Geral

A educação pode retroceder até quatro anos devido à pandemia, diz estudo

No ano passado, os alunos deixaram de aprender mais em matemática em comparação com língua portuguesa

Em 2020, a educação foi atingida profundamente pela pandemia da Covid-19. Com o fechamento das escolas, milhões de crianças e adolescentes brasileiros tiveram as aulas presenciais interrompidas mais de oito meses, um dos períodos mais longos em comparação com os outros países. Para entender as consequências dessa crise, a Fundação Lemann encomendou um estudo ao Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para o Brasil e à África Lusófona (Clear), vinculado à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), para simular a perda de aprendizado que os estudantes podem ter sofrido com a pandemia do novo coronavírus. O resultado mostra que, ano passado, os alunos deixaram de aprender mais em matemática em comparação com língua portuguesa e, na maioria dos casos, os mais prejudicados são aqueles do Ensino Fundamental.

Foi possível simular uma perda equivalente ao retorno à proficiência brasileira na avaliação de quatro anos atrás (entre 2015 e 2017) em língua portuguesa e de três em matemática (2017) no Ensino Fundamental Anos Finais, considerando o pior dos cenários. Numa estimativa intermediária, ambos os componentes curriculares teriam uma queda equivalente ao retorno à proficiência brasileira de três anos atrás. Mesmo em uma situação otimista, a educação também pode ter perdido três anos em língua portuguesa.

Desigualdade

Foram realizadas simulações também levando em conta características pessoais dos estudantes: sexo, raça/cor e escolaridade da mãe. A partir desses subgrupos, analisando apenas o cenário intermediário, foi estimado que os meninos aprenderam menos que as meninas, especialmente em matemática nos anos finais do Ensino Fundamental.

Os grupos populacionais mais prejudicados, para os anos finais do Ensino Fundamental (5º ao 9º ano) e Ensino Médio, em ambos os componentes, são os do sexo masculino, pardos, negros e indígenas, com mães que não finalizaram o Ensino Fundamental. Já os menos prejudicados são, na maioria dos casos, do sexo feminino, que se declararam brancas, com mães com pelo menos ensino médio completo.

Avaliação diagnóstica e flexibilização curricular

A desigualdade entre grupos de estudantes, componentes curriculares, ciclos escolares e territórios, apontada na pesquisa, indica um desafio para as redes no planejamento das aulas presenciais.

Para apoiar as redes de ensino de todo o Brasil nessa etapa, foi lançada a Plataforma de Apoio à Aprendizagem, que fornece ferramentas para aplicação de avaliações diagnósticas. As atividades de verificação de aprendizagem são disponibilizadas gratuitamente para professores e gestores escolares. A partir dessa avaliação, a plataforma auxilia na construção de planos de aula efetivos, ancorados na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e em um conjunto de orientações para que todos os estudantes possam avançar no conteúdo pedagógico.

 - Fundação Getulio Vargas / Divulgação
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário