Política

O critério que fez o Republicanos eleger um vereador e não o PDT, que teve mais votos

Nenhum candidato do PDT alcançou o mínimo de votos exigidos para o chamado cálculo das sobras

Como o Republicanos, que somou 1.922 votos, elegeu um vereador enquanto o PDT, que conseguiu 2.018 votos ficou sem nenhuma cadeira no Legislativo de Flores da Cunha? Esta é a pergunta que surge após a divulgação dos resultados eleitorais e a explicação está no sistema proporcional e no quociente eleitoral. É este modelo que, por vezes, faz que candidatos menos votados sejam eleitos. Foi este cálculo que, por exemplo, que deixou de fora o vereador Clodo Rigo (PP), que fez 550 votos e foi o oitavo mais votado nas urnas, mas não conseguiu a reeleição.

E também foram estes critérios, muitas vezes desconhecidos da maioria, que fizeram o PDT, o quarto partido com mais votos, terminar a disputa sem um representante na Câmara de Vereadores.

Como funciona o sistema proporcional

A eleição para a Câmara de Vereadores, assim como é para deputados, é feita pelo sistema proporcional. As vagas são destinadas aos partidos e federações, e não a candidatas e candidatos. Após a votação, para conhecer os vereadores eleitos, é preciso definir quais partidos têm direito a ocupar vagas nas Câmaras Municipais. E isso se dá pelo cálculo do quociente partidário. Depois, dentro das agremiações, será verificado quem foram os mais votados nominalmente. Assim, é possível saber os nomes que vão ocupar as vagas destinadas às legendas.

Quociente eleitoral

O cálculo para encontrar os eleitos é feito a partir dos chamados quocientes eleitoral (QE) e partidário (QP). O quociente eleitoral é o resultado da divisão do número de votos válidos daquela eleição pelo número de vagas. Em Flores da Cunha, foram 19.259 votos válidos para vereador em 2024. Ao dividir este total pelas nove cadeiras em disputa, chegamos ao quociente eleitoral de 2.140 votos. Este número é que o estabelece o objetivo de votos para um partido garantir uma cadeira no Legislativo.

Com 5.025 votos, o Progressistas alcançou duas vezes o quociente eleitoral e garantiu duas cadeiras no Legislativo. Este resultado de quantas vezes o partido alcança o quociente eleitoral é chamado de quociente partidário. Portanto, o PP alcançou um quociente partidário de dois e preencheu suas duas vagas com os seus dois vereadores mais votados: Deivid Schenato (1.230) e Silvana De Carli (938 votos).

Outros dois partidos alcançaram o quociente eleitoral: o MDB (3.944 votos) e o PL (2.524 votos). Estas vagas foram ocupadas por Valdecir Paulus (559 votos) e Horácio Rech (620 votos). As outras cinco cadeiras restantes foram decididas pelo chamado cálculo das sobras.

Cálculo das sobras

Estas vagas que sobram pelos partidos não alcançarem o quociente eleitoral são distribuídas pelo cálculo da média de cada partido. Esta média é determinada pela quantidade de votos da legenda dividida pelo quociente partidário + 1. Até aqui, a vantagem é do PDT, pois o partido alcançou o mesmo quociente partidário, de zero vagas, que o Republicanos e fez mais votos. O cálculo desta média colocou a seguinte ordem:

PDT: 2.018
Republicanos: 1.922
PP: 1.675
MDB: 1.314
PL: 1.262

Contudo, durante o cálculo das sobras a Justiça Eleitoral aplica outras duas exigências. A primeira é o partido alcançar 80% do quociente eleitoral. Esta índice ficou em 1.712 votos, o que não foi alcançado pelos outros partidos, PSD (1.214 votos), PSB (1.055 votos), PRD (816 votos), União (440 votos) e PT (301 votos), e portanto não disputaram as cinco vagas da sobra.

PDT não teve candidato apto com 20% do QE

A segunda exigência é ter candidatos com uma votação nominal mínima de 20% do quociente eleitoral. Este foi o problema do PDT. Apesar da votação expressiva como partido, que lhe garantiria a quinta vaga da Câmara de Vereadores, o PDT teve como candidato mais votado Yuri Coloda, que fez 347 votos e não alcançou os 20% do QE exigidos, que seriam de 428 votos. Desta forma, o PDT não tinha nenhum candidato apto a receber uma destas vagas da sobra e também ficou fora da disputa.

Quarto candidato a vereador mais votado nesta eleição, Luizzão teve 649 votos, acima da exigência de 428 votos, e por isso garantiu a vaga do Republicanos, e ficou com quinta cadeira na Câmara de Vereadores.

Em sequência, as outras vagas foram entregues ao PP, com Diego Tonet, ao MDB, com Ademir Barp e ao PL, com Marcelo Golin.

Além destes, apenas Maria Branchini (MDB), com 458 votos estava apta a receber uma cadeira pelo cálculo das sobras. Os candidatos Samuel Barros (PRD), com 472 votos, e Celio Breginski (PSD), 454 votos, também atingiram este 20% do QE, entretanto, como dito anteriormente, seus partidos não estavam aptos por não ter alcançado os 80% do QE necessários.

Votos por partido:

PP: 5.025 votos
MDB: 3.944 votos
PL: 2.524 votos
PDT: 2.018 votos
Republicanos: 1.922 votos
PSD: 1.214 votos
PSB: 1.055 votos
PRD: 816 votos
União: 440 votos
PT: 301 votos

Votos nominais a vereador:

1- Deivid Schenato (PP) - 1.230 votos
2- Silvana De Carli (PP) - 938 votos
3- Diego Tonet (PP) - 849 votos
4- Luizzão (Republicanos) - 649 votos
5- Horacio Rech (PL) - 620 votos
6- Valdecir Paulus (MDB) - 569 votos
7- Claudimir Kremer Alemão (MDB) - 557 votos
8- Clodo Rigo (PP) - 550 votos
9- Ademir Barp (MDB) - 499 votos
10- Marcelo Golin (PL) - 485 votos
11- Samuel Barros (PRD) - 472 votos
12- Maria Branchini (MDB) - 458 votos
13- Celio Breginski (PSD) - 454 votos
18- Yuri Coloda (PDT) - 347 votos
23- Laudimir Silvestri (PSB) - 303 votos
29- Claudia Mantovani (UNIÃO) - 243 votos
43- Ramon Dos Santos (PT) - 153 votos

Fonte: TSE

 - Antonio Galvão
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