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Mágico reconta a história do galo sem cabeça

Catarinense Wilson Scheneider recontou trecho da história florense, embora algumas pessoas afirmem que fato nunca aconteceu

O mágico que faz parte da história de Flores da Cunha não retornou ao município, mas alunos da Escola Municipal São José puderam reviver aquele momento que, mais tarde, se tornou o símbolo do município. A apresentação do mágico Wilson Schneider ocorreu na tarde do dia 10, no Espaço Cultural São José. Entre um truque e outro, a hora mais esperada foi a do corte da cabeça do galo, fato presente na história florense.
São poucas as pessoas que não sabem contar por qual motivo o animal é um dos símbolos da cidade. Embora alguns afirmem que este fato nunca aconteceu, mesmo assim, o contam e recontam de geração em geração. E a cada conto os detalhes são diminuídos ou ampliados. Essa história é relatada em várias versões, mas sempre com o mesmo final – o mágico que enganou a população florense. Por muito tempo os moradores da então Nova Trento encaravam como ofensa e provocação os possíveis comentários sobre a história ou a simples imitação do canto do galo, partindo quase sempre para a briga.

Mas com o passar do tempo, a população se deu conta que a costumeira indignação não levava a nada e começou a transformar a ideia, adotando o galo como símbolo e o usando para servir de marketing cultural, turístico e econômico. Assim, a história chegou a lugares diferentes, inclusive até o catarinense Wilson Schneider. “Estive em um seminário em Blumenau (SC) e um empresário florense me contou a história do galo. Achei interessante reviver esse momento com os alunos e preparei o número”, conta o mágico.

Da plateia de alunos, professores e pais – um pouco diferente daquela de 75 anos atrás – surgiram, no Espaço Cultural, o padre e o delegado, como originalmente aconteceu em Nova Trento: um segurou o corpo e, o outro, a cabeça do animal. Usando uma guilhotina, o mágico ‘cortou-lhe’ a cabeça. A única diferença em relação ao século passado é que o mágico não fugiu. E o galo saiu do palco como chegou: com a cabeça no lugar.

Schneider se apresentou aos alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental do São José. Com seus mais de 30 anos de experiência ele se apresenta em escolas e eventos da região, sempre que convocado. Coincidência ou não, ele mora no Estado de onde, segundo a história, veio o mágico de araque. O interesse de Schneider pela mágica surgiu com o irmão mais velho. “Ele é um ótimo mágico. Aprendi muitas coisas e resolvi encarar”, conta. O número foi preparado especialmente para a apresentação no município, após ouvir algumas vezes a famosa história da Terra do Galo.

A história
Segundo trechos do livro Memória de um Neto de Imigrantes Italianos – Pioneiros de Nova Trento, de Claudino Antonio Boscatto, os caxienses contavam que um mágico teria chegado à Nova Trento e dizendo que apresentaria um espetáculo inédito, cujo momento principal consistia em cortar a cabeça de um galo e, em seguida, com métodos mágicos e um líquido milagroso muito especial, a colocaria novamente no devido lugar. A apresentação teria ocorrido no Cine Teatro Pró Trento e, embora a entrada tivesse alto custo, a casa estaria lotada. O mágico, então, colocou o galo sobre um cepo e com a ajuda do padre e do delegado da cidade, num golpe fatal, decepou-lhe a cabeça, deixando seus dois ajudantes imóveis, assim como a plateia.
O escritor relata que, naquele instante, o mágico teria feito vários rituais, gestos e sinais misteriosos, com a intenção, é claro, de impressionar o público. Pediu então licença às autoridades para se retirar do palco por alguns momentos para que pudesse pegar o líquido milagroso e, em seguida, dar sequência ao espetáculo. Foi quando o ‘trambiqueiro’ fugiu levando o dinheiro dos ingressos, pela porta dos fundos. Instantes depois os expectadores perceberam que tinham sido ludibriados. Conta-se que um senhor, para amenizar o desconforto da situação, teria se oferecido para levar para casa o galo e, com ele, faria um bom ‘brodo’.

Se a história é verdadeira ou não, ninguém sabe, mas é certo que ela ajudou na divulgação de Flores da Cunha.


Espaço Cultural São José ficou lotado de estudantes que prestaram atenção nos truques. - Camila Baggio
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