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Transtornos mentais: uma visão espírita

Na segunda reportagem sobre espiritismo, conheça a leitura da doutrina sobre a psique humana

O espiritismo abre um vasto campo de estudos das patologias mentais quando mostra as inúmeras possibilidades do mundo espiritual influenciar os encarnados. Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas diretamente por transtornos mentais e os números tendem a crescer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Conforme o neuropsiquiatra e espírita Franklin Antônio Ribeiro, existem determinados limites que norteiam a mediunidade e os transtornos mentais. Eles são muito imprecisos. Na psiquiatria, o delírio religioso sempre existiu, e dizia-se que era algo muito bizarro. Isso faz parte de um transtorno mental. Mas, se um indivíduo recebe um espírito ou uma mediunidade dentro do seu grupo espírita e fora dali ele tem uma vida normal, então esse é um contexto de sanidade, não implica nenhum transtorno mental, esclarece o médico.

Durante toda a história, os seres humanos que possuíam algum tipo de problema passavam automaticamente pelas mãos de religiosos. De alguma forma, esses religiosos praticavam um tipo de tratamento. Por isso, um indivíduo louco era sempre considerado como possuído pelo demônio. Entretanto, a partir do século XIX, com os avanços da ciência, essa relação modificou-se e experiências mediúnicas foram estudadas. No século XIX existia uma loucura espírita no Brasil. Todos os indivíduos que expressavam alguma manifestação mediúnica eram considerados loucos e muitos psiquiatras sugeriam que eles fossem internados quando apresentassem qualquer manifestação. Nesses últimos anos, ocorreu um número muito grande de pesquisas e estudos que, a princípio, mostram que ciência e religião de alguma forma estão unidas e que a religião faz bem a saúde, independente de qual seja ela, afirma Ribeiro.
De acordo com essas pesquisas, a religião teria um papel fundamental na saúde humana, isso porque as emoções afetam o corpo humano. Temos que fortalecer essa ideia e destituir a antiga visão de que religião faz mal à saúde. Hoje, nós sabemos que isso modificou. Entretanto, é diferente de afirmar que a vida após a morte existe, que é uma realidade. Para a ciência, isso não é considerado uma realidade, ainda, pontua.


Obsessor e obsediados
Dentro da leitura espírita, muitos transtornos mentais estariam ligados a presença de espíritos, como, por exemplo, de um espírito obsessor (alma que se ocupa temporariamente para causar transtornos e prejudicar a vida das pessoas). Conforme o neuropsiquiatra, o obsessor é alguém que já passou pela terra muitas vezes e apenas quer se vingar. Nesse caso, ele já teria apresentado casos de depressão, problemas afetivos, transtornos bipolares, esquizofrenia, problemas com álcool e drogas, ansiedade e fobias. Dependendo da vibração do obsessor é óbvio que o obsediado também acaba sentido essas impressões no seu corpo físico e mental. Normalmente, quando a pessoa está adoecida mentalmente ocorre uma desintegração muito grande de várias estruturas de sua personalidade e a pessoa fica mais vulnerável a receber os impactos dos obsessores, explica Ribeiro, que complementa que, além de um tratamento espírita é importante que a pessoa receba medicação. Se o paciente apresenta um quadro psicótico e não sabemos se isso é fruto de uma obsessão ou de um transtorno químico, ou se as duas coisas estão acontecendo simultaneamente, o que nós fazemos: medicamos e oferecemos tratamento espiritual. Se o paciente é católico, vai para Igreja Católica; se é evangélico, vai na sua igreja. Ele é encaminhado para a sua religião de origem. Mas nunca deixamos de dar medicamento porque a psicofarmatologia avançou muito e tem dado resultados positivos, conclui.


Depressão
Um dos transtornos mais recorrentes, que, segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde, deve se tornar a doença mais comum do mundo nos próximos 20 anos, é a depressão. De acordo com o neuropsiquiatra e espírita Franklin Antônio Ribeiro, a depressão tem várias faces e pode ocorrer devido a fatores emocionais, psicológicos ou, até mesmo, espirituais. Alguns motivos que podem desencadear a doença são desenvolvidos ainda na infância. Ou seja, a estrutura familiar é a base da formação do caráter dos indivíduos. “Se há relação sincera entre os parceiros, a criança vai crescer dentro de um lar estruturado, mesmo com todas as dificuldades naturais de uma relação humana. Ele aprende, desde cedo, a lidar com a insatisfação, com as crises, com o respeito, a amizade, desprendimento e outros aspectos importantes nos relacionamentos”, salienta.

Durante a vida adulta, muitas pessoas acabam enfrentando situações de desilusões e, por não estarem preparadas para enfrentá-las, acabam ficando com baixa autoestima, sem autoconfiança, desanimadas, desinteressadas, sem prazer na vida. “O ser humano precisa se sentir estimulado. Sem isso, começa a sentir uma sensação de vazio e angústia”, destaca Ribeiro.

Pelo ângulo espiritual, a culpa, o remorso, a mágoa e o ressentimento levam a pessoa a estados depressivos, podendo causar o desenvolvimento de doenças psicossomáticas e até mesmo o câncer. “Portanto, o amor e o perdão que a doutrina espírita tanto nos ensina são sentimentos também preventivos”, completa.

Para o especialista, diante dos sintomas de depressão, o primeiro passo deve ser procurar um médico psiquiatra para que este prescreva um antidepressivo específico para cada tipo de pessoa. A terapia e os cuidados com o sono, com a alimentação e com as relações também devem fazer parte do tratamento, bem como ajuda espiritual com passes magnéticos e água fluidificada e leitura do evangelho. “O tratamento completo engloba o biológico, psicológico, social e espiritual”, finaliza.

Fontes: As entrevistas com o médico Franklin Antônio Ribeiro foram captadas da TV Mundo Maior, no programa Ciência e Espiritualidade e da revista Cristã de Espiritismo nº 24.



“O espiritismo me fez entender o que estava acontecendo”

Há 12 anos, a professora Beatris Zuanazzi passava por um momento muito difícil na sua vida. Tinha momentos de extrema tristeza e os médicos a diagnosticaram como depressiva, com sinais de transtorno bipolar. Estava muito doente, ficava triste e não sabia de onde vinha isso. Tinha uma família feliz, trabalho, casa. Não havia uma explicação lógica para a minha tristeza, conta. Foi a partir disso, e também por estar cansada de tomar remédios, que a professora decidiu procurar um atendimento numa Casa Espírita. No início eu tinha muito medo do Centro Espírita, achava que veria espíritos, mas, de tanto sofrer, resolvi tentar, diz. No local, ela foi indicada a fazer um tratamento à base de orações, caminhadas e pensamento elevado. Tomei nove passes, li o livro Violetas da Janela, comecei a frequentar as palestras e senti que não tinha mais tristeza e estava mais equilibrada, afirma.

Com a participação nas palestras, Beatris passou a frequentar cursos e ler as obras O livro dos médiuns e O livro dos espíritos, de Allan Kardec. Foi ali que descobriu que tinha um dom: a mediunidade. Passei a conhecer e a entender que as tristezas que eu sentia não eram minhas, mas de pessoas do mundo espiritual que precisavam de ajuda e queriam se comunicar. Hoje eu sei que o sofrimento não é meu e aprendi a controlá-lo, explica a professora. Quando tu tem conhecimento, ele te liberta; e o espiritismo me possibilitou entender e saber o que estava acontecendo comigo, diz.
Hoje, Beatris trabalha na Casa Espírita Divina Luz e utiliza sua mediunidade para ajudar os espíritos desencarnados a se comunicarem. Me encontrei na doutrina espírita porque ela agrega a filosofia, a ciência e a religião que são os pilares que eu acredito. Eu tenho uma mediunidade e não sabia, deve ter muita gente que sente a mesma coisa e não sabe o que é. Você precisa se autoconhecer para não continuar sofrendo, finaliza.

A fé que cura
Há cerca de um ano, a costureira Maria da Glória Pena, 46 anos, conheceu a doutrina espírita. Motivada pela curiosidade, ela decidiu visitar a Casa Irmã Tereza. Lá recebeu os primeiros ensinamentos sobre a religião. Tempos depois conheceu o Centro Espírita Divina Luz, o qual passou a frequentar e, aos poucos, foi aprofundando seu conhecimento.

No final de 2009, Maria da Glória realizou uma consulta médica e, após fazer exames, descobriu que existia um cisto em seu ovário direito. Durante dois anos ela realizou tratamentos médicos para eliminar o problema, mas não obteve sucesso. Após ser informada sobre a cirurgia espiritual que era realizada no centro e já desanimada por conta das dores e das fortes hemorragias que apresentava, a costureira decidiu realizar o método.

O procedimento foi feito em dezembro de 2009. Para a sua surpresa, alguns meses depois Maria da Glória realizou uma ultrassonografia e verificou que o cisto havia desaparecido. Ela não sabe explicar como isso aconteceu, mas acredita que a fé que em seu coração fez com que o resultado fosse satisfatório.

Meses depois um outro cisto apareceu, desta vez no ovário esquerdo. Como ela teve uma experiência positiva da primeira vez que realizou a cirurgia espiritual, tentou o artifício novamente no mês passado. Mas a prova só virá no mês de agosto, quando ela irá realizar exame para verificar se o problema também desapareceu. Para Maria da Glória, a explicação para a cura está dentro de cada um. “Tenho muita fé nas coisas e acreditava realmente que ficaria boa. Isso foi o que me ajudou”, declara.
O presidente da Casa Espírita Divina Luz, Ademir Smiderle, confirma o que a costureira diz. “Não fazemos nenhum milagre aqui no centro. A cura está dentro de cada um. As pessoas têm que se ajudar também”, finalisa.

Pesquisas científicas

A ciência, de acordo com o médico Franklin Antônio Ribeiro, possui, atualmente, três linhas de pesquisas relacionadas a ciência e religião:

Religião e saúde
Estuda sobre os benefícios que a religião pode afetar na saúde humana. A ciência recebe muitas pesquisas de que as pessoas melhoram muito nos ambientes religiosos e que muitas doenças psiquiátricas e transtornos mentais são tratadas por líderes religiosos. Isso porque muitos médicos não conhecem isso. Não é ensinado na faculdade que se deve perguntar ao paciente qual a sua religião e se ela faz bem para a sua saúde, diz o espírita.

Diagnóstico diferencial

(estados alterados de consciência e psicopatologia)
A pesquisa busca entender que questões como conversar com os espíritos estão ligadas a diversos fatores e não podem ser consideradas como transtornos mentais.

Origem das vivências
Nesse estudo se investigam as experiências de quase-morte, a transcomunicação instrumental e todos fenômenos que implicam de onde viemos. A partir disso, mais adiante podemos chegar a uma resposta categórica sobre reencarnação. A ciência vai responder que as pesquisas indicam que é possível a vida após a morte, diz.

Palestra sobre medicina e espiritismo
Para profissionais da área médica e comunidade em geral que tenham interesse em conhecer mais sobre a medicina aliada ao espiritismo, nos dias 28 e 29 deste mês, acontece no UCS Teatro, em Caxias do Sul, a V Jornada Médico Espírita da Serra Gaúcha. O ciclo de palestras tem como temática ‘Os distúrbios psicológicos e transtornos da mente’ e reúne profissionais da área médica, todos ligados aos espiritismo.

Serviço
O que: V Jornada Médico Espírita da Serra.
Quando: 28 e 29 de maio de 2010.
Horário: sexta-feira, das 20h às 22h30min, e sábado, das 8h30min às 18h.
Local: UCS Teatro - Caxias do Sul.
Mais informações: www.ameserragaucha.com.br


Allan Kardec, o codificador do espiritismo

Falar de Espiritismo é falar de Kardec. É saber quem foi o homem Denizard Rivail que se tornou o codificador Kardec. Allan Kardec era o pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, nascido em Lion, na França, em 3 de outubro de 1804. Rivail iniciou seus estudos na cidade natal, completando-os em Yverdun, na Suíça, com o célebre Pestalozzi, de quem tornou-se discípulo e dedicado colaborador.
Foi substituto de Pestalozzi durante suas jornadas para difundir o seu novo sistema de educação, que tanto influenciou o ensino na Europa. Era bacharel em Letras, ciências e doutor em Medicina. Linguista, falava alemão, espanhol, inglês e italiano. Fundou em Paris um instituto similar ao do mestre na Suíça. Casou-se com Amélia Boudet, professora.

Também foi o organizador das informações obtidas junto aos espíritos através de médiuns, avaliando-as, comparando-as e editando-as nas obras da codificação, tendo como títulos: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868).

Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869, aos 65 anos, vítima de um aneurisma. Sua persistência e estudo constantes foram essenciais para a elaboração do movimento espírita e organização dos ensinos do Espírito de Verdade.
Fonte: Biografia de Allan Kardec.

O mito Chico Xavier
Ele foi o homem que fez os brasileiros acreditarem na vida após a morte, que mudou a vida de famílias desconsoladas, que fez a ciência tentar explicar sobre as vozes do além. Ele foi Francisco Cândido Xavier, conhecido popularmente por Chico Xavier. Nasceu em Uberaba, em Minas Gerais, no dia 2 de abril de 1910. Educado na fé católica, aos cinco anos afirmava conversar com a mãe, recém-falecida. Em 1927, teve seu primeiro contato com a doutrina espírita. A partir dali passou a estudar sua mediunidade e fundou o Centro Espírita Luiz Gonzaga. Em 1928, então com 18 anos, começou a publicar suas primeiras mensagens psicografadas em jornais.

Contribuiu para expandir o movimento espírita no Brasil e encorajou os espíritas a revelarem sua adesão à doutrina sistematizada por Allan Kardec. Sua credibilidade serviu de incentivo para que médiuns espíritas e não-espíritas realizassem trabalhos espirituais abertos ao público. Na década de 1970, passou a ajudar pessoas pobres e instituições assistenciais com o dinheiro da vendagem de seus livros, tendo para tanto criado uma fundação.

Envolveu-se em muitas polêmicas, principalmente com aqueles que o julgavam uma fraude. Em 1994, uma revista publicou que ele havia ficado milionário com as obras psicografadas, tendo ganhado 20 milhões de dólares como secretário de fantasmas. Na época, o médium não respondeu, mas a Federação Espírita Brasileira, que editava boa parte de sua obras, afirmou que Chico não recebia nenhum dinheiro pelos direitos autorais.

Chico Xavier faleceu em 2002, aos 92 anos, cumprindo uma profecia sua: Só vou morrer no dia em que o Brasil todo estiver feliz, dizia. E morreu mesmo. O médium teve uma parada cardíaca no dia 30 de junho, horas antes de o Brasil ganhar a Copa do Mundo de futebol.

No decorrer de sua vida, psicografou 451 livros, sendo 39 publicados após a morte. Nunca admitiu ser o autor de nenhuma das obras, afirmando que apenas reproduzia o que os espíritos lhe ditavam. Suas obras venderam mais de 25 milhões de cópias e sua influência ajudou a tornar o Brasil o maior país kardecista do mundo, com 20 milhões de fiéis.
Fontes: Wikipédia e Revista Super Interessante

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