Alimentação mais saudável nas escolas florenses
Os estudantes da rede pública de Flores da Cunha atendidos pelo programa de alimentação escolar (os matriculados na educação infantil e no ensino fundamental) terão à sua disposição uma merenda mais saudável em 2009.
Alimentação mais saudável nas escolas florenses
Os estudantes da rede pública de Flores da Cunha atendidos pelo programa de alimentação escolar (os matriculados na educação infantil e no ensino fundamental) terão à sua disposição uma merenda mais saudável em 2009.
Isso ocorrerá por conta da aprovação, por unanimidade, na Câmara de Vereadores, durante a semana, de dois Projetos de Lei (PLs) que, respectivamente, tratam da eliminação de itens indesejáveis e da inclusão, na dieta, de um tipo de bebida cada vez mais louvado por seus benefícios à saúde.
O PL número 066/2008, votado segunda-feira, 15, proíbe a utilização de produtos alimentícios industrializados contendo a mal-afamada ‘gordura trans’. O 065/2008, apreciado quarta-feira, 17, em sessão extraordinária, determina a inclusão, no cardápio da merenda escolar, de suco de uva natural.
Ambas as proposições são de autoria do presidente do Legislativo no mandato que se encerra dia 31, Moacir Ascari (PMDB), que as apresentou na condição de prefeito em exercício – cargo pelo vereador ocupado de 10 a 16 de novembro. Agora, elas vão para o Executivo, para sanção – já confirmada – pelo prefeito Renato Cavagnoli.
Sem guloseimas industrializadas
Salgadinhos industrializados, produtos de confeitaria e de padaria de igual modo fabricados, margarinas mais consistentes e frituras em geral. É esse gênero de comida, cada dia mais condenado por autoridades médicas, que, por conta do PL 066/2008, será abolido da merenda no município. “As crianças já consomem esses alimentos fora da escola, automaticamente”, assinala o proponente do Projeto de Lei, vereador Moacir Ascari.
A verificação da presença de gordura trans nos alimentos será feita com base nas informações constantes da rotulagem nutricional dos mesmos, conforme critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), define o PL 066/2008.
O projeto também estabelece que o Executivo municipal, através dos órgãos de gestão da educação e da saúde, desenvolverá ações para informar e envolver toda a comunidade escolar quanto aos efeitos prejudiciais à saúde provocados pelo consumo de produtos elaborados com a famigerada gordura, abrangendo conteúdos relacionados à saúde alimentar e doenças causadas pela má alimentação.
A gordura trans – ou ácido graxo transverso – começou a ser usada na elaboração de alimentos em larga escala na década de 1980, para transmitir mais sabor, deixar os produtos mais crocantes, sequinhos, melhorando sua consistência, e até aumentar o prazo de validade de determinados produtos. Ela é obtida por um processo químico industrial, no qual óleos vegetais são transformados em gorduras sólidas, com a adição de hidrogênio – a hidrogenação da gordura. Assim, óleos parcialmente hidrogenados originam gordura trans, mais barata, disponível e de fácil manuseio.
O problema é que ela não é bem-digerida pelo organismo, ficando depositada no corpo. Como conseqüência, entre outros aspectos negativos, a gordura trans eleva o colesterol ruim (LDL), diminui o colesterol bom (o HDL) e aumenta a obesidade abdominal, o processo inflamatório no organismo e o risco de desenvolvimento de diabetes e de aterosclerose. Por conta disso, há iniciativas em países como Austrália e Dinamarca visando à diminuição do uso de gordura trans.
Valorizando uma vocação regional
O outro projeto aprovado visando à oferta de uma alimentação mais saudável para o público escolar, o 065/2008, determina a inclusão de suco de uva natural na merenda no mínimo uma vez por semana. Estudos científicos demonstram que a bebida é rica em polifenóis, vitamina C, minerais e que possui uma importante atividade antioxidante, prevenindo contra doenças.
Para a execução do Projeto, foi encaminhado à Câmara o PL 076/2008, também aprovado por unanimidade quarta-feira, autorizando a abertura de crédito adicional suplementar no valor de R$ 214 mil – dos quais R$ 112 mil para a aquisição de suco de uva. Estima-se para 2009, a necessidade de aquisição de 32 mil litros da bebida, para dar conta de uma distribuição semanal de cerca de 150ml por estudante.
Ascari, em defesa da proposta, observou que sua aprovação significava, também, fazer um “dever de casa”: isso para que quando se solicitar ao governo federal que inclua suco de uva, um derivado do principal produto agrícola local, na merenda em todo o país, se possa dizer que a medida já foi adotada no município, explicou.
Vários outros vereadores manifestaram-se no mesmo sentido – bem como se estabeleceu breve discussão sobre a ‘paternidade da iniciativa’: a líder da bancada do PDT, Claudete Gaio Conte, disse que desde 2001 Flores da Cunha fornecia suco de uva na merenda. Jorge de Godoy (PP) e Ascari desqualificaram o argumento: de acordo com eles, se chegou a haver alguma determinação – e “não uma lei” –, era para o serviço de refresco de uva em pó para as crianças.
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