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Diretor d'O Florense revela detalhes das decisões de fechar e retomar o jornal

Carlos R. Paviani fala sobre a retomada d'O Florense após quatro meses sem o jornal

Jornal O Florense: Por que O Florense fechou em dezembro do ano passado?
Carlos R. Paviani: Encerramos as atividades em dezembro do ano passado, por que estávamos há três anos trabalhando com prejuízo.
 
Quais as causas deste prejuízo?
São diversas causas, mas basicamente são problemas de gestão, tenho que reconhecer, fraco desempenho comercial, redução no valor e na quantidade de publicidade. Isto tudo implicou, de certa forma, em desmotivação da equipe, a começar por mim. Nos últimos anos, também pairou a dúvida de, por quanto tempo o jornal impresso ainda poderia sobreviver.

As redes sociais implicaram nesta desmotivação?
De um modo geral sim, pois é uma nova forma e por mais que nós estivéssemos utilizando, ainda não havíamos apreendido a monetizar este trabalho. E sem retorno financeiro, não há empresa ou esforço que permaneça. Hoje, o comércio comunica seus produtos e serviços pelas redes sociais, até mesmo os anúncios classificados que foram uma grande fonte de renda para os jornais, estão todos na internet. Em nível nacional e mundial, surgiu uma corrente de desvalorização da imprensa e do jornalismo. Isto tornou tudo mais difícil. O fato de ter sido quinzenal, em 2023, também contribuiu com a redução de receitas e perda de espaço no mercado publicitário.

O que aconteceu neste período de quatro meses sem O Florense?
Uma grande parte da comunidade sentiu a falta. É aquela velha história de que valorizamos ainda mais aquilo que nos falta.  

E qual foi o motivo que o fez retornar com O Florense?
Quando anunciamos em dezembro que iriamos encerrar as atividades, muitas pessoas se manifestaram dizendo que seria uma perda muito grande para Flores da Cunha. Mas teve uma, em particular, que me fez refletir. O Neco Argenta, ainda em dezembro, me disse: “se tua decisão é fechar, siga o teu plano. Mas vamos avaliar no ano que vem o que podemos fazer”. E assim foi. Decisão tomada, publicamos o que era para ser a última edição em dezembro. Em fevereiro, conversando com o Neco novamente, ele me disse que havia conversado com vários empresários e lideranças da comunidade e que se eu concordasse, eu deveria fazer um plano para voltar. Confesso que fiquei balançado, pois encerrar as atividades, depois de 37 anos, não era algo que eu queria. Ele insistiu e disse: “A comunidade não pode ficar sem jornal. É uma marca forte”, me desafiando a rever a decisão. 

E como foi este processo? 
Bom, comecei a conversar com algumas pessoas, perguntar sobre o que esperavam do jornal, busquei ouvir e, fazer um novo planejamento. Precisávamos voltar, mas com uma ‘pegada’ diferente. Elaborei um novo plano de trabalho. Foi necessário formar uma nova equipe, pois a maioria dos colaboradores que estavam conosco logo se recolocaram. Tivemos que buscar uma nova sede, pois a sala onde estava já havia sido locada para outro inquilino. Em paralelo, o Neco conversou com algumas empresas e entidades, que decidiram apoiar a iniciativa com contrato anual de publicidade. Daí pensei: nós já tínhamos um faturamento, mas precisávamos aumentar para ser rentável. Com alguns anunciantes fixos, temos condição de, paulatinamente, aumentar as receitas até atingir o ponto de equilíbrio e ter lucro, pois toda empresa precisa ser rentável.

O que mudou em O Florense, desde que voltou?
Montamos uma nova equipe e definimos por fazer um jornal mais informativo e com menos opinião. De um certo modo, em cidades pequenas, a crítica ou opinião contrária não é bem recebida. E traz até implicações financeiras, com o corte de publicidade. Por isso, decidi que não teríamos mais colunas opinativas, seja de religião, esportes ou política. De certo modo, me indispus até com amigos que eram colaboradores. Foi uma decisão que precisava ser tomada naquele momento.

E tem dado certo? Como está sendo este retorno?
Tem sido muito positivo. Muitos assinantes que haviam cancelado sua assinatura nos últimos anos estão voltando. E a publicidade também cresceu. Na nova sede, investimos na montagem de um estúdio de TV, com equipamentos para produzir conteúdo para o meio digital. Fizemos toda cobertura da campanha eleitoral, debates e entrevistas com candidatos no nosso próprio estúdio. Estamos mais presentes nas escolas, levando as edições de O Florense para alunos, estimulando a leitura com temas locais. Estou muito orgulhoso deste retorno. 

Alguém mais participou deste retorno? 
Além do Neco, que foi bastante determinado para apoiar o retorno, quero registrar aqui e agradecer a confiança em nosso trabalho do Julio Fante, que sempre nos apoiou, assim como do Gelson Castellan, do Gilberto Boscato e diretoria do Centro Empresarial e do Ricardo Pagno e diretoria do STR. Estas pessoas demonstraram sua liderança e visão comunitária. E agradeço também à equipe que hoje está em O Florense, compreensiva com as mudanças que foram feitas e empenhados em fazer jornalismo de qualidade e com credibilidade, nossa marca nestes 38 anos de atividades. 

E daqui para frente, como vai ser?
Queremos continuar a fazer boas edições impressas, com conteúdo exclusivo, que também vai estar disponível no site para as assinaturas digitais. Nosso site está sendo atualizado. Vamos lançar, ainda neste ano, novos produtos para o meio digital. Queremos que O Florense seja reconhecido não apenas como um jornal, mas como uma empresa de comunicação multimídia. Queremos ser o reflexo da cultura, do desenvolvimento socioeconômico, da qualidade de vida e do alto poder aquisitivo de nossas comunidades. 
 

 - Antonio Galvão
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