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Um papo com o eterno engenheiro do Hawaii

Em recente aparição por Caxias do Sul, o vocalista da, por hora, extinta banda Engenheiros do Hawaii e, também escritor, Humberto Gessinger, aproveitou a data para fazer o lançamento do seu mais recente livro, Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema (editora Belas-Letras, 2009).

Em recente aparição por Caxias do Sul, o vocalista da, por hora, extinta banda Engenheiros do Hawaii e, também escritor, Humberto Gessinger, aproveitou a data para fazer o lançamento do seu mais recente livro, Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema (editora Belas-Letras, 2009). Aproveitando a deixa, O Florense conversou com músico para saber de onde surgiu a ideia de escrever um livro, do que trata a obra, sobre o trabalho com Duca Leindecker, ex-membro da banda Cidadão Quem, no projeto ‘Pouca Vogal’ e também para matar a curiosidade e tentar descobrir como será a trajetória dos Engenheiros daqui para a frente. Confira a entrevista: O Florense: De onde surgiu a ideia de escrever um livro sobre os Engenheiros do Hawaii? Humberto Gessinger: O convite foi feito através da editora Belas Letras. Eu já tinha escrito um rascunho do livro e mostrei para o diretor, com a intenção de que alguém escrevesse o livro, baseado nos meus relatos. Só que eles gostaram muito do jeito como eu escrevia e brincava com as palavras. Daí sugeriram que eu mesmo escrevesse o livro. Na verdade, esta não é uma obra sobre os Engenheiros do Hawaii. Nunca achei que estivesse escrevendo um livro sobre a história da banda. Esses são relatos da minha história. O Florense: Com o lançamento do livro, você espera atingir uma geração que ainda não conhecia a banda? Gessinger: Nunca pensei para quem estaria escrevendo, mas espero que a molecada leia e possa compartilhar da minha história, que se confunde coma própria história dos Engenheiros. O Florense: Qual a sua influência literária. O que anda lendo? Gessinger: Eu leio muito. Sempre tenho alguma obra na cabeceira da cama ou na mala de viagem. Recentemente li um livro de Edward Said, Estilo Tardio, que faz analogias a músicos, como Thomas Mann, Jean Genet, Konstantinos Kaváfis, Glenn Gould, Luchino Viscontie e Beethoven. Agora estou lendo o livro Dossiê Gabeira, de Geneton Moraes Neto. O Florense: Vamos falar um pouco da banda. Você já deu entrevistas em que afirmava que os Engenheiros do Hawaii não faziam nem rock e nem pop. Como você classificaria o som de vocês hoje? Gessinger: Eu diria que vai do rock convencional ao rock progressivo, passando pelo MPB. Na década de 80, quando a banda iniciou, as pessoas queriam criar barreiras para o MPB, mas nós tivemos muita influência desse estilo, bem como do rock progressivo. Entretanto, sempre acreditamos que o artista deveria buscar aquilo que tem de mais pessoal para traduzir suas músicas. Foi o que fizemos e deu certo. O Florense: Hoje, você desenvolve algum trabalho para apoiar as novas bandas do Sul? Gessinger: Não. Esse é um caminho difícil pelo qual todas as bandas passam. Muitos novos artistas já me perguntaram qual é o “caminho das pedras”, mas acho que não existe. A maneira mais certa de alcançar o sucesso é buscando a pessoalidade. E batalhar pelo que se sonha. O Florense: Como está a banda hoje? Vocês têm se reunido para tocar alguma coisa ou mesmo para fazer algum show? Gessinger: Não. A banda continua “em pausa’. Esse ano eu pretendo me dedicar o ‘Pouca Vogal’. O Florense: Em 2010 a banda completaria 25 anos de trajetória. Existe a possibilidade de um show para reunir os Engenheiros? Gessinger: Isso é possível. Não temos nada planejado ainda, mas existe sim essa possibilidade para 2010. O Florense: Com o seu outro trabalho, o Pouca Vogal, você espera atingir o mesmo público que a banda dos Engenheiros atingiu? Gessinger: Essa pode ser uma porta de entrada. A minha imagem já é conhecida, mas é um universo diferente. Temos que trabalhar para conquistar o nosso espaço, porque hoje eu me considero mais o cara do Pouca Vogal do que o cara dos Engenheiros. O livro

Escrito pelo próprio Gessinger, único dos músicos que acompanhou todas as formações do grupo desde sua criação, o livro conta com 304 páginas, todas coloridas, que incluem fotografias inéditas, informações sobre cada um dos discos, letras comentadas e um diário de 1984 a 2009, além de um ensaio do escritor Luís Augusto Fischer. Pra Ser Sincero é um olhar de Gessinger sobre uma banda que era para ter durado uma noite só, mas que acabou escrevendo um capítulo da história do rock brasileiro, mesmo estando longe demais das capitais

Humberto Gessinger. - Mirian Spuldaro
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