Conselho

Criada em 1958 no Travessão Lagoa Bela, tinha uma escola anterior regida pela maestra Margarida Moresco Mascarello. A escola encerrou suas atividades em 1989, sendo extinta pelo Decreto Executivo n.º 1595/93.

 

  • Escola Municipal Alberto Pasqualini

Localizada na Zona Mascarello, foi criada em 1976, com terreno doado por Laurindo Mascarello. Encerrou suas atividades em 1991, conforme o Decreto Executivo n.º 1595/93.

 

  • Escola Municipal Felipe Camarão

Na Comunidade São Victor e Corona, foi criada em 1926 como Aula Municipal Subvencionada n.º 4, sendo extinta em 1990. Sua demolição foi autorizada em 2002.

 

  • Escola Municipal Daniel de Castro Fortuna

Antiga Aula Municipal n.º 27, foi criada em 1976 e encerrou suas atividades em 1980, sem registros legais de extinção.

 

  • Escola Municipal 24 de Maio

Na comunidade Nossa Senhora de Fátima, foi fundada em 1942, com um novo prédio em 1961. Encerradas as atividades em 1991, foi extinta pelo Decreto Executivo n.º 1595/93 e demolida.

 

  • Escola Estadual São Domingos Sávio

Situada na comunidade Nossa Senhora das Dores, contava com 76 alunos em 2004, mas encerrou suas atividades em 2009, com parte dos alunos transferidos para outras escolas.

Evento que celebrou a nucleariazação, em 1999 - Acervo da escola Benjamin Constant
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