O volante exige atenção em qualquer circunstância
Acidentes com tratores agrícolas são uma das causas mais presentes da morte de agricultores durante o trabalho
Uma ferramenta para auxiliar o trabalho no campo, diminuindo a mão de obra e facilitando o trabalho dos agricultores, os tratores agrícolas foram criados para ajudar este que é um trabalho de força e, muitas vezes, que tem prazos para ser concluído. As máquinas, porém, estão se tornando a principal causa de acidentes nas pequenas propriedades, muitas vezes resultando até mesmo na morte do trabalhador. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil é líder em número de acidentes fatais com esses equipamentos no meio rural. São cerca de 3 mil mortes por ano no país. E a cada três acidentes ocorridos um ocasiona a incapacidade permanente do trabalhador. Geralmente, o excesso de confiança, a imprudência e a falta de treinamento estão por trás das tragédias. Somente neste ano aconteceram dois acidentes fatais, sendo um em Flores da Cunha e outro em Nova Pádua.
Para o técnico agrícola e instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Romildo Guzzo, que ministra aulas na área de Mecanização Agrícola, com técnicas na identificação, manutenção e no funcionamento dos tratores, o primeiro passo é o conhecimento sobre as normas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) sobre a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “Nas normas reguladoras, o Ministério do Trabalho habilita o trabalhador de forma correta e segura com o uso dos equipamentos de proteção, como protetor auricular, calçado, protetor contra tombamento, cinto de segurança, entre outros. Manutenção como níveis de óleos, calibragem de pneus, lastro, conhecimento sobre lubrificantes, lubrificação do trator, entre outros, também são fundamentais”, lista Guzzo.
Embora não se tenham dados exclusivos quanto ao número de acidentes com tratores agrícolas, nem as causas deles na região, o técnico destaca que a maior concentração de acidentes está exatamente nas pequenas propriedades, onde o trabalhador muitas vezes não tem o conhecimento sobre a máquina. “Na maioria das vezes as informações para prevenção de acidentes não chega até essas propriedades. O trabalhador não conhece maneiras de evitar problemas, não tem conhecimento e domínio do trator ou ainda experiência, pois muitas vezes temos menores de idade operando esses tratores”, admite Guzzo, que ministra aulas de manutenção de tratores fruteiros, agrícolas, operador de tratores agrícolas, regulagem e manutenção de colhedores de grãos, além de agricultura de precisão.
Capotamentos e tombamentos
Na Serra Gaúcha, o uso do trator agrícola em terrenos de aclive ou declive acentuado e pedregosos é comum já que a região apresenta essa topografia – o recomendado é que em áreas acima de 25° de angulação não sejam utilizados tratores. E esse é exatamente um fator de risco para capotagens e tombamentos, as causas mais comuns de acidentes, pois a parte da frente é mais leve que a traseira. O trator é um veículo que não é de alta velocidade, porém, em geral, necessita de grande potência e peso para o bom desempenho das funções, e isso faz com que se perda com facilidade a estabilidade no eixo, o que acaba jogando para fora o produtor, que pode acabar debaixo do equipamento. O capotamento é uma das causas mais comuns de acidentes e que causa lesões graves ao operador.
Por esse motivo existe a Estrutura de Proteção na Capotagem (EPC), um equipamento montado sobre o trator, com a finalidade de proteger o condutor em caso de acidentes, garantindo um espaço seguro para o motorista. “O terreno é o fator que requer maior cuidado e, para isso, é necessário treinamento, informação e consciência. É obrigatória a utilização durante a operação da proteção contra tombamento e o cinto de segurança. Sabemos que nessa região, com vinhedos, dificilmente se consegue trabalhar utilizando a proteção, mas é importante lembrar que nem sempre os acidentes têm acontecido nas fileiras de trabalho, mas sim em outros locais onde a estrutura deveria estar sendo usada”, lamenta o técnico.
No caso da vitivinicultura, onde a estrutura existente para proteção em tombamentos é inviável por enroscar e quebrar os galhos das videiras, Guzzo sustenta que esses tratores fruteiros ainda requerem mudanças nas suas estruturas. Por isso, cada artigo de segurança deve ser levado em consideração no momento de adquirir o trator novo. “Por exemplo, em alguns modelos a plataforma do operador tem espaço reduzido, dificultando assim a ação do produtor, pois as alavancas de marchas estão no centro. Já em outros modelos, as alavancas estão na lateral e isso facilita, e muito, na segurança do operador. O produtor, ao adquirir um equipamento, deve levar em consideração estes elementos”, aconselha Guzzo.
Conselho: procure saber sempre mais
Para o técnico agrícola e instrutor do Senar Romildo Guzzo, os tratores constituem uma importante ferramenta para o produtor, que conseguiu reduzir a mão de obra braçal e aumentar a produtividade. Porém seu manuseio requer diversos cuidados. “A condição do terreno, o mau acoplamento do implemento ao trator, como corrente de segurança na barra de tração, frisos no reboque, excesso de carga ao ser transportado, tudo pode ocasionar um acidente. As falhas mecânicas também representam problemas muitas vezes pela simples falta de manutenção, o conhecido ‘depois eu faço’, ‘hoje estou com pressa’ ou ‘quando chover eu conserto’. Até mesmo trabalhar sem a proteção do eixo cardã na tomada de força (equipamento projetado para acoplagem à tomada de força traseira do trator) é muito perigoso. É bom lembrar que a maior parte dos acidentes acontece por subestimar a capacidade do trator em relação ao serviço e ao terreno. O trator pode se tornar uma arma, e por isso o operador deve ter o seu domínio preciso de conhecimento, identificação e organização”, orienta o técnico.
Para alguns tratores de maior dimensão é necessário ter Carteira Nacional de Habilitação (CNH) categoria C. No entanto, os Centros de Formação de Condutores (CFCs) não têm treinamento específico para quem vai dirigir um trator. Por isso o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural realiza cursos nessa área, com carga horária de, no mínimo, 20 horas, com idade e número de participantes definidos de acordo com o curso – uma exigência do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “O produtor pode procurar esses cursos por meio dos Sindicatos Rurais variando as áreas e de forma gratuita, pois os agricultores já contribuem quando emitem a nota fiscal de produtor. Os assuntos abordados estão no plano institucional e, no caso de tratores, o objetivo é fazer com que o trabalhador opere e faça as manutenções de forma correta e segura”, adianta Guzzo.
No caso do curso de Operador de Tratores Agrícolas, a cargo horária é de 32 horas, com idade mínima de 18 anos e, no mínimo, seis participantes. O conteúdo programático inclui a apresentação do painel de instrumentos e comandos operacionais; utilização de marcha, de grupo e rotação do motor; acionamento de tomada de força, rotações e utilização; segurança no trabalho, Código de Transito Brasileiro; identificação dos componentes do trator, sistema de filtragem de ar, de combustível, de lubrificação, refrigeração e elétrico; sistema de direção, hidráulico e de tomada de força; acoplamento e regulagem de implementos agrícolas.
Mais informações pelo site www.senar-rs.com.br, ou com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua pelo telefone (54) 3292.7500.
Dicas
O acidente acontece onde a prevenção falha, por isso algumas medidas são importantes:
— Use os equipamentos obrigatórios de proteção – botina, capacete (para tratores sem estrutura anticapotamento), colete refletivo, protetor auricular (para trator sem cabine), luva de couro, óculos de proteção e roupa apropriada. Procure proteger todas as partes do corpo e nunca opere o trator com chinelos ou sandálias, use sempre calçados fechados como botas.
— Confira o nível do óleo do motor, água, possíveis vazamentos, funcionamento dos freios e condições dos pneus. Manutenções regulares são indispensáveis para a segurança, além de aumentar a vida útil do equipamento.
— Verifique o terreno onde vai trabalhar. Quanto maior o trator, maior o risco de uma queda. Se a área estiver muito molhada, espere secar, pois o terreno pode ceder ou ficar escorregadio a ponto de desestabilizar a máquina. Áreas com declive ou aclive acentuado exigem o dobro de atenção.
— Use sempre o cinto de segurança. Se o trator tombar, não tente pular fora. A estrutura anticapotamento do trator é construída para suportar todo o peso da máquina. É importante ficar atendo aos limites do trator, ou seja, nunca acople implementos que exijam maior potência do que o mesmo oferece e garanta equipamentos específicos para cada modelo de trator.
— Nunca mexa nas engrenagens da máquina sem desligar e tirar a chave de segurança da ignição. Não realize operações com o trator sem os protetores das partes móveis (TDP, cardã, etc) e nunca permaneça entre o trator e o implemento durante o acoplamento.
— Não permita o uso do veículo por pessoa não habilitada e sem experiência, principalmente por crianças. Também não dê caronas, o trator possui apenas um banco, por isso sua capacidade é para apenas uma pessoa.
— O trator não pode ser utilizado como meio de transporte fora das propriedades, em vias de tráfego ou cidades. Se isso for inevitável, como de uma propriedade para outra, por exemplo, os faróis dianteiros devem permanecer acessos e os faróis traseiros, de trabalho, deverão permanecer apagados durante a circulação, pois podem atrapalhar a visão dos veículos que estão atrás. Lanternas de freio na cor vermelha, além de indicadores luminosos de mudança de direção são obrigatórios.
Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Para o técnico agrícola e instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Romildo Guzzo, que ministra aulas na área de Mecanização Agrícola, com técnicas na identificação, manutenção e no funcionamento dos tratores, o primeiro passo é o conhecimento sobre as normas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) sobre a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “Nas normas reguladoras, o Ministério do Trabalho habilita o trabalhador de forma correta e segura com o uso dos equipamentos de proteção, como protetor auricular, calçado, protetor contra tombamento, cinto de segurança, entre outros. Manutenção como níveis de óleos, calibragem de pneus, lastro, conhecimento sobre lubrificantes, lubrificação do trator, entre outros, também são fundamentais”, lista Guzzo.
Embora não se tenham dados exclusivos quanto ao número de acidentes com tratores agrícolas, nem as causas deles na região, o técnico destaca que a maior concentração de acidentes está exatamente nas pequenas propriedades, onde o trabalhador muitas vezes não tem o conhecimento sobre a máquina. “Na maioria das vezes as informações para prevenção de acidentes não chega até essas propriedades. O trabalhador não conhece maneiras de evitar problemas, não tem conhecimento e domínio do trator ou ainda experiência, pois muitas vezes temos menores de idade operando esses tratores”, admite Guzzo, que ministra aulas de manutenção de tratores fruteiros, agrícolas, operador de tratores agrícolas, regulagem e manutenção de colhedores de grãos, além de agricultura de precisão.
Capotamentos e tombamentos
Na Serra Gaúcha, o uso do trator agrícola em terrenos de aclive ou declive acentuado e pedregosos é comum já que a região apresenta essa topografia – o recomendado é que em áreas acima de 25° de angulação não sejam utilizados tratores. E esse é exatamente um fator de risco para capotagens e tombamentos, as causas mais comuns de acidentes, pois a parte da frente é mais leve que a traseira. O trator é um veículo que não é de alta velocidade, porém, em geral, necessita de grande potência e peso para o bom desempenho das funções, e isso faz com que se perda com facilidade a estabilidade no eixo, o que acaba jogando para fora o produtor, que pode acabar debaixo do equipamento. O capotamento é uma das causas mais comuns de acidentes e que causa lesões graves ao operador.
Por esse motivo existe a Estrutura de Proteção na Capotagem (EPC), um equipamento montado sobre o trator, com a finalidade de proteger o condutor em caso de acidentes, garantindo um espaço seguro para o motorista. “O terreno é o fator que requer maior cuidado e, para isso, é necessário treinamento, informação e consciência. É obrigatória a utilização durante a operação da proteção contra tombamento e o cinto de segurança. Sabemos que nessa região, com vinhedos, dificilmente se consegue trabalhar utilizando a proteção, mas é importante lembrar que nem sempre os acidentes têm acontecido nas fileiras de trabalho, mas sim em outros locais onde a estrutura deveria estar sendo usada”, lamenta o técnico.
No caso da vitivinicultura, onde a estrutura existente para proteção em tombamentos é inviável por enroscar e quebrar os galhos das videiras, Guzzo sustenta que esses tratores fruteiros ainda requerem mudanças nas suas estruturas. Por isso, cada artigo de segurança deve ser levado em consideração no momento de adquirir o trator novo. “Por exemplo, em alguns modelos a plataforma do operador tem espaço reduzido, dificultando assim a ação do produtor, pois as alavancas de marchas estão no centro. Já em outros modelos, as alavancas estão na lateral e isso facilita, e muito, na segurança do operador. O produtor, ao adquirir um equipamento, deve levar em consideração estes elementos”, aconselha Guzzo.
Conselho: procure saber sempre mais
Para o técnico agrícola e instrutor do Senar Romildo Guzzo, os tratores constituem uma importante ferramenta para o produtor, que conseguiu reduzir a mão de obra braçal e aumentar a produtividade. Porém seu manuseio requer diversos cuidados. “A condição do terreno, o mau acoplamento do implemento ao trator, como corrente de segurança na barra de tração, frisos no reboque, excesso de carga ao ser transportado, tudo pode ocasionar um acidente. As falhas mecânicas também representam problemas muitas vezes pela simples falta de manutenção, o conhecido ‘depois eu faço’, ‘hoje estou com pressa’ ou ‘quando chover eu conserto’. Até mesmo trabalhar sem a proteção do eixo cardã na tomada de força (equipamento projetado para acoplagem à tomada de força traseira do trator) é muito perigoso. É bom lembrar que a maior parte dos acidentes acontece por subestimar a capacidade do trator em relação ao serviço e ao terreno. O trator pode se tornar uma arma, e por isso o operador deve ter o seu domínio preciso de conhecimento, identificação e organização”, orienta o técnico.
Para alguns tratores de maior dimensão é necessário ter Carteira Nacional de Habilitação (CNH) categoria C. No entanto, os Centros de Formação de Condutores (CFCs) não têm treinamento específico para quem vai dirigir um trator. Por isso o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural realiza cursos nessa área, com carga horária de, no mínimo, 20 horas, com idade e número de participantes definidos de acordo com o curso – uma exigência do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “O produtor pode procurar esses cursos por meio dos Sindicatos Rurais variando as áreas e de forma gratuita, pois os agricultores já contribuem quando emitem a nota fiscal de produtor. Os assuntos abordados estão no plano institucional e, no caso de tratores, o objetivo é fazer com que o trabalhador opere e faça as manutenções de forma correta e segura”, adianta Guzzo.
No caso do curso de Operador de Tratores Agrícolas, a cargo horária é de 32 horas, com idade mínima de 18 anos e, no mínimo, seis participantes. O conteúdo programático inclui a apresentação do painel de instrumentos e comandos operacionais; utilização de marcha, de grupo e rotação do motor; acionamento de tomada de força, rotações e utilização; segurança no trabalho, Código de Transito Brasileiro; identificação dos componentes do trator, sistema de filtragem de ar, de combustível, de lubrificação, refrigeração e elétrico; sistema de direção, hidráulico e de tomada de força; acoplamento e regulagem de implementos agrícolas.
Mais informações pelo site www.senar-rs.com.br, ou com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua pelo telefone (54) 3292.7500.
Dicas
O acidente acontece onde a prevenção falha, por isso algumas medidas são importantes:
— Use os equipamentos obrigatórios de proteção – botina, capacete (para tratores sem estrutura anticapotamento), colete refletivo, protetor auricular (para trator sem cabine), luva de couro, óculos de proteção e roupa apropriada. Procure proteger todas as partes do corpo e nunca opere o trator com chinelos ou sandálias, use sempre calçados fechados como botas.
— Confira o nível do óleo do motor, água, possíveis vazamentos, funcionamento dos freios e condições dos pneus. Manutenções regulares são indispensáveis para a segurança, além de aumentar a vida útil do equipamento.
— Verifique o terreno onde vai trabalhar. Quanto maior o trator, maior o risco de uma queda. Se a área estiver muito molhada, espere secar, pois o terreno pode ceder ou ficar escorregadio a ponto de desestabilizar a máquina. Áreas com declive ou aclive acentuado exigem o dobro de atenção.
— Use sempre o cinto de segurança. Se o trator tombar, não tente pular fora. A estrutura anticapotamento do trator é construída para suportar todo o peso da máquina. É importante ficar atendo aos limites do trator, ou seja, nunca acople implementos que exijam maior potência do que o mesmo oferece e garanta equipamentos específicos para cada modelo de trator.
— Nunca mexa nas engrenagens da máquina sem desligar e tirar a chave de segurança da ignição. Não realize operações com o trator sem os protetores das partes móveis (TDP, cardã, etc) e nunca permaneça entre o trator e o implemento durante o acoplamento.
— Não permita o uso do veículo por pessoa não habilitada e sem experiência, principalmente por crianças. Também não dê caronas, o trator possui apenas um banco, por isso sua capacidade é para apenas uma pessoa.
— O trator não pode ser utilizado como meio de transporte fora das propriedades, em vias de tráfego ou cidades. Se isso for inevitável, como de uma propriedade para outra, por exemplo, os faróis dianteiros devem permanecer acessos e os faróis traseiros, de trabalho, deverão permanecer apagados durante a circulação, pois podem atrapalhar a visão dos veículos que estão atrás. Lanternas de freio na cor vermelha, além de indicadores luminosos de mudança de direção são obrigatórios.
Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
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