VÍDEO: Prefeitura florense está de olho em projeto de Marau
Ação com investimento em tecnologia na cidade do Norte do Estado fez reduzir índices de criminalidade
Com pouco mais de 41 mil habitantes, a cidade de Marau, no Norte do Estado, sofria com sérios problemas de insegurança em 2013, com altos índices de homicídios, furtos, roubos e ocorrências relacionadas ao tráfico e consumo de drogas. Uma situação não muito diferente de alguns municípios do país. Pensando em tentar amenizar o problema, dirigentes da Associação Comercial, Industrial, Serviços e Agropecuária (Acim) de Marau (entidade semelhante ao Centro Empresarial de Flores da Cunha) montaram uma espécie de gabinete de crise e criaram o projeto Olho Vivo Marau. Passados três anos, o número de homicídios caiu 64%, o de roubos, –42%; o de furtos simples, –84% e as ocorrências com drogas, –43%. O segredo: o entendimento de todas as entidades representativas de que algo precisava ser feito.
Segundo o coordenador do projeto Olho Vivo e ex-presidente da Acim, Antonio Luiz Oneda, para a proposta dar certo foi fundamental a parceria entre comunidade, poderes públicos (Executivo, Legislativo e Judiciário), Polícia Civil, Brigada Militar e entidades. O projeto consiste na instalação de câmeras de monitoramento com um sistema israelense de identificação que inclui filtros de pesquisa. “Chegamos a comentar aqui que a proposta da Secretaria Estadual de Segurança que prevê o cercamento digital foi copiado do nosso projeto. Brincadeiras à parte, cidades como Erechim, Vila Maria, Passo Fundo, Santa Maria e Santiago estão copiando nosso modelo”, sustenta Oneda.
Em busca dessas informações, o prefeito de Flores da Cunha, Lídio Scortegagna (PMDB), e o presidente do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), Itamar Brusamarello, estiveram em Marau na última terça-feira, dia 12, para conversar com Oneda e com o atual presidente da Acim, Paulo César Volff. Atualmente o sistema marauense tem 109 câmeras ativas (27 fixas, 68 móveis, 12 OCR e duas viaturas) e 60km de fibra ótica própria. “Nossas câmeras têm leitura de caracteres em todos os acessos do município, identificando placas de veículos e motos. Os filtros também conseguem identificar pessoas, cores, horários, enfim, tem ajudado muito as polícias, tanto que os índices foram reduzidos”, explica Volff.
O projeto de Marau foi copiado da cidade de Tangará (SC), que tem 8,7 mil habitantes e três PMs. “Hoje nossa prioridade não é mais a segurança. O entendimento de todas as entidades de que precisávamos investir foi o primeiro passo em janeiro de 2014”, recorda Oneda. Em março daquele ano foi estruturado o Olho Vivo, o qual foi entregue oficialmente em janeiro de 2015. Hoje o projeto é controlado pelo Gabinete de Gestão Integrada (GGIM), composto pelo grupo gestor – Acim, prefeitura, Consepro e Câmara de Vereadores.
Investimento
Na primeira fase de instalação das câmeras foram gastos R$ 900 mil em Marau. Até hoje, o investimento total foi de R$ 1,9 milhão, sendo R$ 830 mil da prefeitura, R$ 700 mil do Legislativo, R$ 175 mil da Acim, R$ 130 mil do Judiciário e R$ 23,5 mil de outras entidades. Do total aplicado, R$ 1,6 milhão é de bens próprios (câmeras, rede de fibra ótica, viaturas). A manutenção mensal é de R$ 10 mil. O prefeito de Flores da Cunha disse estar satisfeito com o que viu e pretende disseminar o assunto no município. “O plano pode ser implantado em etapas, sem dúvida é um investimento ousado, porém, necessário”, diz Scortegagna. O presidente do Consepro tem a mesma opinião, e reforça que é preciso agregar todas as entidades florenses para que a iniciativa tenha andamento. “Vamos avaliar a possibilidade”, resume Brusamarello.
A sala de operações do Olho Vivo fica na sede do 3º Regimento de Polícia Montada da Brigada Militar de Marau, e uma versão menor foi instalada na Delegacia de Polícia local. Os equipamentos foram adquiridos da Intelbrás e o sistema é fornecido pela empresa Connectline, de São José (SC).
* O jornalista viajou a Marau a convite da Prefeitura de Flores da Cunha.
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