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Reconstrução adiada: O desafio de Sandra Siqueira após o Incêndio de sua casa

Mais de um ano depois de ter a casa consumida pelo fogo, Sandra ainda busca a reconstrução de sua residência no bairro Aparecida

Mais de um ano após ter a casa destruída por um incêndio no bairro Aparecida, Sandra Siqueira, 51 anos, ainda tenta se reerguer. Após várias mudanças, a dona de casa está morando de aluguel nos fundos  de uma residência no bairro Granja União. O sonho de reconstruir a casa própria conta com o apoio da comunidade, que doou os materiais necessários, contudo a obra foi embargada no mês passado por falta de projeto junto a prefeitura.
O incêndio aconteceu na noite do dia 5 de setembro do ano passado. Sandra, junto com os filhos gêmeos de 10 anos, Vitor e Felipe, recebia a visita de parentes de Santa Catarina quando as chamas começaram. A casa de madeira foi consumida em minutos. Felizmente, a família conseguiu escapar sem nenhum ferido.
A causa do incêndio nunca foi esclarecida. A suspeita é que tenha começado por um possível superaquecimento de uma lareira na sala. Outra hipótese é um curto-circuito.
O fato é que, passado mais de um ano do episódio, Sandra ainda sofre com o episódio. O filho Vitor tem paralisia cerebral que sofreu no pós-parto e precisa de uma cadeira de rodas para se locomover. O equipamento adaptado, avaliado em R$ 22 mil, foi perdido no indêndio. 
— Era uma cadeira adaptada porque o Vitor não se dobra. A cadeira precisa ser quase como um sofá. Tínhamos conseguido ela graças a uma vaquinha e apoio da APAE — lembra a mãe.
Após o incêndio, a família precisou se mudar várias vezes. Atualmente, eles vivem em uma pequena casa de fundos no bairro Granja União.
— Hoje estou pagando aluguel aqui. Como você pode ver é bem pequeno. Pago R$ 770 por mês neste aluguel — conta Sandra, enquanto mostra o banheiro da residência que não comportaria o tamanho da cadeira de rodas de Vitor.
Antes do incêndio, Sandra possuía uma renda extra vendendo bolos feitos em casa. Ela perdeu todos os utensílios domésticos necessários para a produção no incêndio. Hoje,  sustenta a família com um salário mínimo que recebe como beneficiária devido à situação do filho.
— Meu lado emocional ficou muito abalado desde o acontecido. Aliás, de toda a minha família. Não tenho como trabalhar fora porque o Vitor precisa de cuidados 24 horas por dia. Se não fosse a ajuda que recebo da minha família não sei como estaríamos — desabafa.
Apesar de sua história, Sandra expressa profunda gratidão aos florenses pela solidariedade recebida pós-incêndio.
— Só tenho a agradecer à minha comunidade, que me ajudou tanto. Já tenho todo o material necessário para construir uma casa adaptada, que é o mais importante. Será uma casa especialmente projetada para o Vitor — declara a mãe, com esperança.

Reconstrução foi embargada e aguarda documentos

ampanhas foram realizadas para ajudar na reconstrução da casa da família de Sandra. Almoços comunitários, doações espontâneas e outras iniciativas foram organizadas para arrecadar valores e ajudar.
Uma nova casa, no mesmo endereço no bairro Aparecida, começou a ser construída, mas precisou ser interrompida após a metade da construção diante de um auto de embargo expedido no dia 8 de agosto. O documento aponta que a construção não possuía projeto aprovado pelo Departamento de Projetos e Planejamento Urbano (DPPU).
— Me sinto injustiçada. Está tudo na medida, projeto e planta, tudo regularizado. Só a prefeitura não assinou e esse é o motivo do embargo. Dizem que não pode ser assinado porque é um terreno que não é desmembrado, que não tem escritura. Eles alegam que não podem terminar a casa porque falta essa documentação — lamenta Sandra.
Sandra alega que o problema é que o terreno, onde morava há 50 anos, não é desmembrado e não possui escritura. O auto de embargo, contudo, se resume a apontar a falta de aprovação do projeto pelo DPPU.
Enquanto a luta por uma solução continua, a resiliência e o apoio da comunidade permanecem para Sandra e seus filhos. A expectativa dela é que as autoridades possam encontrar uma solução rápida e justa, permitindo que seu lar seja reconstruído no endereço que era de seus pais, desta vez com uma casa adaptada para as necessidades especiais de Vitor.
— Fico no aguardo e na esperança de uma resposta.

Contraponto
Procurada pela reportagem, a prefeitura declarou que está empenhada em regularizar a área do bairro Aparecida e emitir os títulos de propriedade em nome dos moradores. Confira a nota na íntegra:
"O Município informa que recebeu um comunicado do Ministério Público relacionado à obra. Por estar localizada em área pertencente ao Estado, a construção foi embargada.
Desde 2022, o Município vem trabalhando para regularizar a área, realizando diversas reuniões com todos os moradores locais. Com a conclusão dos trâmites junto ao Estado, será possível emitir os títulos de propriedade em nome dos moradores e regularizar todas as construções existentes.
O Município está empenhado em encontrar soluções que respeitem a legislação e garantam o direito à moradia, visando permitir que a família possa retomar a construção de seu imóvel o mais breve possível".

 - Klisman Oliveira
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