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Inadimplência está em alta neste ano no município

Ampliação foi de 3,4% no comparativo entre os 10 primeiros meses

A inadimplência em Flores da Cunha teve aumento de 3,4% de janeiro a outubro deste ano, em relação ao mesmo período de 2012, segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Em dinheiro, a soma das dívidas dos 2.163 Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs) chega a R$ 1,42 milhão. Um documento pode ter mais de um débito. A expectativa é de que ao menos parte deste valor seja paga com o 13º salário.

A inserção do benefício na economia, porém, ocorre em uma das épocas em que os consumidores mais comprometem a renda. Com o Dia das Mães, o Natal e compras de fim de ano são datas nas quais o comércio vende muito, mas também há mais dívidas. O resultado das compras dos últimos meses de 2013 devem aparecer no início de 2014, quando começam as inclusões no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC). “Frisamos para o nosso associado: não basta vender, tem de receber”, destaca o secretário-executivo da CDL de Flores da Cunha, Josué Valandro.

Segundo ele, além dos reflexos da macroeconomia e do crédito facilitado, a inadimplência no município se deve ainda ao fato de que muitos lojistas efetuam vendas sem consulta ao CPF, em função de vínculos de amizade com o cliente, uma característica de cidades pequenas. Não há levantamento formal, mas observa-se que a maior parte dos casos de dívidas acontece em lojas de vestuário. A CDL de Flores tem cerca de 370 associados.

Apesar de a quantidade de CPFs ser grande e de que poucos são de pessoas de outras cidades, os consumidores locais, na maioria, não perduram na inadimplência. Valandro constatou que dos inadimplentes incluídos em outubro de 2012, 70% quitaram os débitos até fevereiro de 2013. “Ou seja, o pessoal recebeu e, de cada 10, de seis a sete pagaram as dívidas”, pontua.

Neste período do ano, em que as promoções são atraentes e o recebimento do 13º gera a sensação de dinheiro extra, Valandro aconselha que os consumidores analisem todas as condições de pagamento. “Tu não pode comprometer mais do que 30% do que ganha. E tem de ficar atento. Há lojas que vendem em 10 vezes sem juros, mas é preciso verificar se há desconto se o pagamento for à vista”, recomenda. O executivo indica que a quitação de contas deve ser prioridade e, posteriormente, cabe análise sobre possíveis descontos em pagamentos únicos de impostos anuais, como o sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Como funciona
Apesar de o SPC permitir que o lojista inclua CPFs a partir de 15 dias após o vencimento da conta, a CDL de Flores da Cunha orienta que os lojistas esperem um mês. Valandro explica que assim que o lojista aciona o registro no Sistema uma carta é emitida de São Paulo para a residência do cliente, avisando sobre o débito e informando o nome da loja que promoveu a inclusão. Para este procedimento há o prazo de 12 dias (sendo 10 a contar da emissão), quando o CPF do consumidor fica oculto no sistema, ou seja, ele pode continuar comprando até o término do período e tem, na prática, 42 dias para quitar o débito.

Atualmente, existem três bancos de dados que apontam inadimplência: SPC, Serasa Experian e Boa Vista. Este último é menos usado, geralmente consultado por grandes redes. Em 2011, o SPC, que tem foco em pessoas físicas, e o Serasa, que é mais voltado ao registro de pessoas jurídicas, fez uma parceria em que a consulta em um possibilita ver dados do outro.

Após a comunicação do pagamento, o CPF do cliente deve ser retirado do SPC em, no máximo, três dias úteis; já no Serasa este prazo é de cinco dias. Uma das alternativas a qual muitos devedores recorrem é deixar a dívida ‘caducar’, termo usado para a extinção automática do registro no SPC após cinco anos. “Essa é uma briga nossa. A gente não acha certo, porque há pessoas que agem de má fé”, afirma Valandro. Ele explica que essa não é uma atitude frequente entre os florenses, que preferem pagamentos à vista ou em poucas parcelas. Ele ainda ressalta que o prazo para que a dívida seja eliminada começa na data de vencimento da conta e não da data de inclusão no sistema.

O prejuízo de às vezes não dizer ‘não’

O Posto do Élio é um dos mais tradicionais de Flores da Cunha. Passando de geração em geração, o estabelecimento tem 50 anos. Quase tão antigas quanto o local são as dívidas de alguns fregueses. Sobretudo pela proximidade entre clientes e proprietários, a soma das cobranças já atinge significantes milhares de reais.
No escritório, uma caixa de sapato guarda apenas uma parte dos registros de débitos. Cada um dos envelopes, já amarelados pelo tempo, corresponde a um devedor e guarda comprovantes de dívidas. Felipe Salvador, que administra o local com o pai, Élio Salvador, explica que uma caixa igual, cheia de cheques muito antigos que certamente não seriam recuperados, foi jogada fora. Além disso, uma gaveta guarda parte dos mais atuais.

Há cerca de dois anos um escritório de advocacia foi contratado para fazer as cobranças, justamente para evitar o contato direto com clientes. Desde então, segundo Felipe, foram recuperados cerca de R$ 50 mil, valor pequeno perto do montante a ser recuperado, que ele prefere não tornar público.

Além disso, a empresa ficou mais criteriosa. Raramente abrem contas. Cheques pré-datados e de terceiros também não são mais bem vistos, e clientes estão sendo incluídos no SPC. Agora, o esforço será para reparar o prejuízo de uma época em que a prioridade era evitar constrangimentos com a clientela. “O ‘não’ era uma palavra pouco usada, mas tem que ser usada às vezes”, afirma Élio.

Gaúcho deve gastar R$ 478 em presentes de Natal

O consumidor gaúcho deverá gastar, em média, R$ 478 nas compras de Natal, registrando aumento de 4% em relação ao ano passado. Os dados são resultado da pesquisa da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), que ouviu 385 pessoas de Caxias do Sul, Ijuí, Santa Maria, Pelotas e Porto Alegre.

Cada pessoa deverá adquirir 5,3 itens, seguindo a ordem de preferência: vestuário (65,4%), brinquedos (46,5%) e calçados (25,2%). Os homens projetam gastar em média R$ 477 e, as mulheres, R$ 479. Já entre as classes sociais a diferença é maior. A classe alta irá desembolsar cerca de R$ 705 e, a baixa, R$ 296. A classe média estima pagar R$ 423.

Entre os entrevistados, 61,3% recebem 13º salário. Destes, 41,9% citaram a compra de lembranças como destino do benefício. Além disso, o dinheiro deve ser direcionado ao pagamento de contas (48%) e para ampliação da poupança (43,6%).

Como quitar dívidas

- A CDL de Flores da Cunha não tem um setor de cobranças, por isso, o consumidor deve quitar o débito diretamente no estabelecimento comercial.

- A consulta de CPF pode ser realizada gratuitamente na sede da entidade. Apenas o titular, apresentando CPF e documento com foto, pode solicitar este tipo de informação.

- O atendimento ao público é das 8h30min às 12h e das 13h15min às 19h, de segunda à sexta-feira, e das 8h45min às 11h45min aos sábados.

- A CDL fica na Rua Frei Eugênio, 170, 3º andar.

- Informações no site www.www.cdlfloresdacunha.com.br e pelo telefone (54) 3292.2333.

Fonte: CDL Flores da Cunha.

As consequências da inadimplência

- Cada tipo de contrato tem uma lei especial que regula as consequências da mora e da inadimplência, além do que estiver disposto em contrato. Antes de cobrar judicialmente as empresas podem tomar algumas providências contra o devedor.

- As regras para suspensão dos serviços e posterior cancelamento de contrato estão fixadas em resoluções dos órgãos responsáveis por cada setor (SPC, Aneel, Anatel, etc.) ou por leis específicas para cada tipo de contrato. O desrespeito aos prazos e formas de suspensão ou rescisão dos contratos sujeita as empresas a multas e também pode caracterizar danos materiais ou morais que deverão ser ressarcidos aos consumidores. Mesmo inadimplente, há regras que as empresas precisam respeitar para cobrar o consumidor.

- Dever não é nenhum crime: a cobrança não pode ser feita por meios violentos, expondo o consumidor ao ridículo, nem ser feita no local de trabalho ou mediante recados ameaçadores deixado com colegas, parentes ou empregados.

Fonte: Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec).

Felipe Salvador com algumas das contas não pagas no posto administrado por ele e pelo pai. - Gesiele Lordes
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