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Foco na segurança motiva empresário a reconstruir boate

Empresário que atua em Flores optou por construir um novo espaço depois da tragédia de Santa Maria que vitimou 238 pessoas

O incêndio que vitimou 238 pessoas na boate Kiss em Santa Maria, na madrugada de 27 de janeiro, fez com que um empresário de Flores da Cunha revisse os conceitos de segurança de sua casa noturna. Numa atitude ousada, o proprietário da boate Susinight, Amauri de Almeida, resolveu demolir o espaço localizado no prolongamento da Avenida 25 de Julho. O prédio tinha mais de 30 anos e apresentava, segundo ele, danos na estrutura que poderiam causar algum acidente. A demolição do local começou no dia 1º de fevereiro e contemplará ainda os muros laterais e mais uma estrutura interna que hoje serve de alojamento. Uma nova casa noturna será erguida no mesmo local entre três e quatro meses.

De acordo com o proprietário, após a tragédia na Kiss, em Santa Maria, o Corpo de Bombeiros florense vistoriou o local e apontou algumas adequações a serem feitas, como sinalização de saída insuficiente, mais uma porta de saída (existiam duas) e forro do teto. Após a vistoria Amauri contratou uma equipe para se adequar às normas exigidas. “Num primeiro momento ia reformar, porque numa casa que estava fazendo sucesso seria loucura fazer o que fiz. Podia continuar trabalhando normalmente, mas ao retirar o forro percebi que existiam rachaduras e problemas nas vigas”, explica.

Um engenheiro contratado informou que, mesmo com a reforma geral, a estrutura não ficaria 100% segura. Foi quando Amauri optou por demolir o espaço. “Quando ele me disse que não seria totalmente seguro, eu logo pensei que não iria deixar a segurança das pessoas em uma obra que talvez não ficasse boa. Imediatamente pensei que a demolição era o mais correto a fazer”, frisa o empresário, que complementa: “É um prejuízo muito grande, mas a decisão foi em prol da segurança, pois não posso pensar apenas no lucro. Olha a tragédia que aconteceu em Santa Maria. Como dono de uma casa preciso me preocupar”.

A intenção do empresário é construir uma boate no mesmo espaço e dentro de todas as normas exigidas. O projeto ainda não está pronto e as obras devem iniciar nas próximas semanas. “Como estou investindo, quero que tudo esteja dentro das normas legais. Não vamos ter pressa para terminar e sim primar pela qualidade. Quero entrar numa casa segura, tranquila e sabendo que tudo está regularizado. Alguns dos funcionários farão cursos de primeiros socorros e usarei material antichama”, explica o proprietário.

O valor do investimento ainda não foi calculado, mas ele frisa que o importante é preservar a vida dos frequentadores. “O bom empresário precisa ter visão do que pode ferir pessoas e a nossa intenção é alegrá-las. É um prejuízo diante do que vinha faturando, mas perto do lucro de sabermos que não vamos tirar a vida de ninguém por um erro nosso, nos tornamos milionários. A nossa vida não tem preço”, enfatiza. Segundo o Corpo de Bombeiros de Flores da Cunha, a demolição da boate foi uma opção particular do proprietário.

As vistorias em Flores da Cunha

Conforme o Corpo de Bombeiros de Flores da Cunha, três casas em funcionamento na cidade estavam interditadas até o fechamento desta edição, na noite de quinta, dia 7, por não apresentarem todos os itens de segurança exigidos, como saídas de emergência, iluminação, forros, barras anti-pânico e sistemas elétricos. A situação dos locais (veja abaixo) aguarda por um novo laudo dos militares.

- Cabana: o local está interditado e necessita de adequação nas saídas de emergência e barras anti-pânico.
- Clube Cruzeiro: interditado por ter prazo de adequação vencido e necessitar de saídas de emergência e barras anti-pânico, entre outros itens.
- Malibu Disco Pub: interditado e necessita passar por adequações na sinalização, saídas de emergência e guarda-corpos, entre outros itens.
- Jardim Maderos: adequado às normas de legislação.

Fonte: Corpo de Bombeiros.


Amauri de Almeida teve atitude inédita, mesmo não sendo necessária. Previsão é de que novo empreendimento seja inaugurado em quatro meses. - Danúbia Otobelli
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