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Eles ajudam a divulgar o município

Na semana em que se comemora o aniversário de Flores da Cunha, conheça a história de alguns artesãos que ajudam a divulgar o nome da cidade

No mês de maio Flores da Cunha completa 87 anos de emancipação política. Para comemorar a data, o jornal O Florense homenageia todos munícipes contanto a história de pessoas como Diva Pivotto, Glória Galiotto, Helena Reginatto, Luis Ribeiro, Marlene Albrecht, Rita Mari Scalcon e Valdeci Menguzzo, que, por intermédio de sua arte, colaboram para que o nome da nossa cidade seja propagado por diversas partes do Brasil e do mundo.

A cidade em miniatura
Há cinco anos, o industriário Luis Ribeiro (foto em destaque) veio de São Paulo transferido pela empresa onde trabalha. Ao chegar a Flores da Cunha, apaixonou-se pela cidade e por suas belezas. Depois de alguns meses por aqui, decidiu fazer uso de um dom que descobriu ainda na infância, quando criou seu primeiro brinquedo (um carrinho feito com uma tramela de porta, carretel de linha e argila), para reproduzir alguns símbolos de Flores da Cunha.

Utilizando a técnica de modelação, aprimorada ao longo dos anos, Luis reproduziu o pórtico principal da cidade, localizado na entrada Sul, pois segundo ele, esse foi o primeiro ponto que chamou sua atenção ao chegar na cidade. A peça levou cerca de dois anos para ficar pronta. Na sequência vieram as miniaturas do Galo, da uva, do barril de vinho e do campanário, tudo fielmente reproduzido pelo olhar crítico e observador do artista.

Para obter o resultado desejado na criação de suas peças, Luis utiliza diversos tipos de materiais, como argila, massa plástica, madeira, gesso, resina odontológica, entre outros. “Parto do princípio de Lavoisier, químico francês que dizia que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, brinca ele. Depois de criar a primeira peça, Luis elabora uma espécie de molde ou forma de silicone e, a partir disso, reproduz diversas peças iguais, que são pintadas uma a uma.
Luis conta que escolheu os pontos turísticos de Flores pois considera que a cidade é repleta de belezas que devem ser eternizadas. “Esta é uma cidade turística, que recebe pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo. E quando um turista visita alguma cidade, o que ele mais quer é levar algo que represente esse lugar, que possa ser lembrado”, destaca. Determinado, Luis afirma que seu objetivo é reproduzir todos os pontos turísticos da cidade. Inclusive, ele conta que, à pedido, está confeccionando o Galito, a Vinícola Monte Reale, além de algumas peças que destacam os tradicionais tapetes de Corpus Christi. “Através da minha arte, do meu hobby, encontrei uma maneira de ajudar a propagar a região. Isso é uma grande satisfação”, conclui. Atualmente, as peças produzidas por Luis podem ser encontradas em algumas lojas da cidade.

De Nova Trento a Flores da Cunha - história

O município de Flores da Cunha nasceu a partir da chegada dos imigrantes italianos ao Rio Grande do Sul. Em 1876, chegaram os primeiros colonizadores, mas foi somente no ano seguinte que um grupo de 30 famílias, oriundas das regiões do Vêneto, Piemonte e Lombardia, se estabeleceu no município. A área destinada a colonização era coberta por extensos pinheirais e imensas matas, onde foram traçadas várias léguas e travessões, subdivididos em lotes rurais. Essas primeiras colônias foram demarcadas pelo engenheiro carioca Diogo dos Santos. Instalados na localidade, logo os colonizadores fundaram dois povoados: São Pedro, onde hoje situa-se a sede do município, e São José, localizado onde hoje está o bairro Colina de Flores. Entretanto, devido a falta de água e a questões políticas, os moradores do povoado de São José tiveram que se mudar para o de São Pedro. Com o fortalecimento do povoado, os moradores decidiram dar-lhe um nome que lembrasse a terra natal. Muitos nomes foram sugeridos. Um deles era Nova Trento, sugerido pelo colono Cisto Rosseto, uma espécie de líder comunitário. Nenhum nome foi escolhido, até que certo dia, sem que ninguém fosse consultado, apareceu pendurado no alto de um pinheiro uma tábua com o nome de Nova Trento escrito a carvão. E foi assim que o nome de Nova Trento foi mantido.

No ano de 1890, foi criado o município de Caxias do Sul. Nova Trento foi nomeado como 2º distrito da cidade. Isso permaneceu até maio de 1924, quando Nova Trento conseguiu sua autonomia política, tendo como segundo distrito Nova Pádua e terceiro Otávio Rocha. Seu primeiro intendente foi o capitão Joaquim Mascarello.
No ano de 1935, ocorreu a alteração do nome de Nova Trento para Flores da Cunha pelo então prefeito Heitor Curra. E seguindo o processo, em 1939, a Vila Flores da Cunha, foi elevada a categoria de cidade. E, em 1947, foi eleito o primeiro prefeito democrático, Pedro Rossi.

No ano de 1991, a cidade ganhou mais um distrito: Mato Perso. E, no ano seguinte, o distrito de Nova Pádua emancipou-se. Hoje, Flores da Cunha ostenta o título de maior produtor de vinhos do Brasil e tem sua econômia baseadas nos setores primário, secundário e terciário. Sua população é de 26 mil habitantes.

Na cozinha, lembranças do maior produtor de vinhos


A costureira Glória Galiotto trabalha com artesanato há cerca de sete anos, mas apenas há quatro confecciona miniaturas do Galo com imã para enfeitar a porta da geladeira, camisas com estampa da torre e pequenas flâmulas com o Galo. Glória conta que objetos simbolizando a Terra do Galo passaram a ganhar projeção maior devido a grande procura dos próprios turistas, que pediam lembranças de Flores. Mesmo sem muito tempo para o trabalho extra, a costureira consegue manter a clientela, juntamente com os demais membros da Associação dos Artesãos de Flores da Cunha.


Detalhes que encantam


 
A funcionária pública Rita Mari Scalcon é uma das pessoas que ajuda a divulgar o município de Flores da Cunha através do trabalho artístico que desenvolve nas horas vagas. Há pelo menos 18 anos ela pinta e faz crochê em panos de pratos. Com o passar do tempo, a técnica foi sendo aprimorada e ela se associou à Associação dos Artesãos, expondo o material produzido em feiras organizadas na cidade. “Nessas feiras, os turistas buscavam algo que lembrasse a cidade. A partir de então, comecei a utilizar os símbolos do município em meu trabalho”, conta.
Atualmente, quem visita a sede da Associação dos Artesãos (Avenida 25 de Julho, 1608, Centro) encontra diversos modelos de panos de prato confeccionados por Rita, todos exaltando os símbolos máximos do município, a uva e o galo. Dentre tantos, um chama a atenção pela delicadeza e riqueza de detalhes. A peça, em específico, possui cachos de uva feitos em crochê, motivo que ela afirma ser o seu preferido. “Me realizo pintando e fazendo crochê em formato de uva, talvez porque essa fruta nos representa, já que Flores é o maior produtor de vinho do Brasil”.
Para Rita, poder representar o município e levar o nome de sua terra à outras regiões do país, através dos turistas que compram os panos de prato feitos por ela, é motivo de orgulho. “Fico muito feliz quando sei que uma peça foi para outro estado. Há alguns meses, alguns visitantes da Itália levaram uma peça minha. Isso é muito significativo, pois faço as peças com muito amor, o mesmo amor que tenho por Flores da Cunha”, finaliza a artesã.


Lembrança da terra da uva e do vinho



Aposentada há três anos, a professora Helena Reginatto tem mais tempo para dedicar-se a uma antiga paixão: o artesanato. Ela conta que descobriu a técnica de pintura em seda há 20 anos, depois de realizar um curso com a artista plástica Lerinha Basso. A vontade de aprender faz com que ela participe de exposições que reúnem artesãos de diversas partes do mundo para uma troca de experiências e conhecimentos. A partir desses eventos, Helena foi tendo novas ideias e ampliando a técnica. Alguns anos depois começou a pintar porcelanas, utilizando diversos motivos, como flores, folhas, entre outros.

Assim como outros artistas da cidade, Helena também elegeu a uva como temática principal de seus trabalhos. A ideia surgiu há cinco anos, quando a artesã fez um quadro para presentear o filho que havia se formado em enologia. Muito mais do que uma pintura em tela, a peça continha um cacho de uva, feito com grãos de porcelana, colados um a um e pintados com as cores da fruta. Depois disso, Helena passou a fazer peças semelhantes para comercialização. “Para mim, pintar significa colorir caminhos. Sou apaixonada pelo que faço e fico muito feliz cada vez que alguém escolhe uma peça minha para levar para casa. É uma satisfação e um reconhecimento do meu trabalho”, afirma a artesã.


Na sala ou na cozinha, o símbolo maior da cidade



Residindo há 15 anos na Região da Serra e há cerca de sete em Flores da Cunha, a dona de casa Marlene Albrecht conta que apesar da experiência de mais de 20 anos de trabalho com artesanato levou algum tempo para perceber o que os turistas que visitavam Flores mais gostavam. Marlene conta que quando morou em Cachoeira do Sul sua especialidade era decorar cascas de ovos para a Páscoa, chegando a confeccionar até 1,8 mil peças num único evento. Depois que veio morar em Flores da Cunha, na localidade de São Vitor, no Travessão Rondelli, a dona de casa passou a confeccionar miniaturas de galos em madeira. Com auxílio do marido Bruno, que corta as peças de madeira, ela pinta o material com o símbolo de Flores da Cunha. Conforme Marlene, os turistas que visitam a cidade procuram levar objetos que simbolizam o local visitado por eles.


Nas telas, as imagens da cidade



Em 17 de maio de 1924, o distrito de Nova Trento – que em 1935 passou a se denominar Flores da Cunha – foi outorgado como um novo município do Rio Grande do Sul. Estava dada a emancipação política dos novatrentinos. E é justamente no mesmo dia em que o município festeja seu aniversário que nasceu o artista plástico Valdeci Meneguzzo. Aos 45 anos, ele homenageia Flores retratando em suas telas pontos turísticos e detalhes culturais da imigração italiana. Autodidata, começou a pintar telas em casa, nas horas vagas, mas foi somente em 2004 que buscou se aperfeiçoar fazendo um curso de pinturas em telas em Caxias do Sul. A partir dali não parou mais de pintar. "Sempre tive curiosidade, desde pequeno gostava de desenhar e pintar, só não comecei antes por falta de oportunidade", conta. No primeiro quadro pintou a paisagem de um rio e depois surgiram outros temas, entre eles os pontos turísticos do Município. O artista já pintou o galo junto com a Torre (este quadro foi doado ao Museu Municipal), a vinícola Luiz Argenta, os parreirais, as uvas e o retrato de uma casa antiga com pessoas esmagando uvas com os pés. Esse último foi um dos representativos de Flores durante a Expotchê 2010, realizada em Brasília e que teve como destaque o Município. Valdeci também participou da exposição 'Flores em Tela', que homenageou os 86 anos do município com retratos das paisagens e das características de Flores. "Isso foi uma oportunidade para mim, porque fazia tempo que queria retratar aspectos típicos de Flores", frisa o artista.
Atualmente, Valdeci está pintando uma tela também sobre a cultura italiana. No quadro estão sendo retratadas senhoras fazendo massa e cuidando do fogão. O artista pretende pintar outros pontos de Flores, como a Igreja Matriz e o Mirante Gelain.

O artista está com a mostra Os Donos da Terra, sobre indígenas, exposta no Museu Municipal, até o dia 10 de junho. Ele já participou de exposições no Sesc, na Receita Federal, na Revista Darts, Sicredi, entre outros locais.


Além da miniatura, a história do Galo



Natural de Marcelino Ramos, e residindo em Flores da Cunha há 23 anos, a costureira Diva Pivotto, trabalha com artesanato desde adolescente. De acordo com ela, quando morava no interior, nas horas de folga se ocupava fazendo crochê, tricô e a bordar toalhas. Quando passou a residir no Loteamento São Pedro, com mais tempo para o artesanato, começou a produzir outras peças e, há cerca de um ano, a costureira passou a produzir objetos que retratam a história e a cultura de Flores da Cunha, como miniaturas do Galo e símbolos da cidade. Atrás do Galo, por exemplo, é possível também encontrar a história do Galo. Diva já estuda inovar seu trabalho, buscando novos modelos de símbolos.


Luiz Ribeiro cria miniaturas dos pontos turísticos de Flores. - Mirian Spuldaro
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