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Voluntários ajudam o jornal O Florense a chegar em todos os cantos do interior

Ulisses Mantovani, 84, é um ícone que representa o amor pela leitura e, até o ano passado, distribuía exemplares para toda a comunidade de São Vitor.

Na Terra do Galo e no Pequeno Paraíso Italiano, o jornal O Florense é um laço que une os moradores desses dois municípios. Percorrendo cada esquina, seja nas movimentadas ruas do centro ou nas tranquilas áreas do interior é possível encontrar o jornal da nossa comunidade. O periódico se tornou uma companhia do cotidiano, uma visita cheia de prosa e versos que os florenses e paduenses esperam toda sexta-feira.

Para que o jornal chegasse aos quatro cantos dos nossos municípios, nestes 38 anos de história, surgiram referências no interior. Agentes comunitários que, espontâneamente, passaram a representar o jornal e assumir a responsabilidade de receber todas as edições daquela localidade e distribuir pelas propriedades locais. Em alguns, este agente era o responsável até pelas assinaturas: ele fazia o pagamento ao jornal e depois cobrava dos moradores.

Atualmente, o jornal O Florense ainda conta com 15 destes agentes. Nos arredores da Capela São Vitor, um destes ícones é Ulisses Mantovani, 84 anos, que também representa o amor pela leitura.

Em sua longa trajetória de vida, Mantovani se dedicou, até o ano passado, a distribuir os exemplares semanais, garantindo que cada assinatura chegasse às mãos dos respectivos moradores. Foram mais de três décadas em que Ulisses entregava as edições na capela, em bares e estabelecimentos próximos, permitindo que todos ficassem por dentro das notícias da comunidade.

— Eu vinha aqui (na sede do jornal O Florense), pegava o pacote e colocava em um bar em São Vitor na sexta-feira, e a comunidade pegava os exemplares no domingo. Até o jornal fechar (em 2023), eu sempre entregava — relembra Mantovani, que só parou este compromisso das entregas em razão da idade.

Embora tenha encerrado estas atividades como entregador, que agora foram assumidas por motoboys, Mantovani continua a inspirar novos e antigos leitores a acompanhar. Para ele, o periódico é muito mais que um jornal; é um símbolo de identidade para o município.

Residente da cidade desde que nasceu, em 1940, Mantovani relembra sua trajetória de entregar jornais para manter a comunidade de São Vitor atualizada e explica o carinho que tem pelo diretor Carlos Raimundo Paviani.

— Eu sou muito amigo do Carlos, ele era como um irmão para mim. Nós conversávamos, e eu fazia as entregas porque gostava. Se depender de mim, não fica uma página sem ler. Fico lá, olho, leio a maioria. Eu adoro ler o jornal — exalta o compromissado leitor.

Assim como inúmeros munícipes, Ulisses ficou triste com a decisão d´O Florense de fechar as portas. Apesar de ter encerrado suas atividades como entregador comunitário, Mantovani segue sendo a referência em sua comunidade, auxiliando nas assinaturas e  sempre a incentivar amigos e os filhos a continuar lendo.

— Minha filha diz para mim às vezes: “Não compro, porque não tenho tempo de ler”. E eu sempre respondo para ela: “Olha, que o jornal é bom”. Incentivo porque a primeira coisa que faço quando o jornal chega é não deixar uma página passar sem olhar o que está escrito — reforça. 

Mantovani defende a leitura contínua d'O Florense e declara seu apoio para que mais pessoas assinem e incentivem. Mais do que as notícias, o ícone da Capela São Vítor destaca a importância do jornal para o desenvolvimento da comunidade como um todo.

— O município de Flores da Cunha, sem o jornal, não é o município de Flores da Cunha. O município sem o jornal não existe — sentencia o leitor.
 

 - Antonio Galvão
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