O relato de um sobrevivente
Marcelo Negri conta como aconteceu o acidente que matou o primo Fabiano Lodeas. Motorista causador da ocorrência pagou fiança e foi solto
Oito dias após a morte do mecânico florense Fabiano Lodeas, 22 anos, o professor universitário que dirigia o veículo que causou o acidente na ERS-122, Roger Luis Puglia, 44 anos, deixou a Penitenciária Regional do Apanhador após pagar fiança de R$ 21,8 mil. Puglia foi indiciado por homicídio doloso eventual (quando se assume o risco de matar), mas responderá ao processo em liberdade. O acidente aconteceu no dia 14 de outubro, na ERS-122, na localidade de São Gotardo, em Flores da Cunha. Submetido ao teste do bafômetro naquele dia, foi constatada a presença de 0,62 miligrama de álcool por litro de sangue, fato que motivou a prisão em fragrante do professor.
O advogado de Puglia, Vitor Hugo Gomes, afirmou que seu cliente é diabético e que a doença teria alterado o resultado do teste. Além disso, Gomes também sugere que o resultado do bafômetro na ocasião não estaria correto em virtude do aparelho não estar aferido como prevê a lei. A delegada Aline Martinelli contesta a afirmação do defensor, assegurando que o etilômetro estava sim aferido e que ninguém, além dela e dos policiais militares que atenderam a ocorrência, teve acesso ao aparelho e suas informações.
Nesta semana, o jornal O Florense contatou as partes envolvidas no acidente para publicar a versão de cada um sobre o ocorrido. Marcelo Negri, 35 anos, primo de Fabiano Lodeas que dirigia a moto, conversou com a reportagem e relatou o que presenciou naquele dia. O advogado do professor universitário optou por não responder aos questionamentos feitos.
A versão do sobrevivente
Ainda abalado, Marcelo Negri, sobrevivente do acidente, contou que ele e Lodeas seguiam de Flores da Cunha para Caxias do Sul no dia 14. Ao passar pelo trevo de São Gotardo, na primeira curva, a dupla, que estava em uma moto Honda Tornado, se deparou com uma cegonheira vazia. Mantiveram certa distância e, alguns metros à frente, perceberam que o caminhão começou a invadir o acostamento e a frear bruscamente. “Na hora pensei que pudesse ter algum cachorro ou um buraco na pista. A carreta fez a curva saindo da estrada. Sem saber o que se passava, também segui em direção ao acostamento. Só vi um vulto preto saindo de trás da carreta, na pista contrária, vindo em nossa direção. Foi tudo muito rápido. Só escutei um estouro”, lembra Negri.
Nesse momento, o Palio de Puglia atingiu a motocicleta, fazendo com que Lodeas, que estava na carona da moto, fosse arremessado a cerca de 40 metros distante do ponto da colisão. “O carro não bateu em mim. Com o acidente voei por cima da moto e caí no asfalto com o cotovelo no chão”, descreve Negri. Apesar do forte impacto, ele afirma que não desmaiou, permanecendo consciente o tempo todo. “Quando levantei, percebi que meu braço estava pendurado. Segui para a beira do acostamento, onde estava o Fabiano. Ele havia caído de bruços. Cheguei perto e falei para ele não se mexer, mas ele não falou nada. Estava de capacete e com os olhos fechados. Cerca de 40 segundos depois percebi que ele deu três suspiros. Morreu naquele instante, na minha frente”, conta o sobrevivente.
“Língua enrolada”
Cercado por populares, Negri chorava a morte do primo, quando viu o motorista do Palio deixar o veículo e se aproximar deles. “Ele chegou perto do corpo do Fabiano e disse: ‘O que houve aí, magrão?’ Todos perceberam que ele andava cambaleando, tentando ficar de pé. Estava com a língua enrolada de tão bêbado”, afirma Negri, ressaltando que as pessoas que presenciaram a cena ficaram revoltadas.
O condutor da moto foi resgatado por uma ambulância e levado ao Hospital Fátima de Flores da Cunha, depois transferido para Caxias do Sul. Ele fraturou o cotovelo esquerdo e precisou ser submetido a uma cirurgia para a colocação de pinos de platina. Nesta semana ele iniciou as sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos do braço. Negri continua afastado do trabalho.
Revolta
Na quarta-feira, Dia de Finados, a família Lodeas viveu mais uma grande dor, a primeira visita ao túmulo de Fabiano após o acidente fatal. Segundo Negri, todos ainda estão muito abalados e ficaram revoltados quando receberam a notícia de que Puglia havia pagado a fiança e passaria a responder o processo em liberdade. “Esse é o Brasil. Infelizmente a nossa lei é assim. Porém, nós não vamos desistir e acionaremos ele judicialmente por uma série de outros fatores, mas, infelizmente, isso não trará o nosso Fabiano de volta. Essa é uma perda que sentiremos pelo resto da vida”, desabafa Negri.
O advogado de Puglia, Vitor Hugo Gomes, afirmou que seu cliente é diabético e que a doença teria alterado o resultado do teste. Além disso, Gomes também sugere que o resultado do bafômetro na ocasião não estaria correto em virtude do aparelho não estar aferido como prevê a lei. A delegada Aline Martinelli contesta a afirmação do defensor, assegurando que o etilômetro estava sim aferido e que ninguém, além dela e dos policiais militares que atenderam a ocorrência, teve acesso ao aparelho e suas informações.
Nesta semana, o jornal O Florense contatou as partes envolvidas no acidente para publicar a versão de cada um sobre o ocorrido. Marcelo Negri, 35 anos, primo de Fabiano Lodeas que dirigia a moto, conversou com a reportagem e relatou o que presenciou naquele dia. O advogado do professor universitário optou por não responder aos questionamentos feitos.
A versão do sobrevivente
Ainda abalado, Marcelo Negri, sobrevivente do acidente, contou que ele e Lodeas seguiam de Flores da Cunha para Caxias do Sul no dia 14. Ao passar pelo trevo de São Gotardo, na primeira curva, a dupla, que estava em uma moto Honda Tornado, se deparou com uma cegonheira vazia. Mantiveram certa distância e, alguns metros à frente, perceberam que o caminhão começou a invadir o acostamento e a frear bruscamente. “Na hora pensei que pudesse ter algum cachorro ou um buraco na pista. A carreta fez a curva saindo da estrada. Sem saber o que se passava, também segui em direção ao acostamento. Só vi um vulto preto saindo de trás da carreta, na pista contrária, vindo em nossa direção. Foi tudo muito rápido. Só escutei um estouro”, lembra Negri.
Nesse momento, o Palio de Puglia atingiu a motocicleta, fazendo com que Lodeas, que estava na carona da moto, fosse arremessado a cerca de 40 metros distante do ponto da colisão. “O carro não bateu em mim. Com o acidente voei por cima da moto e caí no asfalto com o cotovelo no chão”, descreve Negri. Apesar do forte impacto, ele afirma que não desmaiou, permanecendo consciente o tempo todo. “Quando levantei, percebi que meu braço estava pendurado. Segui para a beira do acostamento, onde estava o Fabiano. Ele havia caído de bruços. Cheguei perto e falei para ele não se mexer, mas ele não falou nada. Estava de capacete e com os olhos fechados. Cerca de 40 segundos depois percebi que ele deu três suspiros. Morreu naquele instante, na minha frente”, conta o sobrevivente.
“Língua enrolada”
Cercado por populares, Negri chorava a morte do primo, quando viu o motorista do Palio deixar o veículo e se aproximar deles. “Ele chegou perto do corpo do Fabiano e disse: ‘O que houve aí, magrão?’ Todos perceberam que ele andava cambaleando, tentando ficar de pé. Estava com a língua enrolada de tão bêbado”, afirma Negri, ressaltando que as pessoas que presenciaram a cena ficaram revoltadas.
O condutor da moto foi resgatado por uma ambulância e levado ao Hospital Fátima de Flores da Cunha, depois transferido para Caxias do Sul. Ele fraturou o cotovelo esquerdo e precisou ser submetido a uma cirurgia para a colocação de pinos de platina. Nesta semana ele iniciou as sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos do braço. Negri continua afastado do trabalho.
Revolta
Na quarta-feira, Dia de Finados, a família Lodeas viveu mais uma grande dor, a primeira visita ao túmulo de Fabiano após o acidente fatal. Segundo Negri, todos ainda estão muito abalados e ficaram revoltados quando receberam a notícia de que Puglia havia pagado a fiança e passaria a responder o processo em liberdade. “Esse é o Brasil. Infelizmente a nossa lei é assim. Porém, nós não vamos desistir e acionaremos ele judicialmente por uma série de outros fatores, mas, infelizmente, isso não trará o nosso Fabiano de volta. Essa é uma perda que sentiremos pelo resto da vida”, desabafa Negri.
0 Comentários